A internet conseguiu se adaptar perfeitamente ao passado, presente e futuro. Podemos acompanhar fotos e documentos antigos, ver os fatos do dia a dia em tempo real e nos permite programar nosso futuro com um alto grau de precisão. Fatos a nível mundial conseguem se encaixar perfeitamente neste contexto, o que não podemos dizer o mesmo referentes aos de nível local. Buscar documentos, dados e fotos de algumas cidades publicados anos atras é um trabalho bastante complexo.
Com base nisso, os arquivos públicos passam a ser estruturas bastante importantes para que possamos conhecer o passado de nossas cidades. Já informações de cunho privado ou mesmo políticas acabam tendo um acesso mais complicado de pode ir desde a falta de conhecimento para armazenar tais documentos, até pela total falta de interesse em manter esta história. A sequencia de publicações deste mês de maio será baseada em um documento onde poucos ribeirãopretanos sabem de sua existência: o Ribeirão 2001.
Capa do documento projeto Ribeirão 2001 |
O projeto Ribeirão 2001 foi criado na antiga gestão do ex-prefeito Antônio Palocci (1993-1996). Nele constam informações sobre projetos voltados para o crescimento econômico, politicas administrativas e programa de urbanização para a cidade de Ribeirão Preto. O arquivo está disponível na seção Downloads com link direto para o site oficial. Leitura recomendada para especialistas e simpatizantes das áreas de logística, mobilidade urbana e planejamento urbano.
Aviso: o blog Ribeirãotopia mantem uma posição totalmente apartidária, não fazendo nenhum apoio ao lado A, lado B, lado C ou qualquer outro lado da política. Todos os fatos que serão apontados são para fins de conhecimento de projetos voltados para mobilidade urbana e planejamento viários que poderiam (ou podem) ser implantados em nossa cidade.
Saiba mais: Ribeirão 2001 (em PDF)
Com exceção do site oficial, nunca foi publicado nada na internet sobre os temas discutidos neste documento. Por serem várias propostas, estarei publicando apenas as mais relevantes e com possibilidade - mesmo que remota - de que um dia saiam do papel e cumpram seu propósito: de auxiliar os ribeirãopretanos a de deslocarem de forma rápida, prática e eficaz por Ribeirão Preto.
Dadas as devidas explicações, segue a temática da proposta.
Saturação da Jerônimo Gonçalves
Uma das avenidas mais antigas de Ribeirão Preto e que margeia o córrego de mesmo nome da cidade. Ficou bastante conhecida no passado por conta de suas palmeiras imperiais que ficavam paralelas ao leito carroçável, hoje atual faixa de rolamento de três faixas (sendo uma preferencial para ônibus). Atualmente é um dos principais acessos para avenidas como Francisco Junqueira, Caramuru e rota de saída para Sertãozinho.
Avenida Jerônimo Gonçalves Foto via: Jornal da Região Sudeste |
Por conta da falta de alternativas para bairros como Vila Tibério, Monte Alegre e HC/USP, muitos motoristas utilizam a Jerônimo Gonçalves como rota até estas regiões. A avenida também é muito utilizada para outros bairros como Vila Virgínia e Jardim Centenário, sem esquecer as pessoas que precisem acessa ao terminal rodoviário. Nos horários de pico, o trânsito na avenida torna-se demasiadamente pesado.
Exemplo: pessoas que tem como ponto inicial bairros como Ipiranga e Vila Albertina que precisem chegar até a Vila Tibério, possuem apenas duas opções: cruzarem todos os bairros que possuem pouquíssimas vias preferenciais ou seguir pela Jerônimo Gonçalves. Isso faz com que o fluxo de veículos na via torna-se intenso grande parte do dia e da noite.
E a situação na região tende a piorar nos próximos anos, com a inauguração do futuro Shopping Buriti que está sendo construído no local da antiga cervejaria Antárctica.
Transito na Jerônimo Gonçalves Foto via: G1.com |
Mesmo em dias de feriado (01/05) o transito na avenida costuma ser intenso e com pequenos pontos de congestionamento. Via: Google Maps |
O documento Ribeirão 2001 previa uma total revitalização da avenida Jerônimo Gonçalves, sendo sugerida até mesmo a proibição de veículos, transformando-a num grande calçadão com ciclovia. Neste projeto estaria incluída a remoção do terminal rodoviário para a região próxima ao Educandário. Este tipo de intervenção seria impensável nos dias de hoje por conta do alto custo envolvido, alem de um pesado trabalho de divulgação para convencer os ribeirãopretanos sobre a importância desta obra.
Por hora, a proposta desta semana visa uma via quase despercebida da Vila Tibério, que com as devidas implantações, poderia ajudar a reduzir bastante o pesado tráfego da Jerônimo Gonçalves.
Ideia utópica de hoje
Uma das ideias defendidas no Ribeirão 2001 seria o alargamento da rua Rodrigues Alves; ou melhor dizendo, sua duplicação.
A princípio tal obra pode parecer desnecessária, mas quando fazemos uma breve análise, vemos que grande parte dos veículos que acessam a Jerônimo, apenas o fazem por falta de rotas alternativas.
Ilustração demonstrando alterações viárias na região da baixada. Em destaque verde, alargamento da rua Rodrigues Alves. Foto via: Ribeirão 2001 - página 63 |
Ilustração básica de fluxo da via atual - veículos que seguem para a Caramuru e Café se juntam ao tráfego da Jerônimo Gonçalves. |
Ilustração básica de fluxo da via com intervenção - veículos que seguirem via avenida do Café irão acessar a Rodrigues Alves, deixando a Jerônimo Gonçalves mais aliviada |
Atualmente a rua Rodrigues Alves tem seu início na Avenida do Café, cruzando toda a Vila Tibério até seu término na rotatória Amim Calil. O sentido de fluxo da via é Café / rotatória. Curiosamente, um pequeno trecho entre a rotatória e rua Joaquim Nabuco é de fato uma via duplicada e com canteiro central.
Parte da Rodrigues Alves ainda preserva trechos com paralelepípedos, demonstrando desgastes e irregularidades por conta ta ausência de manutenção nos últimos anos. Mais de um terço da via tem proibição de estacionamento em seu lado direito.
Rua Rodrigues Alves, próximo a rotatória Amim Calil Foto via: Google Street View |
Rua Rodrigues Alves, com alguns trechos ainda com paralelepípedos Foto via: Google Street View |
Projeção da rua Rodrigues Alves depois de duplicada |
Projeção em 1ª pessoa de duplicação da Rodrigues Alves com rua Joaquim Nabuco |
Projeção de cruzamento da Rodrigues Alves com avenida do Café e rua Monte Alverne. Estudos para a implantação de semáforo de três tempos |
A duplicação seguiria o mesmo padrão do pequeno trecho existente próximo a rotatória, com a construção de canteiro central de cinco metros de largura, margeado por vias de sentido único, ambas com duas faixas de rolamento e faixa de estacionamento.
O canteiro central possuiria largura suficiente para a implantação de uma ciclovia que seria bastante utilizada como alternativa à Jerônimo Gonçalves.
Entre as vantagens podemos destacar
- Redução no tráfego da avenida Jerônimo Gonçalves, rua Fábio Barreto, rotatória da avenida do Café / Elpídio Gomes / Augusto Severo e alamedas Botafogo e Tupi;
- Facilidade de acesso ao bairro Vila Virgínia;
- Redução do tempo de viagem para pontos e vias de interesse (HC, USP e Via Norte);
- Valorização da região por onde a avenida será implantada.
Viabilidade (desapropriações)
Apesar de várias vantagens apontadas, uma das maiores dificuldades para um projeto como este não seria a construção da avenida em si, mas o processo de desapropriação.
Mesmo na época que foi anunciado o projeto, o custo para desapropriar os imóveis posicionados no lado norte da avenida, seria bastante alto. São mais de 80 imóveis entre residências e comércios, alem de um edifício residencial de quatro andares, parte do antigo banco Banespa (atual Santander) e parte da praça Coração de Maria.
Mesmo a prefeitura conseguindo acordos com a inciativa privada e verbas de nível estadual e federal, o maior embate neste caso seriam com moradores que se recusassem a vender seus imóveis, onde poderiam alegar inclusive preservação do patrimônio histórico.
Neste ultimo caso, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) poderia criar dificuldades impedindo tal projeto. Lembrando que é o mesmo conselho que dá as costas para vários imóveis tombados na região Central e impede a restauração de outros existentes (como o antigo Hotel Brasil na Jerônimo Gonçalves) alegando diversos motivos. Um conselho de defesa do patrimônio deve ser imparcial em suas decisões. Discussão com todos os envolvidos será fundamental.
Prefeitura e secretarias precisam estar bastante alinhados para futuros questionamentos sobre o projeto, alem de manterem firmeza e compromisso com verbas e prazos. Tivemos muitos problemas num passado não muito distante quanto a obras entregues fora da data combinada em contrato ou valores com forte suspeita de superfaturamento.
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Ribeirão Preto possui uma grande vantagem se comparada com grandes capitais: espaço disponível para um crescimento ordenado e sustentável, podendo promover o máximo em mobilidade urbana e políticas de urbanização eficientes. Caberá a todos nos cobrarmos de nossos governantes, uma cidade que seja uma verdadeira referência para as demais pertencentes a recém criada região metropolitana.
Divulgue a proposta. Conheça as demais existentes no projeto e compartilhe com seu círculo de amigos e familiares. Faça com que nossos vereadores se comportem como verdadeiros fiscais e acompanhem de fato o andamento de nossa cidade.
Obrigado e até a próxima postagem!
Links para pesquisa
Projeto Ribeirão 2001 - Governo da Solidariedade (vídeo)
Mas não é somente a Rodrigues Alves que existe projeto de duplicação, a rua Capitão Salomão também está com projeto de duplicação entre as ruas Roberto Mange e Avenida Costa Silva e a rua tapajos partindo da avenida Maestro Herve cordovil(marincek) até a rua porto união no sumarezinho
ResponderExcluirSim estou ilustrando apenas alguns dos projetos. Alias um dos que você citou serão demonstrados na publicação de amanhã (09/05).
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