Atualização: 30/01/2017
Bastante conhecidas em cidades pequenas e despontando nas grandes cidades e capitais, a bicicleta tem ganhado destaque nos últimos anos como alternativa para transporte de uso diário, sendo vantajosa economicamente (custo de manutenção baixo e zero consumo de combustível) e ecologicamente correta (não emite poluentes).
Bastante conhecidas em cidades pequenas e despontando nas grandes cidades e capitais, a bicicleta tem ganhado destaque nos últimos anos como alternativa para transporte de uso diário, sendo vantajosa economicamente (custo de manutenção baixo e zero consumo de combustível) e ecologicamente correta (não emite poluentes).
Mesmo com estas vantagens, muitas pessoas ainda tem receio de usar a bicicleta em sua rotina, devido ao desrespeito no trânsito por parte dos motoristas e motoqueiros em ruas e avenidas. Dividir o espaço que antes era predominantemente dos carros com as bicicletas ainda é algo que muitos motoristas não aceitam. Felizmente existe uma estrutura que pode auxiliar os ciclistas em seus deslocamentos; as ciclovias.
Saiba mais: A história das primeiras ciclovias do mundo
Ciclovia em Santos-SP Via: Buskaki News |
As ciclovias não são algo recente na história da mobilidade urbana. Existem registros das primeiras já em 1896, precisamente na cidade de Utrecht na Holanda. Nos Estados Unidos, a primeira surgiu no Brooklin em 1894. No Brasil, a primeira ciclovia foi implantada na cidade de Belém - PA, assim como o primeiro plano cicloviário projetado na década de 80.
Ciclovias são vias separadas do tráfego físico motorizado que pode ser tanto unidirecional (em apenas um sentido) ou bidirecional (nos dois sentidos). Sua principal função é dar agilidade e segurança aos ciclistas em seus deslocamentos. É comum as pessoas confundirem ciclovia com ciclofaixa, que apesar te terem o mesmo propósito, suas estruturas são diferentes. Enquanto a ciclovia é totalmente separa do tráfego, a ciclofaixa é pintada no chão sem nenhuma separação física.
Foto via: Ideias Green |
Ciclovia em Sorocaba - SP Foto via: Mobilize |
Ciclofaixa em Francisco Beltrão - PR Foto via: prefeitura de Francisco Beltrão |
As ciclovias ganharam bastante destaque nos últimos anos principalmente em São Paulo. Segundo a CET, estão previstas até o final de 2016 a implantação de 400 km de ciclovias na capital paulista. Mas de todas existentes, a mais famosa e também polêmica é a ciclovia da Avenida Paulista, uma das avenidas mais importantes do país.
Muitas cidades brasileiras tem investido na construção de ciclovias e elaboração de planos cicloviários eficientes. Mas nem todas vem esta tendência com prioridade.
Ciclovias em Ribeirão Preto
Com uma frota em sua grande maioria formada por carros, as ultimas administrações tem investido pouco ou quase nada em infraestrutura cicloviária. Ribeirão possui parcos 10 km de ciclovias implantadas e em pontos bastante dispersos uma das outras, impossibilitando conexões entre si. Para efeito de comparação, Sorocaba, que possui porte semelhante de Ribeirão, possui aproximadamente 115 km de ciclovias. Não é atoa que a cidade já foi inclusive comparada a Bogotá na Colômbia.
Ribeirão possui um Plano Cicloviário apresentado em 2007, engavetado a muitos anos pela Câmara de Vereadores e que dificilmente é discutido entre os mesmos. Até mesmo projetos como o Ciclovia Entre Rios perderam a força, por mais bem estruturada que seja a proposta apresentada.
Trecho da ciclovia Vila do Golf Foto via: Bike Ribeirão |
Vale lembrar que eu não incluí na conta o projeto Ciclofaixa de Lazer, disponível todos os domingos das 7:00 as 14:00, ligando os parques Curupira até o Luiz Carlos Raia. Não incluí pois esta se trata de uma estrutura utilizada unicamente para lazer. Para quem precisa usar a bike em seus deslocamentos diários, o jeito é "conviver" com o pesado trânsito da avenida Maurílio Biagi. E mesmo assim, por ter cones em toda a sua extensão, ela seria considerada uma ciclovia operacional (uma vez que ela é "desmontada" ao final do período).
Como a prefeitura não disponibiliza um mapa com a localização das poucas ciclovias ribeirãopretanas, criei o blog Bike Ribeirão. Nele é possível ver os estabelecimentos comerciais onde é permitido trancar sua bicicleta com segurança, alem de um mapa desenvolvido indicando os locais onde existem ciclovias.
Ciclovia da Via Norte
Com aproximadamente 6 km de extensão e inaugurada em abril de 2012, a ciclovia da Via Norte é considerada a primeira ciclovia realmente implantada em Ribeirão Preto. Começando na entrada da Vila Tibério (próximo ao Carrefour), passando nas margens do córrego e cruzando bairros como Ipiranga, Vila Albertina, Jardim Jandaia, Manincek e terminando na entrada do Simioni, a ciclovia da Via Norte tem se mostrado uma alternativa para ciclistas destes bairros chegarem próximos ao Centro.
Totalmente segregada do tráfego, seu pavimento feito de concreto traz um pouco de agilidade e conforto para quem precisar usar a estrutura. As arvores ajudam a deixa o ambiente mais ameno e reduzem o calor vindo do tráfego pesado da via rápida. Alias, não apenas ciclistas a usam. Por ser também um parque linear, os praticantes de caminhadas, corridas e até mesmo alguns pescadores se aventuram a pescar nas margens do córrego também a utilizam.
Ciclovia da Via Norte em Ribeirão Preto Foto via: Folha |
Na época a ciclovia foi inclusive utilizada pela prefeita Darcy Vera, pedalando por poucos metros, apenas para caráter demonstrativo de inauguração. Na prática, acredito que a prefeita nunca mais tenha utilizado a ciclovia para deslocamento algum.
Passados quatro anos de sua inauguração, a ciclovia tem recebido pouca atenção da administração atual. Os problemas apresentados são constantes; alguns são resolvidos temporariamente, outros sequer foram resolvidos:
- Ausência de barreiras de proteção: em alguns trechos da ciclovia, o ciclista fica a menos de um metro do barranco que o separa do córrego. Grande risco de quedas, inclusive fatais. Alem de barreiras isoladas em diversos pontos da ciclovia;
- Mato alto constante: por mais que a Coordenadoria de Limpeza Urbana se esforce, constantemente os frequentadores da ciclovia reclamam do mato alto nas margens do córrego. O que nos leva a outro problema;
- Roubos e assaltos: mesmo durante o dia, são vários os relatos de roubos e assaltos a frequentadores da ciclovia. Alem da constante presença de andarilhos e usuários de drogas, principalmente na região próxima ao retorno do Carrefour;
- Lixo e mais lixo: nem mesmo a ciclovia escapa do descarte irregular de lixo causado por moradores. São sofás velhos, restos de construção e até mesmo lixo doméstico são encontrados. O risco de material cortante como vidro quebrado pode inclusive provocar acidentes ou danos as bicicletas;
- Falta de segurança nos cruzamentos: pontos como a entrada da ciclovia sentido Centro-Bairro, cruzamento com a avenida Thomas Alberto e ponto de saída Bairro-Centro não oferecem nenhuma segurança ao ciclista. Motoristas ignoram a sinalização, colocando em risco o ciclista e demais usuários da ciclovia;
- Sinalização inexistente: não existem placas que indiquem os bairros próximos ou mesmo as ruas que a ciclovia faz cruzamento;
- Falta de iluminação: na condição atual da ciclovia, não é recomendado usar-la a noite visto que todos os motivos apontados acima são agravados.
Mato alto ao longo da ciclovia Foto via: Folha |
Proximidade da ciclovia ao córrego Foto via: Bike Ribeirão |
Fim da ciclovia da Via Norte. Nenhuma faixa ou transição Foto via: Bike Ribeirão |
Saiba mais: Avaliação Ciclovia da Via Norte (Bike Ribeirão)
Quando a administração atual irá entender que um bem público precisa de adequações e manutenção depois de inaugurados? Usar uma obra apenas para publicar fotos bonitas em blogs ou redes como o Facebook são atitudes típicas de políticos populistas que nunca mais passam sequer perto destas obras.
Quando a administração atual irá entender que um bem público precisa de adequações e manutenção depois de inaugurados? Usar uma obra apenas para publicar fotos bonitas em blogs ou redes como o Facebook são atitudes típicas de políticos populistas que nunca mais passam sequer perto destas obras.
Ideia utópica de hoje
A proposta da semana é a readequação da ciclovia da Via Norte, acrescentando estruturas e melhorias que possam deixar a região mais atrativa e melhor utilizada pela população. Seguem abaixo:
- Muretas de concreto;
- Postes autônomos de energia:
- Áreas de descanso;
- Reforço na sinalização em cruzamentos;
- Placas de localização e destino;
- Patrulhamento por bike e câmeras de segurança;
Novamente são adições em sua maioria simples, mas que para a prefeitura de Ribeirão, são verdadeiras utopias. Seguem em detalhes:
1- Muretas de concreto
Com altura mínima de 1 metro, as barreias evitariam a queda de ciclistas no córrego sem comprometer seu total acesso (em caso de veículos que venham a cair no córrego em virtude de acidentes). Em locais com curvas, serão instalados marcadores de alinhamento refletivos, que dariam segurança visual ao ciclista.
Projeção de muretas em trecho da ciclovia Foto via: Acervo |
2- Postes autônomos de energia
Eles já foram citados em propostas de abril, agosto e setembro no blog. Os postes autônomos seriam instalados ao longo da ciclovia, não tendo problemas com fios, custo de energia e aumentariam a sensação de segurança dos frequentadores.
Projeção de postes autônomos em trecho da ciclovia Foto via: Acervo |
3- Áreas de descanso
Em toda a extensão da ciclovia, não existem bancos, lixeiras ou sequer um pequeno espaço para descanso de ciclistas e caminhantes. Seriam pequenos pontos instalados a cada 1 km com torneiro ou bebedouro, bancos, mesas e totem para reparos de bicicletas, como os já existentes nos parques Curupira e Luiz Carlos Raia.
Modelo de Área para Descanso e sua disposição ao longo da ciclovia Criado no SketchUp e Photoshop Foto via: acervo |
4- Reforço na sinalização em cruzamentos
Os pontos de entrada e saída da ciclovia receberiam sinalização reforçada, trazendo mais segurança ao ciclista. O trecho de entrada próximo ao retorno da avenida Helena Zerrener já foi citado na proposta de fevereiro de 2016, junto com a criação de um viaduto da Zerrener com Via Norte. Para o lado oposto (entrada do Simioni) o correto seria a implantação de uma ciclovia que adentrasse o bairro. A passagem passaria a ter uma lombofaixa ou semáforo do tipo botoeira onde o ciclista o acionava, dando tempo suficiente para a travessia. O mesmo valeria para a travessia da avenida Thomas Alberto.
Lombofaixa em travessia próxima a ponte em São Paulo Foto via: Vá de Bike |
Projeção de uma "futura" ciclovia com sentido ao Simioni - Lombofaixa - Possível continuação da ciclovia Via Norte |
Montagem de travessia elevada (lombofaixa) e extensão da ciclovia até o Simioni |
5- Placas de localização e destino
Junto deste cruzamentos, seriam instaladas placas com indicação para avenidas e bairros próximos. Isso é fundamental para quem utiliza a bicicleta para trabalho ou mesmo queira conhecer a cidade. Pequenas indicações de qual quilometro o ciclista está ajudam a ter ideia de quanto falta para a ciclovia terminar.
Projeção de placa de destino próximo a cruzamento Foto via: Acervo |
6- Patrulhamento por bike e câmeras de segurança
Por fim e muito importante, o patrulhamento ostensivo. Guardas Municipais (GCMs) e Policia Militar fariam a ronda seja por motocicleta (no caso o pessoal da Rocam) o mesmo por bicicletas. Isso incentivaria inclusive aos frequentadores da ciclovia a denunciarem por pessoas com atitudes suspeitas. Nas regiões da ciclovia com maior risco de assaltos, a presença de câmeras de segurança ao estilo Olhos de Águia, inibiria a ação de bandidos para com os usuários da ciclovia.
Saiba mais: Policiamento com bicicletas - como criar uma unidade de patrulha (em PDF)
GCMs em patrulhamento em ciclovia de Curitiba-PR Via: Lobi |
Antes de finalizar, acrescento um adendo: pode parecer exagero algumas das ideias, visto que estamos falando de uma ciclovia, onde o mais importante é o pavimento e sinalização em si. Mas neste caso a região também é considerado um parque linear, onde é comum vermos pessoas caminhando e utilizando o local para atividades físicas ou mesmo para passeio. Portanto um parque que se prese precisa de um mínimo de infraestrutura para ser atraente e útil ao seu propósito.
Se você utiliza a ciclovia da Via Norte, seja para trabalho ou lazer, ajude a divulgar a proposta. Muitos vereadores e inclusive a prefeita podem ter se esquecido desta região. Mas assim como este blog e boa parte de seus frequentadores, eles não se esquecem.
Links para pesquisa
História das Ciclovias (em PDF)
A importância da ciclovia da Avenida Paulista
Como os holandeses conseguiram suas ciclovias
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