Hoje em dia a grande maioria das cidade do Brasil possuem sistema para coleta de lixo. Este material costuma ser levado para aterros onde é enterrado ou para usinas de incineração apropriadas.
Com o aumento da discussão sobre os cuidados que precisamos ter com o meio ambiente, surgiu uma dúvida: tudo que não serve mais deve ser enterrado ou queimado? A resposta é um grande e sonoro não, pois muitos materiais podem ter destinos diferentes e reaproveitados, gerando economia para as cidades, renda para os catadores e preservação do meio ambiente.
Uma das formas de redução e reaproveitamento dos materiais inservíveis foi com a criação de usinas de reciclagem. São centros onde os principais materiais (plásticos, vidros, papéis e metais) eram separados e vendidos novamente para a industria, diminuindo custos com a produção de matéria prima. Os primeiros dados sobre o inicio da reciclagem de materiais no Brasil vem do ano de 1896.
A proposta dos Ecopontos
Conforme foi passando o tempo, apenas os centros de reciclagem não eram suficientes para diminuir o problema do lixo. Muitos materiais como restos de podas, galhos, resíduos da construção civil e lixo eletrônico (computadores, teclados, televisores, aparelhos de dvd e etc) não podiam ser jogados no lixo comum. Foi daí que surgiram os Ecopontos, que agem como uma estação de entrega voluntária de inservíveis.
Saiba mais: Ecopontos em SP - O que são e como funcionam?
O primeiro ecoponto no Brasil foi criado em 2003 na cidade de São Paulo, sob o viaduto Bresser e a partir de então a cidade conta com aproximadamente 50 locais para descarte de materiais específicos. A grande maioria destes ecopontos recebem os seguintes materiais:
- Podas de arvores (galhos, folhas, sobras de grama)
- Resíduos da construção civil (tijolos, restos de cimento, pisos, azulejos)
- Moveis velhos ou usados de grande volume (sofás, guarda roupas, geladeiras, mesas)
- Lixo reciclável (papel e papelão, vidros, metais e plásticos)
- Lixo eletrônico (computadores, teclados, mouses, televisores, fios e cabos)
Observação: os ecopontos não substituem o serviço de coleta de lixo, que funcionam de maneira independente do sistema de reciclagem. Ainda no caso dos resíduos da construção, os ecopontos se limitam a receberem até 1 m³ de resíduos por habitante por dia. Acima desta quantidade, é necessário que o cidadão contrate um serviço de caçambas profissional.
Os ecopontos ajudam a resolver outros problemas como:
- Diminuição do descarte irregular de resíduos em terrenos baldios;
- Diminuição do volume de lixo levado aos aterros, prolongando assim a vida útil dos mesmos;
- Oportunidade de renda para pessoas que trabalham com a coleta de recicláveis.
Lixo em Ribeirão Preto
Em Ribeirão Preto, a situação do lixo sempre foi complicada. Atualmente a empresa Leão Ambiental é a responsável pela coleta do lixo domiciliar na cidade. Administrações anteriores sempre tentaram implementar uma PPP (Parceria Público Privada) do lixo, mas devido a diversas irregularidades o projeto ainda não saiu do papel.
Caminhão da Leão Ambiental em Ribeirão Preto - G1.com/ribeirão |
No quesito reciclagem, a cidade possui apenas uma cooperativa em funcionamento, a Mãos Dadas no bairro Jardim Branca Sales, que atualmente possui uma parceria com a prefeitura para a coleta de recicláveis. Contudo a quantidade de material recolhido é muito baixa para uma cidade com o porte de Ribeirão e muitas vezes a cooperativa ficava desativada por conta da falta de materiais para serem separados.
Ribeirão possui uma central de reciclagem de resíduos da construção civil. Mas o local é destinado apenas para descarte de caçambas. Mas mesmo que uma pessoa tenha restos de alguma reforma feita em casa, não seria certo ela atravessar toda a cidade para descarta-los. E o chamado lixo eletrônico só pode ser descartado na própria Secretaria do Meio Ambiente, no jardim Sumaré. Vale lembrar que o CEDIR (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática) localizado dentro da USP também recebia lixo eletrônico (apenas com agendamento antecipado) mas atualmente o recebimento de materiais está suspenso.
Cooperativa Mãos Dadas - Folha |
Ideia utópica de hoje
Atualização 29/10/2024: em 2019 foi construído o primeiro ecoponto de Ribeirão Preto no bairro Maria Casa Grande (zona norte) e atualmente a cidade conta com seis destes locais para o recebimento de recicláveis e inservíveis. Mais uma proposta que felizmente saiu do papel e tornou-se realidade. Contudo a cidade ainda não possui um programa global de reciclagem eficiente e a Mãos Dadas continua sendo a única cooperativa a realizar a seleção dos materiais recebidos.
Se os ecopontos deram certo em grandes cidades como São Paulo, por que não dariam certo em Ribeirão? Minha proposta seria a divisão da cidade em cinco regiões (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) e organizar os ecopontos de acordo com a demanda de cada região.
O link abaixo é um mapa com todas as regiões separadas por nomes que representam seus bairros.
Total de áreas prevista: 27 ecopontos
Distância máxima de uma residencia até o ecoponto mais próximo: aprox. 2 (dois) quilômetros.
- Zona Norte
- Ecoponto Ipiranga
- Ecoponto Alexandre Balbo
- Ecoponto Simioni
- Ecoponto Campos Elíseos
- Ecoponto Aeroporto
- Ecoponto Tanquinho
- Ecoponto Jóquei Clube
- Zona Oeste
- Ecoponto Parque Ribeirão
- Ecoponto Sumarezinho
- Ecoponto Planalto Verde
- Ecoponto Jardim Itaú
- Ecoponto Campos da USP
- Zona Leste
- Ecoponto Ribeirânia
- Ecoponto São José
- Ecoponto Jardim Paulista
- Ecoponto Lagoinha
- Ecoponto Vila Abranches
- Ecoponto Ribeirão Verde
- Zona Sul
- Ecoponto Alto da Boa Vista
- Ecoponto Nova Aliança
- Ecoponto Irajá
- Ecoponto City Ribeirão
- Ecoponto Bonfim
- Ecoponto Recreio das Acácias
- Ecoponto Saint Gerard
- Ecoponto Country Village
- Zona Central
- Ecoponto Centro
Os ecopontos teriam dimensões de 16m x 21m (totalizando uma área de 336 m²), com espaço suficiente para o recolhimento de galhos, móveis velhos, recicláveis, lixo eletrônico e resíduos da construção civil. O ecoponto usado como base foi o da Vila Sabrina, em São Paulo.
Projeção - Proposta de Ecoponto unidade Ipiranga |
Preferencialmente, os ecopontos deverão ser instalados nas esquinas e próximos de vias com maior fluxo de veículos, o que facilitaria também o acesso aos caminhões para o recolhimento dos materiais.
Vista frontal e lateral |
Todos os ecopontos possuem uma placa com as seguintes informações: denominação, região correspondente, resíduos permitidos e proibidos, telefone do serviço de limpeza pública e logo da cidade de Ribeirão Preto.
Placa indicando o ecoponto |
Os ecopontos teriam o seguinte layout:
- Caçambas para o recolhimento de resíduos da construção. O espaço permite a entrada e saída de caminhões de forma rápida e prática.
- Ponto para recolhimento de recicláveis (papeis e papelão, vidros, metais e plásticos)
- Baia para a guarda de galhos, podas e restos de arvores.
- Baia para o recolhimento de móveis velhos, sejam inteiros ou em pedaços (sofás, camas, armários etc)
- Tulha para o recebimento de lixo eletrônico (PCs, monitores, placas de computador, cabos etc)
- Escritório com banheiro para o funcionário responsável pelo ecoponto.
- A plataforma de concreto para descarte de resíduos de construção teriam aproximadamente 85 cm com rampa, para o acesso de carrinhos de mão, veículos de tração animal ou mesmo populares.
- As baias podem ser cobertas com telhas de fibrocimento, evitando que o material seja molhado com a chuva ou danificado pelo sol forte, deixando-os ainda mais inservíveis.
- O numero de caçambas pode variar de duas a três dependendo da demanda da região onde o ecoponto se localiza, fazendo sua remoção uma vez por semana.
- O horário de funcionamento seria das 8:00 às 19:00 de segunda à sábado, variando a necessidade de abertura aos domingos mediante demanda.
- A secretaria responsável deverá adquirir 6 (seis) caminhões caçamba de entulho, sendo uma para cada região e uma para reserva, caso alguns dos cinco veículos esteja em manutenção, desta forma evitando deslocamentos desnecessários e atraso no serviço de coleta.
Mais algumas imagens do ecoponto proposto:
Uma vez que as novas instalações comecem a funcionar, as estruturas atuais como o ecoponto para lixo eletrônico, a cooperativa Mãos Dadas e o centro de reciclagem de resíduos podem não dar conta da demanda extra, por isso será necessário a construção de um Ecocentro.
Um Ecocentro seria um ecoponto de maiores dimensões, onde todo o material seria tratado e destinado aos locais corretos. O Ecocentro poderia ser construído próximo ao Anel Viário, pois facilitaria o deslocamento dos caminhões e ficando afastado da zona urbana.
Conclusão
Vale lembrar que os ecopontos por si só não resolvem o problema em relação a coleta seletiva de Ribeirão. A administração municipal precisa investir em conscientização ambiental e punição para as pessoas que insistirem em jogar lixo em locais irregulares. Os dois lados precisam se unir nesta causa e assim aumentarmos a quantidade de materiais recicláveis coletados.
Se você gostou da proposta, compartilhe com seus amigos, vizinhos, associação de bairros e cobre dos vereadores, secretaria do meio ambiente e prefeitura! Não digo apenas resmungar e apenas criticar, mas também agir!
Obrigado pela audiência e nos vemos na próxima publicação.
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