Podemos definir quão eficiente é a mobilidade urbana de uma cidade pelo tempo que um cidadão leva para cruza-la, seja por transporte individual ou coletivo. Isso também se inclui para aqueles que estão chegando à cidade ou deixando-a. Uma boa transição entre vias de diferentes categorias pode fazer a diferença no deslocamento destas pessoas.
Uma alternativa utilizada em várias cidades é a construção de um anel viário, que ajuda com que os motoristas não precisem passar por dentro do perímetro urbano para seguir sua viagem e pode trazer agilidade aos moradores que precisem ir de um extremo a outro da cidade.
Contudo alguns especialistas alegam que um anel viário é apenas uma solução de curto prazo para um problema de longo prazo. Uma das principais críticas seria a de que a cidade poderia crescer alem da rodovia que a contorna, transformando-a em uma especie de "avenidona rápida".
Anel viário de Campinas - SP Foto via: CBN Campinas |
Pelo menos o de Ribeirão Preto, formado pelas rodovias Anhanguera, Antônio Machado Santana, Prefeito Antônio Duarte Nogueira e Alexandre Balbo, ainda possui trechos onde o tráfego flui de forma mais ágil (contorno Norte) e infelizmente trechos onde os congestionamentos locais começam a se misturar com o tráfego da rodovia (contorno Sul).
Por outro lado, muitos motoristas preferem passar por dentro de Ribeirão utilizando as principais avenidas. Um exemplo são as avenidas Costa e Silva, Francisco Junqueira, Maurílio Biagi e Célso Charuli, que em conjunto cruzam a cidade de norte à leste.
Rodovia Antônio Duarte Nogueira próximo ao bairro Jardim Nova Aliança - contorno sul Foto via: Google Street View |
Avenida Francisco Junqueira Foto via: Google Street View |
Para que a travessia seja o mais rápida possível, estas vias precisam estar em plenas condições de receber todo este trânsito pesado. Destas avenidas citadas, apenas a Costa e Silva apresenta sérios problemas estruturais e de infraestrutura.
Avenida Costa e Silva / Silveira Martins
Esta via de ligação Norte / Centro possui aproximadamente 7 quilômetros de extensão, cruzando os bairro Campos Elíseos, Vila Mariana, Parque Industrial Tanquinho, parte da Vila Elisa, Vila Brasil e Parque Avelino. Seus pontos iniciais se dá na rotatória Amin Calil e terminando na rodovia Cândido Portinari, que dá acesso para Brodowski e Batatais.
Algumas pessoas costumam confundir a avenida Costa e Silva com a avenida Silveira Martins pelo fato de ambas serem paralelas. Na verdade a Silveira Martins tem seu início na Amin Calil e deixa de ser paralela à Costa e Silva nas proximidades da antiga empresa Cianê, seguindo assim pelo bairro Campos Elíseos até córrego Tanquinho. Ela segue como se fosse a "pista sul" da Costa e Silva.
Avenida Costa e Silva - traçado e pontos de interesse |
Definições das avenidas Costa e Silva e Silveira Martins |
Av. Costa e Silva sentido bairro-centro como pista única |
Av. Costa e Silva sentido centro-bairro como pista dupla |
Sendo assim a avenida passa a ser rota de entrada e saída de moradores e visitantes para Ribeirão Preto. Mesmo sendo uma via tão importante, os problemas existentes são preocupantes:
- Pavimento em péssimo estado: grande parte da avenida (assim como muitas outras da cidade) estão com seu asfalto tomado de buracos e imperfeições causadas por reparos mal feitos. Muitas vezes o motorista é obrigado a reduzir drasticamente a velocidade para desviar destes buracos, o que pode resultar em acidentes.
No últimos dois anos do mantado passado, apenas 180 metros de pista foram devidamente recapeados - e mesmo assim entregue de forma inacabada, sem a devida sinalização de solo. Mas o fato foi ainda pior: dias depois de recapeado o trecho, o Daerp abriu novamente o asfalto para corrigir um vazamento... do lado errado da via. De fato, são situações dignas de filmes comédia pastelão.
- Falta de sinalização adequada: trechos da avenida que passam pelos Campos Elíseos não possuem sinalização vertical (placas) e horizontal (pinturas de solo) de acordo com o tráfego local. Atualmente a via possui duas faixas de rolamento e pontos de estacionamento de forma mal distribuída ao longo do percurso.
- Canteiro central "invadido": tecnicamente o canteiro da Costa e Silva não deveria ter construções em sua extensão. Isso acontece entre as ruas Capitão Salomão e Patrocínio, alem de um pequeno trecho entre a rua Aliados e João Gilberto. Outro trecho bastante complicado fica entre as ruas Pernambuco e Flávio Uchôa, onde o transito sentido bairro-centro é desviado para a rua Buarque, terminando na rua Pernambuco e assim retornando para a Costa e Silva. As imagens abaixo ilustram um pouco este problema.
Mesmo sendo uma imagem do Street View de 2012, o trecho com buracos e remendos ainda é o mesmo até hoje. |
Tão logo o canteiro da Costa e Silva termina e sua continuação passa a ser composta de imóveis diversos até a avenida Capitão Salomão |
Incluído no Ribeirão 2001
Assim como casos da Rodrigues Alves e Capitão Salomão, a avenida Costa e Silva também foi citada no documento Ribeirão 2001.
Sobre o Ribeirão 2001: Foi criado na antiga gestão do ex-prefeito Antônio Palocci (1993-1996). Nele constam informações sobre projetos voltados para o crescimento econômico, politicas administrativas e programa de urbanização para a cidade de Ribeirão Preto. O arquivo está disponível na seção Downloads com link direto para o site oficial. Leitura recomendada para especialistas e simpatizantes das áreas de logística, mobilidade urbana e planejamento urbano.
Aviso: o blog Ribeirãotopia mantem uma posição totalmente apartidária, não fazendo nenhum apoio ao lado A, lado B, lado C ou qualquer outro lado da política. Todos os fatos apontados são para fins de conhecimento de projetos voltados para mobilidade urbana e planejamento viário que poderiam (ou podem) ser implantados em nossa cidade.
Trecho com citação de duplicação da Costa e Silva Foto via: Ribeirão 2001 - pág. 69 (documento) ou pág. 35 (arquivo PDF) |
Para a avenida é dada a seguinte solução:
"Médio Prazo:
A- Duplicação entre a Rua Flávio Uchôa e Rua Pernambuco;
B- Implantação de ciclovia na calçada de pista lado ímpar
Longo Prazo:
A- Desapropriação do canteiro central entre a Rua Patrocínio e Avenida Capitão Salomão ao longo da Rua Silveira Martins e Avenida Costa e Silva."
Lembrando que a duplicação entre a Flávio Uchôa e Pernambuco foi citada como uma das obras do - infelizmente - extinto Pacto pela Mobilidade, prometido na gestão anterior. Confira esta e outras intervenções prometidas no mapa Obras de Mobilidade - Ribeirão Preto.
Ideia utópica de hoje
Baseado nisso, a proposta de hoje é uma alternativa de revitalização total da avenida Costa e Silva. Algumas ideias foram acrescentadas ao projeto original. Tudo foi dividido nos tópicos a seguir:
- Desapropriação;
- Revitalização viária - veículos particulares;
- Revitalização viária - transporte público e ciclovias;
- Conclusão de duplicação;
- Revitalização da região - comércio e aparelhos de lazer;
1. Desapropriação
De todos está e uma das questões mais complexas. Não sabemos de fato se os imóveis existentes nesta região do canteiro da avenida são de fatos legais. São residências e comércios instalados em sua extensão de maneira possivelmente irregular. Caso sejam mesmo legalizados, por que outras regiões como o trecho entre a Capitão Salomão e rotatória Amin Calil também não possuem imóveis?
Novamente este processo exigirá um grande esforço do setor jurídico da prefeitura, para que consiga as desapropriações de forma mais limpa e ágil possível, onde ambas as partes saiam em vantagem. O processo também envolveria os imóveis existentes na região da rua Aliados. (clique nas imagens para ampliar)
Desapropriação - Entre Capitão Salomão e Patrocínio |
Desapropriação - Entre Pernambuco e Flávio Uchôa |
Desapropriação - Entre Schibuola e João Ribeiro |
2. Revitalização viária - veículos particulares
Na proposta de Readequação Viária - Av. Silveira Martins, Costa e Silva e Capitão Salomão, foi citada parte desta revitalização. Nela estavam incluídas a total recuperação do pavimento, implantação da terceira faixa e reforço na sinalização vertical de destino e localização. A revitalização desta proposta incluiria toda a avenida Costa e Silva até as proximidades do viaduto João Paulo II.
Na projeção abaixo, refere-se ao trecho entre a avenida Capitão Salomão e rua Patrocínio separado por cinco subtípicos:
2.1 - Cruzamentos;
2.2 - Sinalização (horizontal, vertical e semafórica);
2.3 - Mobiliário urbano;
2.4 - Ciclovia;
2.5 - Lazer e meio ambiente.
Readequação avenida Costa e Silva / Silveira Martins a partir da Capitão Salomão |
Readequação avenida Costa e Silva / Silveira Martins Visão geral |
Readequação avenida Costa e Silva / Silveira Martins Visão a partir da rua Patrocínio |
2.1 - Cruzamentos
O número de cruzamentos foi reduzido de seis para cinco (a rua Ceará passaria a ter início na Silveira Martins ao inves da Costa e Silva) e o número de vias laterais subiria de duas para três, sendo uma via sem saída e uma via local (a travessa Amazonas não foi ilustrada na projeção).
Esquema dos cruzamentos e vias laterais |
Cruzamento rua Goias com Silveira Martins e Costa e Silva. Proposta já publicada no blog em junho de 2015 |
Cruzamento rua Amazonas com Costa e Silva e Silveira Martins |
Cruzamento rua Anita Garibaldi com Silveira Martins e acesso para a Costa e Silva. Cruzamento passaria a ser semaforizado. |
Eliminação do cruzamento rua Ceará com Costa e Silva, sendo mantido apenas via lateral com a Silveira Martins |
Cruzamento rua Patrocínio com Silveira Martins e Costa e Silva |
Acesso da Anita Garibaldi para a Costa e Silva por alça de saída |
Cruzamento rua Amazonas com Costa e Silva. Criação de conversão livre a esquerda |
Cruzamento rua Goias com Costa e Silva |
2.2 - Sinalização (horizontal, vertical e semafórica)
As avenidas passariam a ter oficialmente três faixas de rolamento, o que será necessário reforço na sinalização horizontal das vias (faixas organizadoras de fluxo, marcações de área de conflito e linhas de bordo). Como o estacionamento passaria a ser proibido, a sinalização vertical (placa R-6c - Proibido parar e estacionar) será essencial para alertar os motoristas.
Faixas de pedestres também serão necessárias próximas a rua Ceará, acompanhadas de semáforos para pedestres e sinalização vertical (placa A-32b — Passagem sinalizada de pedestres).
A sinalização semafórica também passaria por mudanças, com a adição do sistema Onda Verde, identificação para daltônicos e temporizador. Como complemento, todos os semáforos contariam com placas de identificação de logradouro. Maiores detalhes sobre a Revitalização de Semáforos, confira a proposta no blog publicada em maio de 2016.
Setas organizadoras de fluxo, marcações de área de conflito e linhas de bordo seriam adotadas em toda a via. |
Faixa de pedestre com semáforo, sinalização vertical e rampas de acessibilidade. |
Semáforos com devida revitalização e placas informativas de logradouros (nomes de ruas) |
Sinalização vertical (placas) ajudam a orientar e alertar motoristas sobre proibições demais eventos na via. |
2.3 - Mobiliário urbano
Com o canteiro central liberado e calçadas readequadas com total acessibilidade, seria possível a implantação de mobiliário urbano como bancos, floreiras, lixeiras e placas de informação.
Lixeiras padronizadas ao longo da calçada |
2.4 - Ciclovia
Outro uso para o canteiro central seria a implantação de uma ciclovia bidirecional, que será utilizada tanto para mobilidade quanto para lazer. Todos os cruzamentos seriam devidamente sinalizados para alertar os motoristas sobre a presença de ciclistas. Lembrando que a implantação de ciclovias foi citada em proposta no blog em setembro de 2016.
Para maior segurança aos ciclistas durante a noite, postes autônomos podem ser instalados junto a ciclovia. Estes postes funcionam por energia solar e possuem funcionamento automático (ligando e desligando conforme horário e luminosidade) alem de não terem fios, o que reduz os custos de manutenção e risco de furtos. Estes postes já foram citados na proposta de Readequação do parque Maurilío Biagi em agosto de 2015, Modernização de Praças em abril de 2016 e na Ideia Minuto #5 via página no Facebook.
Ciclovia devidamente sinalizada, trazendo segurança e agilidade aos ciclistas |
Postes de energia autônomos |
2.5 - Lazer e meio ambiente
Apesar de grande parte dos imóveis as margens da avenida serem comerciais, também existem lotes residenciais próximos, principalmente nas imediações da rua Goias. Por isso foi pensado na construção de um playground no canteiro central nas esquinas da Costa e Silva com Goias. O local seria devidamente isolado com barreiras tipo grade e alerta na via quanto a presença de crianças.
Aproveitando o grande espaço disponível no canteiro, seriam plantadas árvores de médio e grande porte, de preferência frutíferas, para amenizarem os efeitos da poluição do ar e sonora causada pelo tráfego nas avenidas. Seria um novo corredor verde para a cidade.
Corredor verde de árvores ao longo do canteiro central. |
Playground com equipamentos para crianças e academia ao ar livre. |
Gradis ajudam a dar mais segurança aos pedestres que utilizarem o playground. |
3. Revitalização viária - transporte público
Com aproximadamente cinco metros de largura, o canteiro central da avenida Costa e Silva poderia ser reduzido para acomodar ainda uma faixa exclusiva para ônibus. Mesmo com apenas três linhas servindo a avenida (210 - Simioni, 301 - Avelino Palma e 110 - Quintino I) podem ser estudadas novas linhas diretas ou expressas até o Centro.
Como foi explicado anteriormente, existe um trecho da Costa e Silva onde o motorista é obrigado a desviar para a rua Buarque e somente após converter a esquerda na rua Pernambuco ele voltaria para a avenida. Este trecho onde hoje predominam imóveis comerciais também seria desapropriado mediante acordo e assim a duplicação seria completada.
Detalhe para o cruzamento da rua Dom Pedro II que seria mantido, para uma futura extensão até a rua São Francisco, com ponte sobre a Via Norte. Proposta já debatida em junho de 2015.
5. Revitalização da região - comércio e aparelhos de lazer
Os imóveis da Costa e Silva são formados em sua maior parte por estabelecimentos comerciais, grande parte deles voltados para revenda de automóveis e venda de peças automotivas. Esta configuração segue até a rua João Gilberto, onde passam a predominar galpões de prestadoras de serviços e pequenas indústrias. Já a região entre a Vila Elisa e Quintino II ainda é pouco explorada, que poderia ser explorada também por indústrias de pequeno porte.
Com as devidas readequações, a avenida poderia atrair novos espécies de comércios para a região, ajudando no processo de revitalização. Por ser uma área também residencial, moradores por meio de associações podem organizar eventos a fim de transformar a avenida em uma fonte de lazer aos finais de semana.
Por fim, algumas comparações de como a região é atualmente e como ficaria com as devidas intervenções:
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Todas estas ações transformariam uma região tão degradada como a avenida Costa e Silva. Assim como a zona sul possui suas belas avenidas de entrada como Castelo Branco e Presidente Vargas, a zona norte também pode ter seu belo cartão de boas vindas.
É um projeto ousado e beira de fato a utopia, mas que com esforço de todos os envolvidos (moradores, entidades e poder público) podem fazer este projeto deixar o papel e se tornar realidade. Compartilhe com seus amigos. Cobre de seus vereadores. Questione a prefeitura.
Obrigado e até a próxima proposta!
Links para pesquisa
Número de acidentes cresce em 2017 no Anel Viário em Ribeirão Preto, SP
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Número de acidentes cresce em 2017 no Anel Viário em Ribeirão Preto, SP
muito bom
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