Atualização: 10/03/2024
Existe um grande abismo separando o setor privado do setor público. Enquanto o primeiro é apontado como solução para diversos problemas e forte gerador de renda, o segundo é visto como algo moroso e ultrapassado, gerando apenas gastos desnecessários e com poucos resultados práticos.
Não é de hoje que o setor público, ou mesmo a política como um todo, é tratado de forma desrespeitosa pelos seus participantes. O que era uma coisa que deveria ser tratada para ajudar todos, acaba sendo apenas uma fonte para satisfazer interesses pessoais de uma minoria privilegiada. Isso não é exclusividade do Brasil, uma vez que muitos países também sofrem de mal parecido, porem o principal ponto é a diferença e forma que o problema é tratado e resolvido.
Este mal é a falta de vontade política.
Imagem via: Politize! |
Esta falta de vontade política anda de mãos dadas com outros "amigos" também bastante conhecidos de nós brasileiros como a corrupção e o populismo. E seus estragos para com a sociedade são bastante danosos e cruéis.
O populismo é o "canto da sereia" que muitos políticos utilizam para enganar seus eleitores. Promessas sem sentido e com possibilidade zero de serem concretizadas são ditas de forma harmoniosa através de folhetos, propagandas na TV e jingles que grudam em nossas cabeças no período eleitoral. Se este efeito encantador pode acontecer em pessoas mais esclarecidas e atentas com os acontecimentos políticos do país, imagina o que pode fazer com aqueles que sequer possuem acesso a informação? Pessoas estas bem menos favorecidas e que a maior preocupação do dia é saber se terão como comprar o almoço do dia seguinte.
Já a corrupção é algo que podemos presenciar desde as coisas mais simples do dia-a-dia, até em contratos, acordos e repasses milionários que envolvam o governo e empresas "amigas do governo". Alguns cidadãos até associam a corrupção como algo que "faz parte da cultura brasileira", o que está longe de ser realidade. Quando operações como a Lava Jato atingem grandes nomes da política nacional, começamos a ver o quanto a corrupção é um verdadeiro câncer em nossas vidas e que deve ser exterminado de maneira direta e imparcial.
Uma vez que este político consiga se eleger, ele fará parte do jogo político. Talvez verá coisas que sequer imaginaria que seriam possíveis. Os que possuem estômago fraco para falcatruas e negociatas acabam se afastando e até mesmo renunciando ao cargo (o que é algo bastante raro), mas a maioria acaba digerindo tudo isso muito bem e não veem nenhum problema em participar de tais esquemas fraudulentos e duvidosos.
Acordos e conchavos Foto via: Jornalesp |
Agora o político eleito (seja vereador, deputado ou senador) não será uma peça única, mas fará parte de uma mesma máquina chamada partido político. É nela onde todos as decisões serão elaboradas e decididas. Ser do contra não é uma opção: ou você concorda com a maioria ou será excluído de todas as decisões.
Sabe aquele vereador que prometia "resolver todos os problemas", que divulgava isso aos quatro ventos e tão logo foi eleito ele simplesmente silenciou-se? Pode ter certeza que o partido a qual ele entrou tem alguma relação com isso. Agora ele não irá se mover conforme as solicitações de seus eleitores; ele se moverá de acordo com o que o partido irá dizer e ordenar.
E isso envolve muita vontade política.
A falta de vontade política pode travar economias inteiras (a economia deveria seguir sem intromissões do estado) e prejudicar milhares de pessoas. Decisões que não são tomadas se todos os envolvidos não tiverem os mesmos interesses. Temos um exemplo bastante próximo a nós: a internacionalização do aeroporto Leite Lopes.
Todos sabem os inúmeros benefícios que esta internacionalização irá gerar. Então por que as tais obras tão importantes sequer começaram?Aeroporto Leite Lopes Foto via: Enjoy Trip |
Falta de verbas? Não. A última coisa que faltaria ao governo federal seria dinheiro. Os recordes na arrecadação de impostos nos mostram isso.
Falta de espaço físico? Não. Os projetos para as desapropriações e readequações na pista de pouso e decolagem já existem e mostram que espaço não seria o problema. Construir o aeroporto em outro lugar talvez seja um questionamento válido.
Falta de demanda? Impossível. Uma vez que o aeroporto internacional para cargas estivesse operando, o número de empresas na cidade aumentaria significativamente. Setores logísticos veriam uma nova oportunidade de negócio e as novas operações ajudariam a desafogar aeroportos como de Congonhas e Viracopos.
Os benefícios são muitos, e mesmo assim nosso aeroporto continua na mesma situação. Então qual seria o problema?
Falta de vontade política.
Partidos diferentes possuem interesses diferentes e isso pode atrasar qualquer coisa que seja de interesse da população. Caso partidos diferentes concordem com algo em comum, com certeza alguns destes interesses se encontraram. E com certeza algum grupo sairá prejudicado nisso. Acho que sabemos bem que é que vamos ser prejudicados com estes tipos de acordo não é?
Autarquias e secretarias
A falta de vontade política não fica restrita apenas entre políticos de mesmo cargo. Ela pode se estender para setores mais próximos a nós, como secretarias e autarquias municipais e estaduais. E isso pode fazer o estrago das interferências ser ainda maior.
Quando um determinado departamento público só consegue exercer suas atividades por meio de "mandos e desmandos" de algum político eleito, todo o funcionamento da máquina pública será comprometido. Os interesses dos munícipes é deixado de lado e apenas a troca de favores acaba prevalecendo.
E isso pode ser ilustrado nas coisas mais simples e rotineiras como por exemplo, no recapeamento de uma rua. O departamento de obras ou infraestrutura de uma cidade possui uma lista das vias que necessitam de reparos, enumeradas por ordem de urgência. No entanto, um vereador com intuito de agradar eleitores específicos, pode acabar exercendo influência sobre o departamento, e assim uma rua que receberia reparos daqui a quatro meses, por puro "encanto" seria atendida na semana seguinte. Quase sempre este tipo de ação ocorre nos meses próximos as eleições.
Os eleitores ficariam felizes, o vereador teria seus futuros votos garantidos e o departamento em questão seria visto como "bem feitor e eficiente". Neste jogo de interesses, aqueles moradores que aguardavam sua vez, foram simplesmente passados para trás. Afinal, "quem mandou não ter um apadrinhado né?".
Observação: felizmente isso não é regra geral entre as autarquias e secretarias. Ainda existem muitos gestores que honram suas funções e evitam que tais interferências aconteçam. Mas vale lembrar que tentativas de resistência a estas interferências podem terminar até mesmo em exonerações, por mais competente que o gestor responsável seja.
Papel do eleitor
O sistema político está longe de ser perfeito. Por este motivo muitas pessoas preferem se afastar de todos estes fatos e segundo suas vidas. Muitos sequer se lembram em quem votaram nas últimas eleições ou pior, anularam seus votos (o que acreditam eles que ao anular o voto, ficam isentos de qualquer responsabilidade). Nossos políticos não vieram de Marte, pois se hoje eles ocupam algum cargo público significa que alguém ajudou a eleger estes mesmos políticos.
Não sugiro que o leitor e seguidor deste blog respire política 24 horas por dia, mas que pelo menos tenham conhecimento dos principais fatos, seja na esfera federal, estadual e municipal. Tente acompanhar os temas que podem influenciar em sua rotina pessoal ou profissional.
Políticos adoram pessoas desinformadas, pois são campos férteis para semear ideias populistas que num futuro a médio prazo se transformarão em negociatas a fim de prejudicar a todos. E o pior: com o aval do próprio eleitor, afinal foi ele quem colocou tal político no cargo em questão.
Este é apenas o início da jornada Via: Época Negócios |
Mas então se eu coloquei um político corrupto no poder, eu não posso fiscaliza-lo ou cobra-lo?
Não só pode como DEVE. O trabalho do eleitor não termina no voto; este é apenas o começo de tudo.
Exemplo: Um empresário precisa realizar um processo seletivo para a contratação de um novo funcionário para determinado cargo. Ele irá avaliar todos os candidatos a vaga, seja pelos seus currículos, quanto pela entrevista em si. Serão analisadas as qualidades e defeitos de cada um, para ao final ser realizada a escolha correta.
Uma vez contratado, o funcionário executará sua função e sempre será analisado pelo seu empregador, a título de verificar se ele realmente é apto para o trabalho. Esta "cobrança" pode até diminuir ao longo dos meses, mas ela sempre existirá. Se o empregado começar a realizar suas tarefas de forma displicente e sem compromisso, ele será alertado pelo empregador. Caso não surjam melhorias, o empregado pode ser dispensado da empresa.
Agora troque o termo empregador por eleitor e funcionário/empregado por político. Entende a diferença?
Com exceção do última parágrafo, não podemos mandar embora um político por mal execução de seu trabalho (salvo ressalvas em casos graves comprovados de corrupção, e mesmo assim de acordo com a visão da justiça e poder de articulação dos advogados do acusado). O nosso "você está demitido!" só poderemos aplicar nas próximas eleições; isso se o político em questão não conseguir se reeleger novamente (brasileiros possuem memória curta).
Todos devem cobrar que o candidato eleito realize o que foi prometido em campanha |
A falta de vontade política só acontece porque nós eleitores somos alheios a tudo isso. Preferimos deixar para lá ao inves de nos envolvermos. Um eleitor sozinho tem uma força quase nula perante tudo isso. Mas centenas ou mesmo milhares de eleitores possuem muito mais força.
"O povo não tem que temer seu governo, o governo é que tem que temer seu povo."
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Sinta-se a vontade para comentar, concordar ou discordar de quaisquer pontos apontados. Lembre-se: não há nada que agrade mais um político corrupto do que um eleitor desinformado.
Obrigado pela audiência e ajudem a compartilhar esta mensagem!
boa tarde, gostaria de um contato com vocês do blog
ResponderExcluirBoa Tarde Marcelo. Você pode entrar em contato via página no Facebook ou pelo e-mail ribeiraotopia@gmail.com
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