Dica rápida: ao final da proposta, a seção Links para Pesquisa conta com vários artigos e reportagens mais detalhadas que possuam relação com a publicação. Ótima forma de se aprofundarem sobre o assunto debatido.
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As cidades continuam crescendo a medida que novos habitantes vão surgindo. Moradias e empregos são fundamentais para que uma sociedade possa crescer com mais equilíbrio. Com a falta de espaço nos grandes centros, muitas vezes imóveis antigos acabam sendo demolidos e dando lugar a novos prédios muito mais modernos.
Felizmente muitos povos tem aprendido a preservarem parte do seu passado ao manterem edifícios considerados históricos e que tenham sidos significativos para seus pais e avós. Racionalmente falando, imóveis são "apenas" grandes pilhas de tijolos, cimento e argamassa feitos para nos proteger do sol e da chuva; porem o seu significado emocional faz com que cada edifício seja único e ajude a nos contar parte de uma história que insiste em não ser esquecida.
Em muitas cidades da Europa ainda é comum encontrarmos centenas de edifícios construídos séculos atras e que ainda são mantidos revitalizados, servindo de atração para turistas todos os anos.
No Brasil também podemos encontrar grandes construções datadas ainda dos tempos do império em excelente estado de conservação. Verdadeiras histórias vivas feitas em pedra e concreto. Centro Histórico de Olinda, Praça São Francisco em São Cristóvão, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - SP, entre tantos outros.
Infelizmente também temos casos daqueles que por inúmeros motivos acabaram se deteriorando ou mesmo sendo destruídos por incêndios como é o caso do Museu da Língua Portuguesa e museu do Ipiranga em São Paulo.
Bolonha, Itália Via: Qual Viagem |
Heidelberg, Alemanha Via: Qual Viagem |
Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) - BA Via: Quero Bolsa |
Edifício Matarazzo (Banespinha) - SP Via: FL |
Utilização do patrimônio histórico
Contudo sabemos que a restauração de um imóvel histórico depende de vários fatores como altos investimentos financeiros, atração de investidores, interesse do poder público e pesquisa detalhada sobre o imóvel em questão. Isso tudo acaba incentivando que diversos prédios considerados antigos acabem sendo demolidos e seus terrenos utilizados para a construção de novos imóveis.
Uma vez restaurados, alem do turismo, muitos destes patrimônios tem sido utilizados pela iniciativa privada para novos negócios (principalmente em grandes centros), aliando a demanda por produtos e serviços com a originalidade de um antigo imóvel adaptado com dispositivos de segurança e acessibilidade mais modernos.
Em uma publicação do UOL em 2015 são mostrados vários edifícios antigos brasileiros e três deles são de Ribeirão Preto. Porem não estamos nada bem nesta lista, tendo em vista que apenas o portal e casa dos empregados da antiga Cerâmica São Luiz se encontram restaurados e os demais (antiga Cianê e cervejaria Antárctica) estão em situação completa de abandono e aguardando novas oportunidades ou destinação adequada.
Prédio do Mappin em São Paulo, atualmente utilizado por uma unidade das Casas Bahia. Via: UOL Economia |
Prédio da Light em São Paulo, atualmente Shopping Center Light. Via: UOL Economia |
Antigo prédio da fábrica Cianê nos Campos Elíseos. Atualmente sem uso e abandonado. Via: UOL Economia |
Nota do RT: em 2016 foi publicada uma proposta no blog sugerindo um novo terminal rodoviário na região da antiga fábrica da Cianê. Alem disso, um grupo empresarial havia anunciado em 2015 a construção de um shopping no terreno da antiga cervejaria. Porem a mesma empresa acabou desistindo do empreendimento em 2019.
Patrimônio histórico em Ribeirão Preto
A história ribeirãopretana é bastante rica e isso reflete diretamente na antiga arquitetura do denominado Quadrilátero Central. Teatro Pedro II, Centro Cultural Palace e Praça XV são os mais conhecido e foram construídos numa época onde o café era o produto mais valioso do interior do estado de São Paulo.
Outras construções importantes como o edifício Diederichsen, catedral metropolitana e mercadão municipal também ajudam a formar um cenário que define como era Ribeirão Preto do passado.
Infelizmente ainda temos muitos edifícios importantes aguardando sua restauração. Prédios como o palacete Camilo de Matos, Hotel Brasil e palacete Albino de Camargo sequer possuem projetos de restauração e aos poucos vão se deteriorando ao ponto de no médio prazo serem impossíveis de serem restaurados.
Talvez o destino mais "cruel" que um imóvel deste possa ter é ser completamente demolido e transformado em mais um estacionamento na região central, fazendo com que uma região sem maiores atrativos fique ainda mais depreciativa para pedestres e consumidores.
Mas nem tudo está perdido. Imóveis como o antigo palacete Jorge Lobato, casa da memória italiana e biblioteca Sinhá Junqueira (anteriormente Altino Arantes) passaram por um complexo processo de restauração e hoje atentem aos moradores de Ribeirão Preto e região.
Quarteirão paulista, Centro de Ribeirão Preto Via: Aerok Drones (Youtube) |
Edifício Diederichsen Via: Google Street View |
Casa da Memória Italiana Via: site oficial Casa da Memória Italiana |
Biblioteca Sinhá Junqueira Via: Revide |
Todos estes fatos se concentram na região central, mas nem por isso que seus arredores tenham imóveis históricos. E quando falamos de ferrovias, esta história fica ainda mais interessante.
Estações e ferrovias de Ribeirão
Em 1883 com a chegada da companhia Mogiana, Ribeirão viveu um período econômico bastante prospero e por muitos anos titulada como "A Capital do Café". A grande malha ferroviária e as várias estacões distribuídas no município indicavam que o modal trem seria o futuro por muitos anos ao transportar o chamado "ouro verde". Infelizmente a história nos mostra que isso não aconteceu de fato.
Locais onde onde encontram-se a câmara municipal de vereadores e parque Maurílio Biagi, já tiveram um dos maiores depósitos de locomotivas do interior do estado, incluindo uma rotunda; tudo isso em 1927. Hoje pouquíssimas estacões ainda resistem ao tempo e praticamente não vem sendo utilizadas para função alguma. Todas as demais (Bonfim, Santa Teresa, Guimarães, entre outras) foram completamente destruídas.
Antiga estação Ribeirão e rotunda. Via: Estações Ferroviárias do Brasil |
Estação Silveira do Val Via: Estações Ferroviárias do Brasil |
As estações Barracão, Silveira do Val, Evangelina e Joaquim Firmino são as únicas que ainda existem, sendo a Barracão a única dentro da área urbana.
Sobre locomotivas, atualmente a cidade possui duas remanescentes: a 420 da Mogiana e U.S. Amália. Destes veículos, a Amália foi enviada para Campinas em 2019 onde passará por um processo de restauração para assim ser mantida de forma estática no interior do parque Maurílio Biagi. Já a 420 quase teve um destino parecido em 2017 quando seria transportada para Salto, porem na última hora a justiça acabou impedindo a saída da locomotiva ao lado da estação ferroviária no Jardim Independência.
Nota do RT: Ribeirão Preto nunca foi grata as ferrovias. As mesmas que ajudaram a trazer desenvolvimento e sonhos de imigrantes em terem uma vida melhor, hoje agonizam enquanto aguardam debates demagogos de políticos e "especialistas" e sem profundidade sobre o que fazer com este "monte de velharias". Criam dificuldades e empecilhos desnecessários ignorando todo o valor histórico destas estruturas, enquanto a população precisa suportar imóveis deteriorados que acabam servindo de abrigo para moradores de rua e bandidos.
Apesar dos antigos trilhos já não serem mais usados para o transporte de passageiros ou de carga, pelo menos nossas antigas estações e locomotivas deveriam ser restauradas para que sirvam de guias as futuras gerações e assim possam entender como o transporte ferroviário foi importante para Ribeirão Preto. Ignorar as ferrovias, é ignorar o nosso próprio passado.
Estação Barracão
Considerada uma das mais importantes para Ribeirão (atras apenas da já extinta estação Ribeirão Preto) a estação Barracão foi fundamental para o surgimento dos bairros Ipiranga e Campos Elíseos (antes chamados de Barracão de Cima e Barracão de Baixo, vindo dai o nome que originou a estação) por conta do grande número de imigrantes que ali chegavam.
Localizada na junção das avenidas Dom Pedro I e Capitão Salomão, a estação Barracão foi construída em 1900 (data aproximada) e desativada oficialmente em 2011. Por estar bastante próxima da linha-tronco principal, acabou servindo como ramal principal até Sertãozinho. Em algumas situações, as manobras de composições cargueiras acabam fechando temporariamente o tráfego da avenida Dom Pedro I, o que causavam certa curiosidade e alguns transtornos aos motoristas na época.
Estação Barracão Via: Estações Ferroviárias do Brasil |
Estação Barracão Via: ACidade ON Ribeirão |
Por muitos anos tem sido discutido o destino para a antiga estação. Umas das hipóteses mais citadas seria transformar o local em um museu ferroviário, aliado a uma restauração completa do prédio. Algo bastante justo considerando a importância histórica do Barracão.
Porem na proposta desta semana, gostaria de sugerir mais um uso para esta estação. Algo que ajudaria a manter parte da história ribeirãopretana viva e que traria melhor qualidade de vida aos moradores da região.
Ideia utópica de hoje
O título da publicação diz tudo: restaurar a antiga estação ferroviária e adapta-la para dois usos: uma base de apoio da GCM - Guarda Civil Metropolitana - e um pequeno museu da ferrovia focado na história do Barracão.
- As texturas usadas são apenas para ilustração, portanto não significam que devam ser utilizadas em uma restauração realista. O mesmo se aplica ao tamanho do prédio e seus detalhes pormenores. O projeto é apenas visual e com medidas aproximadas para melhor ilustrar a proposta e discussão sobre o assunto;
- Restauração e adaptação são dois projetos diferentes. Assim como foi feito com a biblioteca Sinhá Junqueira, o prédio deve manter seus aspectos originais desde que sua infraestrutura predial seja moderna e atualizada (sistemas de energia, água, proteção contra incêndio, internet, entre outros).
Agentes da GCM em patrulhamento Via: G1.com |
Placa identificando a existência de uma base de apoio da GCM |
Acesso facilitado as principais vias arteriais da zona norte |
Edifício passaria por restauração e nova identificação da GCM sem perder suas características principais |
Acesso direto para a Via Norte (sentido Centro) e Capitão Salomão |
Área de convivência no antigo pátio de manobras de cargas e locomotivas |
Estacionamento para acesso a base e museu ferroviário |
Espaço para serviços como lanchonete e sanitários |
Centro de convivência ao lado da antiga estação |
Nova fachada revitalizada com identificação da estação Barracão e base da GCM |
Conclusão
Links para pesquisa
Brasil tem 14 Patrimônios Históricos e Culturais da Humanidade
Veja o antes e o depois de prédios famosos
13 patrimônios históricos que sediam universidades no Brasil
Estações ferroviárias do Brasil - Barracão
Prédios históricos e culturais caem no esquecimento por falta de investimentos
Conheça 10 prédios históricos de São Paulo
Quarteirão Paulista - história (em PDF)
História ferroviária de Ribeirão Preto (SP) está 'esquecida'
Estações Ferroviárias do Brasil - Ribeirão Preto - Mogiana
Audiência Técnica - Sobre Trilhos (em PDF)
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