Com a proposta de hoje, finalizamos por hora os projetos apresentados no documento Ribeirão 2001. Existem outros de igual importância que caso fosse de fato implantados, trariam grandes mudanças no sistema viário de Ribeirão Preto e que serão apresentados em outras oportunidades.
Sobre o Ribeirão 2001
Foi criado na antiga gestão do ex-prefeito Antônio Palocci (1993-1996). Nele constam informações sobre projetos voltados para o crescimento econômico, politicas administrativas e programa de urbanização para a cidade de Ribeirão Preto. O arquivo está disponível na seção Downloads com link direto para o site oficial. Leitura recomendada para especialistas e simpatizantes das áreas de logística, mobilidade urbana e planejamento urbano.
Aviso: o blog Ribeirãotopia mantem uma posição totalmente apartidária, não fazendo nenhum apoio ao lado A, lado B, lado C ou qualquer outro lado da política. Todos os fatos apontados são para fins de conhecimento de projetos voltados para mobilidade urbana e planejamento viário que poderiam (ou podem) ser implantados em nossa cidade.
Ligações de vias bairro a bairro (ou região à região) são importantes para ajudar a desviar o tráfego pesado da região central da cidade e suas avenidas perpendiculares. Estas ligações devem ser previamente planejadas para que no futuro não tenhamos problemas com desapropriações.
Ribeirão Preto não possui muitas avenidas que liguem uma região a outra, o que acaba sobrecarregando as vias mais próximas, por veículos que apenas querem cruzar determinado bairro. Um exemplo é a falta de ligação entre as zonas Norte/Leste da cidade.
Definições
São poucas as opções e mesmo estas estão se mostrando inadequadas para o crescimento da frota da cidade. Abaixo as principais ligações entre as regiões Norte / Leste:
- Via Norte: acesso entre o anel viário norte (rodovia Alexandre Balbo) e rotatória Amim Calil. O motorista que entra na cidade pela Via Norte precisará seguir até a rua Aliados para somente depois conseguir chegar até a avenida Quito Junqueira, não sem antes cruzar todo o bairro Campos Elíseos. Lembrando que todas as vias que ele acessar são em sua maioria locais.
Via Norte sentido Centro / Bairro Foto via: Acervo pessoal |
- Av. Cavalheiro Paschoal Innecchi: acesso entre a avenida Meira Júnior e avenida Brasil. Melhor alternativa evitando que o motorista passe por dentro do bairro Jardim Independência. Mesmo assim será preciso passar pelo pesado tráfego da avenida Brasil, por ser uma via simples de mão dupla.
Avenida Paschoal Innecchi próximo ao Corpo de Bombeiros Via: Google Street View |
- Rua João Bim: acesso entre a avenida Meira Júnior e Barão do Bananal (passando pelos bairros Jardim Paulistano, Jardim Anhanguera e Jardim Zara). Uma das mais perigosas ruas de Ribeirão, tendo em vista que este é o principal acesso para a zona leste. A via de pista simples, mão dupla e com estacionamento permitido em um dos lados, sempre possui transito intenso de veículos em alta velocidade e presença de ciclistas. Via bastante criticada por pedestres pela falta de faixas de segurança disponível;
Rua João Bim no Jardim Paulistano Foto via: Google Street View |
- Rua Carlos Augusto Brasão e Emílio Fávero: acesso entre a Meira Júnior e entrada do Jardim Anhanguera. Foi pavimentada anos depois da João Bim e passou a ser alternativa para os moradores do bairro. Começa a apresentar transito intenso em determinados horários do dia.
Rua Carlos Augusto Brasão no Jardim Paulistano Foto via: Google Street View |
Todas estas vias alternativas já apresentam sinais de saturação, tendo em vista o grande número de veículos e constantes acidentes. Não existem avenidas que façam uma devida ligação entre as regiões, o que acaba sobrecarregando até mesmo vias locais destes bairros.
Se uma avenida prometida a 50 anos tivesse de fato sido concluída, grande parte destes problemas seriam solucionados.
Avenida do Tanquinho
O projeto existente desde os anos 60 consiste em uma avenida que serviria de ligação entre a Via Norte e o bairro Lagoinha, ficando as margens do córrego. Entre as principais vantagens para a construção da avenida seria a redução no tempo de viagem entre as regiões da cidade. Assim avenidas como a Francisco Junqueira por exemplo, teriam um alívio no fluxo de veículos e uma melhor distribuição no tráfego entre as vias.
Infelizmente com a passagem de vários governos municipais, o projeto sequer saiu do papel, mesmo estes prefeitos sabendo de sua importância. Entretanto o que existe atualmente é uma avenida chamada Guido Golfeto; uma via de aproximadamente 950 metros de extensão e liga a avenida Quito Junqueira e Onze de Agosto.
Em amarelo, extensão da avenida Guido Golfeto. Ao lado direito da via sentido Bairro / Centro, maternidade Sinhá Junqueira. Fotos via: Google Maps e Google Street View |
Apesar de ser uma avenida bem resolvida (duas faixas de rolamento com recuo para estacionamento e bastante arborizada), sua função se torna bastante subestimada, pois a mesma termina em uma via local (Onze de Agosto) de acesso ao Jardim Independência.
O documento Ribeirão 2001 acrescentou a importância da Via Contorno Norte, citando-o na página 77. Na ocasião, a avenida teria seu início na Via Norte, cruzando as avenidas Costa e Silva, Saudade, Quito Junqueira, Meira Júnior e terminando na avenida Clóvis Bevilacqua, no Parque dos Bandeirantes.
Documento Ribeirão 2001 citando sobre a Via Contorno Norte ou como é mais conhecida, avenida do Tanquinho. Link para o arquivo |
Ideia utópica de hoje
Baseado no projeto original, a proposta de hoje irá demonstrar maiores detalhes da Via Contorno Norte, ou como é mais conhecida, Avenida do Tanquinho. Lembrando que esta avenida já foi ilustrada no mapa Obras de Mobilidade - Ribeirão Preto. Abaixo os subtópicos propostos:
- Trecho entre avenida Antônio Gomes da Silva Júnior e Clóvis Bevilacqua;
- Trecho entre avenida Clóvis Bevilacqua e Quito Junqueira;
- Trecho entre rua Onze de Agosto e Via Norte;
- Acesso para a Via Norte.
Não foi citada a ligação entre Quito Junqueira e Onze de Agosto justamente por esta avenida já existia, apesar de que seriam necessárias as devidas intervenções.
A avenida seria composta de uma via em cada margem do córrego, com duas faixas de rolamento e recuo para estacionamento (que poderia ser eliminado futuramente para a implantação de uma terceira faixa caso a demanda demonstre tal necessidade), ciclovia entre o córrego e a avenida, e calçada com largura conforme normas técnicas de acessibilidade.
A canalização do córrego, apesar de importante, seria vista em outro momento por se tratar de uma obra de custo bastante elevado. Outra vantagem aparente é que o número de desapropriações ao longo da via é menor, principalmente entre a avenida Antônio Gomes e Quito Junqueira; infelizmente o mesmo não se aplica no trecho entre a Onze de Agosto e Costa e Silva. Maiores detalhes adiante.
Visão geral da extensão da avenida entre bairros da zona norte e leste |
- Trecho entre avenida Antônio Gomes da Silva Júnior e Clóvis Bevilacqua
Alguns trechos do córrego são bastante sinuosos, o que demandaria um trabalho de engenharia mais complexo para avaliar melhor o traçado da avenida. Apenas duas vias a cruzariam; a Estr. Catarina Belesi Vendrúscolo e o início da Barão do Bananal. O cruzamento da estrada Catarina Belesi poderia ser em nível, enquanto o da Barão do Bananal o mais indicado seria um viaduto, aproveitando o relevo da região.
- Trecho entre avenida Clóvis Bevilacqua e Quito Junqueira
Seriam necessárias algumas desapropriações para a extensão da Clóvis Bevilacqua até a Via Expressa e um cruzamento em nível na João Bim. Uma alternativa para melhor conexão entre estas vias seria uma grande rotatória ligando João Bim, Barão do Bananal e Clóvis Bevilacqua, dando prioridade a Via Expressa por meio de um viaduto. A linha laranja representa as obras de arte.
Entretanto esta região possui um entrave: as torres de transmissão de energia. Isso poderia limitar o tipo de intervenção viária escolhida.
A partir da Clóvis Bevilacqua até a Quito Junqueira, teríamos cruzamentos em nível com as ruas José Mancuso e Dr. Antônio Carlos Marçal (que podem ser convertidas em pontes, aproveitando o relevo). Já o cruzamento com a Meira Júnior precisaria ser estudada a melhor alternativa, seja ela cruzamento em nível ou viaduto.
Obs: este ponto é questionado com insistência por estarmos falando de uma via expressa onde, segundo o Código de Transito Brasileiro, não deve haver cruzamentos em nível. Caso estes sejam adotados ao inves de um viaduto, a via pode perder suas características de via expressa, ficando com os mesmos problemas apresentados na Via Norte.
O cruzamento com a Guido Golfeto precisará de adaptações, uma vez que a distancia entre as vias paralelas ao córrego é bastante grande.
- Trecho entre rua Onze de Agosto e Via Norte
Novamente aqui teremos os problemas com desapropriações, onde devido a anos de falta de fiscalização e falta de definições sobre este tipo de construção tendo como base o Plano Diretor, acabou permitindo a instalação de imóveis juntos ao córrego e até mesmo a eliminação de um pequeno trecho da rua Campinas.
Ruas como a Luiz Barreto e as avenidas da Saudade e Costa e Silva se enquadrariam na mesma situação da Meira Júnior, sendo revista a necessidade de cruzamento em nível ou viaduto.
Trecho da avenida Saudade com construções bastante próximas ao córrego. Foto via: Google Street View |
O trecho entre a Costa e Silva e Via Norte não apresenta construções, o que facilitaria a adição de viadutos, alças de acesso e retorno entre as vias expressas. A sugestão apresentada está sendo elaborada com base em outra proposta já apresentada no blog, sobre as vias marginais junto a Via Norte.
Na projeção 3D abaixo, seguem as rotas de acordo com a região que o motorista pretende seguir:
- Linha Amarela: transito vindo da Via Expressa Norte e que seguirão pela Via Norte sentido anel viário Norte. A linha amarela tracejada indica os veículos que irão continuar na marginal;
- Linha Azul: trânsito vindo da Via Expressa Norte e que entrarão na Via Norte sentido Centro;
- Linha Vermelha: transito vindo da Via Norte sentido anel viário e que entrarão na Via Expressa Norte sentido zona Leste;
- Linha Verde: transito vindo da Via Norte sentido Centro e que entrarão na Via Expressa Norte via marginais. A linha verde tracejada indica os veículos que irão continuar na marginal.
A princípio foi pensado em utilizar apenas cruzamentos em nível ao inves dos viadutos e alças de acesso. Mas alem de tirar as características de via expressa da Via Norte, os cruzamentos logo poderiam tornar-se perigosos devido ao grande fluxo de veículos que começassem a utilizar a avenida do Tanquinho.
Seriam duas rampas de acesso do lado norte da Via Norte, com ligação na via marginal paralela a via expressa. Os acessos lado sul da Via Norte seriam por alças de acesso em nível com faixa adicional para evitar redução de velocidade ou pontos de congestionamento.
O antigo retorno Centro/Bairro seria desativado tendo em vista que não seria mais necessário por conta do viaduto Tanquinho/ Via Norte.
Atualmente existem poucos edifícios comerciais e industriais na região, o que geraria menos custos com desapropriações. Uma vez as vias marginais sendo construídas, novas áreas de loteamentos industriais poderiam ser liberados pela prefeitura.
Placas de orientação de destino do tipo braço projetado e pórticos seriam necessários para alertar e orientar os motoristas sobre os bairros, regiões e avenidas de interesse a serem acessadas.
Braço projetado instalado ao final da Via Expressa Norte indicando saída para a Via Norte sentido rodovia e sentido Centro |
Pórtico instalado na Via Norte (Centro - Bairro) antes dos viadutos indicando acesso para a Via Expressa Norte |
Pórtico instalado na Via Norte (Bairro - Centro) antes dos viadutos indicando acesso para a Via Expressa Norte |
Braço projetado instalado na marginal esquerda da Via Norte (Bairro - Centro) indicando acesso para a Via Expressa Norte |
Imagem geral dos viadutos, alças de acesso e vias marginais |
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O projeto Via Expressa Contorno Norte traria grandes vantagens para a mobilidade urbana da região Norte e Leste, que pouco receberam investimentos nos últimos anos. Moradores teriam uma avenida rápida que cruzaria diversos bairros, empresas de logística ganhariam tempo em seus deslocamentos antes feitos por vias estreitas e inadequadas, novos empreendimentos comerciais e residenciais poderiam ser lançados em uma região adaptada para um grande volume de veículos.
São projetos de custo alto e que exigem um alto grau de complexidade técnica. Por isso não devem ser falados como promessas vazias de campanha. Precisam ser levados muito a sério e discutidos por todos os envolvidos. ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), entidades de classe, câmara de vereadores e demais grupos interessados devem cobrar agilidade para que obras como estas saiam do papel.
Compartilhem e comentem a proposta com seus amigos e grupos de interesse. Simples reclamações via rede social nunca conseguiram nada. Cobranças em peso da sociedade são muito mais eficientes. Pense nisso.
Obrigado e nos vemos na próxima proposta.
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