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Viadutos e junção de avenidas - Rotatória da Vila Virgínia

Planejamento é fundamental. Quem acompanha o blog a algum tempo sabe que costumo repetir esta frase de maneira bastante insistente, justamente para que erros e problemas possam ser evitados no futuro. Quando falamos de planejamento de cidades, o bom administrador público precisa ter os olhos focados cinco, dez ou até vinte anos a frente do presente.

Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro atingiram um estágio onde grandes obras viárias tornam-se grandes desafios por um grave motivo: não existe mais espaço para construções dentro do perímetro urbano. Os motivos vão deste a conurbação da região (caso de São Paulo) ou cercado por serras e montanhas (caso do Rio de Janeiro).

Limites da cidade de São Paulo - SP
Foto via: Google Maps
Saiba mais: Regiões metropolitanas do Brasil

Conforme vamos nos afastando das capitais, a tendência de conurbação entre as cidades vai diminuindo, mesmo entre as pertencentes de regiões metropolitanas, como é o caso de Ribeirão Preto. Isso nos trás uma grande vantagem futura pois com as cidades ainda distantes uma das outras, é possível planejarmos obras viárias importantes de mobilidade urbana, evitando no futuro um colapso no sistema de transporte das cidades.

Atualmente as cidades de Cravinhos, Serrana e Sertãozinho são as mais próximas de nós, todas com menos de 25 km de distancia, tendo como ponto de partida a Praça XV no Centro de Ribeirão. Por isso daqui em diante, muitas obras viárias realizadas em nossa cidade precisarão ser pensadas também nas 34 cidades ao nosso redor.

Região Metropolitana de Ribeirão Preto
Foto via: ACidade ON
Saiba mais: Ribeirão Preto - Relação de cidades a até 100 km

Acessos para Ribeirão Preto

A cidade de Ribeirão possui um anel viário formado pelas rodovias Anhanguera, Antônio Machado Santana, Antônio Duarte Nogueira e Alexandre Balbo. Sobre as rodovias que terminam no anel viário temos as rodovias Cândido Portinari (acesso para Brodowski, Batatais e Franca),  Abraão Assed (acesso para Serrana) e Carlos Tonani (acesso para Sertãozinho e Barrinha).

Normalmente estas rodovias que finalizam em Ribeirão logo dão continuação em avenidas como Castelo Branco, Costa e Silva, Presidente Vargas e Bandeirantes. Esta última será o foco da nossa proposta.

Um dos melhores exemplos de interligação entre rodovias e avenida de entrada está no complexo viário Waldo Adalberto da Silveira (mais conhecido como "Trevão de Ribeirão Preto"). O Trevão interliga as rodovias Anhanguera, Abraão Assed, Antônio Machado Sant'ana e a revitalizada avenida Castelo Branco, zona leste da cidade. A obra ainda impressiona e costuma deixar um pouco confusos os motoristas novatos que precisem acessa-la.

Trevo Waldo Adalberto da Silveira (Trevão de Ribeirão Preto)
Via: Arteris - Youtube
Mas não são todas as entradas da cidade que possuem uma estrutura como esta. Para quem estiver chegando em Ribeirão pela zona oste, o motorista encontrará ao final da avenida Bandeirantes uma rotatória bastante obsoleta e um trânsito pesado e confuso.

Rotatória da zona oeste - Vila Virgínia

Esta rotatória é um dos principais acessos para o bairro Vila Virgínia e interliga com as avenidas Elpídio Gomes, Primeiro de Maio e ruas João Guião e Guatapará. Este acesso tem uma característica diferente dos demais, pois é o único que fica próximo a região do Centro, mesmo possuindo comércios e industrias ao longo das vias marginais.

Visão geral - rotatória
Foto via: Google Maps
Visão dos motoristas que chegam a Ribeirão pela Avenida Bandeirantes
Foto via: Google Street View
Rua Felipe Camarão em direção a avenida Bandeirantes
Foto via: Google Street View
De qualquer forma, o motorista que vier do anel viário pela Bandeirantes, entrará de fato em Ribeirão apenas nesta rotatória. Assim motoristas da rodovia e moradores acabam compartilhando a mesma estrutura, que apresenta os seguintes problemas:


1) Transito local: o motorista que vier da Bandeirantes encontrará um transito intenso de motoristas que descem a Elpídio Gomes e Felipe Camarão;

2) Cruzamentos perigosos: o encontro da SP 333-69 (nome dado a via que circunda a rotatória) com a Bandeirantes e Primeiro de Maio são os pontos mais críticos, onde é "comum" encontrarmos motoristas que ultrapassam o semáforo vermelho em alta velocidade;

3) Mendigos e pedintes: como o cruzamento da rotatória com a Bandeirantes possui um semáforo, a presença de moradores de ruas e pessoas que pedem dinheiro é constante, o que traz sensação de insegurança aos motoristas que precisam aguardar sua vez de atravessarem a via;

4) Vias marginais deterioradas: a marginal sul da Bandeirantes alem de ser mão dupla, está com seu pavimento asfáltico completamente deteriorado, o que pode provocar danos sérios aos veículos e risco iminente de acidentes;

5) Vias subutilizadas: tanto os antigos acessos da Bandeirantes (lado Vila Tibério) e avenida Patriarca, são pouco usados pelos motoristas. No primeiro caso, é mais cômodo utilizarem a Felipe Camarão para deixarem a cidade e no segundo caso, a avenida possui pouco mais de 300 metros de duplicação, se tornando pista única e terminando em uma favela (mesmo problema encontrado na avenida Rio Pardo, conforme proposta de fevereiro), voltando a ser duplicada apenas ao final do bairro Jardim Piratininga;

6) Vias inadequadas: as ruas Guatapará e Felipe Camarão são importantes para os motoristas que precisem acessar a avenida Caramurú e rua José Bonifácio. No entanto estas vias possuem pavimento desgastado e nenhuma sinalização de solo ou placas de orientação;

7) Passarela inadequada: a passagem em nível sobre a Bandeirantes não possui acessibilidade para cadeirantes, idosos ou demais pessoas com mobilidade reduzida.

Ribeirão Preto ainda é uma cidade com inúmeras possibilidades de transformar radicalmente seu sistema viário, pois ao contrário de cidades maiores, nós ainda temos espaço para tal. No entanto, tais avanços precisam ser cobrados de nossas autoridades como vereadores e prefeito municipal. Nada de discursos populistas inflamados e cheios de razão; precisamos de pulso firme, profissionalismo e principalmente, datas para que tais projetos sejam de fato concluídos.


Ideia utópica de hoje

Agradeço aos amigos do fórum Skyscrapercity que puderam ajudar nas ideias para esta proposta. Trata-se de uma maquete volumétrica apontando algumas possíveis soluções de melhorias para a região. Entre as duas principais estão:

1) Construção de dois viadutos que liguem a avenida Bandeirantes até as ruas Felipe Camarão e Guatapará;

2) Junção das avenidas Elpídio Gomes com Patriarca.

Todo o projeto foi feito por base de observação no site Google Maps e observações pessoais ao local. As medidas das obras de artes (viadutos) e vias criadas podem variar para mais ou para menos. Clique nas imagens para ampliar.









1) Viadutos

A ideia dos viadutos é evitar que o tráfego da rodovia acesse diretamente a cidade. Com sinalização de advertência adequada e adaptação das ruas Felipe Camarão e Guatapará, será possível receber este transito, transformando-as em verdadeiras vias arteriais.

Alem disso, caso a readequação viária da avenida Caramuru (que já foi apresentada em proposta em 2016) seja devidamente aplicada, os problemas de trânsito nesta região seriam reduzidos significativamente. 

Seriam dois viadutos com duas faixas de rolamento cada um, que traria agilidade aos motoristas que precisem sair ou entrar na cidade, deixando assim parte da rotatória apenas para tráfego local.

2) Junção de avenidas

No começo foi cogitada a ideia dos viadutos ligarem a Bandeirantes com Elpídio Gomes, mas acredito que o foco do tráfego nesta avenida seja em sua maioria a Vila Virgínia. Por isso foi pensada na ideia de unir as avenidas, 


Setas amarelas: indicam o sentido das avenidas Elpídio e Patriarca.
Setas vermelhas: indicam conversões da avenida sentido Vila Virgínia.
Setas azuis: indicam acesso para a Bandeirantes aos veículos originários da Primeiro de Maio.

Vantagens:

  1. Incentivo para a continuidade de duplicação da avenida Patriarca, assim criando um novo corredor viário muito importante para os moradores da Vila Virgínia e Jardim Piratininga;
  2. Estímulo ao comércio: com a junção das avenidas, a avenida Patriarca poderia se tornar um novo ponto comercial, agora ligado ao centro de forma rápida e descomplicada;
  3. Possível criação de um terminal metropolitano: no espaço entre os viadutos podem ser feitos estudos para a implantação de uma estação de ônibus metropolitanos, o que ajudaria a desafogar a rodoviária. O sistema poderia ser parecido com o já utilizado em Campinas, o ORCA – Operador Regional de Coletivo Autônomo. O sistema utiliza micro-ônibus em linhas alimentadoras gratuitas do terminal metropolitano até a rodoviária.
  4. Melhorias em ruas e avenidas: as ruas Guatapará, Felipe Camarão e avenida Elpídio Gomes passariam a ser adaptadas como vias arteriais, tendo seu pavimento refeito e sinalização apropriada, trazendo comodidade a motoristas que utilizem estas vias;
  5. Revitalização da Bandeirantes (com início na Elpídio Gomes): o trecho atualmente recebe apenas tráfego local e pode ser adaptado para receber motoristas que descem a Elpídio Gomes (vindos da Avenida do Café) e queiram acessar a avenida Bandeirantes.
  6. Remoção da passarela: pode parecer uma desvantagem, mas com o tráfego seguindo por vias elevadas, seria possivel elaborar um projeto de calçadas adaptadas que ligariam os moradores da Vila Tibério à Vila Virgínia.

Desvantagens:
  1. Custos elevados: a obra pode atingir um valor alto para ser arcada apenas pela prefeitura. Por isso a Vianorte (uma das concessionárias do grupo Arteris) poderia atuar como parceira nesta obra, uma vez que ela tenha concessão sobre este trecho da avenida Bandeirantes;
  2. Remoção de fios de alta tenção: por conta de ser uma obra em nível, a fiação que passa próximo a câmara de vereadores e segue pelo canteiro central da avenida Patriarca precisaria ser revista. Sistema subterrâneo ou desvio para outra região são ideias que precisam ser discutidas;
  3. Risco de deterioração do entorno: a região onde seriam construídos os viadutos deve ser ocupada por algum aparelho público para que não se torne abrigo para moradores de rua ou ambiente com risco de assalto para pedestres da região;
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Espero que tenha conseguido passar o suficiente sobre esta proposta. Ao longo da semana ela deverá ser atualizada com fotos do projeto em maiores detalhes. Pode ser a melhor solução do problema? Não, outras melhores podem surgir. Por isso o debate é fundamental, pois apenas com ele conseguiremos uma Ribeirão adequada e boa para todos.

Obrigado e até a próxima postagem!

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