terça-feira, 19 de abril de 2016

Modernização de praças

Atualização: 30/01/2017

Uma cidade não é formada apenas por concreto e asfalto; as áreas verdes são muito importantes para aumentar a qualidade de vida dos moradores, proporcionando locais para lazer, práticas de exercícios, pontos para descanso, deixam a temperatura do bairro mais amena e valorizam os imóveis a sua volta. As praças são ótimos exemplos destas áreas verdes.

Quando sua conservação e manutenção são realizadas de maneira constante, as praças podem se tornar até mesmo atrativo turístico para quem visita a cidade. Um verdadeiro cartão de visitas para a vizinhança .

Praça da Sé em SP
Foto via: Estação Sudeste
Saiba mais: As 10 Praças mais famosas do mundo

No Brasil temos alguns exemplos de praças famosas como a Praça Paris no Rio de Janeiro, Praça da República em Belém, Praça da Sé em São Paulo entre outras. Um bom paisagismo e variedade de espécies de árvores aliadas a uma infraestrutura organizada, fazem estas praças serem grandes atrativos para as pessoas.

Praças em Ribeirão Preto

Segundo a Coordenadoria de Limpeza Urbana, Ribeirão possui 210 praças. Entre as mais conhecidas estão a Praça XV, Praça das Bandeiras, e Praça 7 de Setembro, praças localizadas na região chamada Quadrilátero Central (formado pelas avenidas Jerônimo Gonçalves, Francisco Junqueira, Independência e Nove de Julho).

Praça XV no Centro de Ribeirão Preto
Via Tripadvisor
Mas infelizmente conforme vamos nos afastando do Centro, muitas praças possuem pouca ou nenhuma estrutura para acomodar bem seus frequentadores. Algumas passam até meses sem receberem os devidos cuidados. Muitas vezes os problemas vão alem do abandono e acabam chegando em casos de assaltos, vandalismo e até descarte irregular de lixo. Estas são apenas algumas das praças que apresentam problemas.
  • Praça Santo Antônio - Campos Elísios - Em frente a igreja Santo Antônio: ocorrências de furtos e roubos;
  • Praça Francisco Smith - Vila Tibério - Ao lado do PS Central: abandono e presença constante de moradores de rua;
  • Praça Rômulo Morandi - Campos Elísios: equipamentos de ginastica quebrados e falta de iluminação;
  • Praça da Paz - Lagoinha: brinquedos quebrados, calçamento danificado e total falta de lixeiras.
Moradores de rua na praça Pedro Biagi, zona norte.
Via: Google Street View
Em um caso específico da Praça da Paz, existia um projeto incrível mantido pelo ex-metalúrgico José Leonel Damasceno, a FerrLéo Park: uma mini-ferrovia em escala 1:10, com toda a estrutura que uma ferrovia real possui: estações, pátio para manobras, garagem, passagem de nível entre outros.

A mini ferrovia cruzava toda a praça, o que atraía os frequentadores da praça e até pessoas de outras cidades e estados. Infelizmente devido a falta de apoio na manutenção da Praça da Paz, depois de 13 anos permanecendo no local, o idealizador do projeto não teve outra opção que seja a desativação da mini-ferrovia e sua transferência para um hotel fazenda próximo de Sertãozinho. O projeto ajudava a dar vida e movimento a praça.

Mini-ferrovia FerrLéo Park instalada na Praça da Paz, zona leste
Via: Revide e YouTube
Atualização (10/01/2018): Felizmente o idealizador da mini-ferrovia voltou para a praça da Paz e pretende continuar com o belo projeto e aos poucos revitalizando novamente a região.

Também existem casos onde os próprios moradores acabam partindo para a ação ao adotarem áreas verdes que antes encontravam-se abandonadas. Este tipo de interação deve ser encarado como algo voluntário em conjunto com as atividades públicas do setor responsável. 

Saiba mais: Idosas transformam terreno abandonado em praça na zona Norte de Ribeirão Preto, SP

Resumindo, as praças de Ribeirão estão em estado de abandono. O pessoal mais antigo costuma dizer que a cidade já foi uma referência quanto ao bom estado de conservação de suas áreas verdes; qualidade que foi caindo ao longo dos anos. Entre os principais problemas encontrados:
  • Canteiros com mato alto;
  • Falta de iluminação (lampadas quebradas ou fios furtados);
  • Falta de lixeiras;
  • Bancos vandalizados;
  • Falta de mobiliário tipico de praças (parquinhos, mesas de convivência etc);
Tendo em vista os problemas, segue a proposta para suas resoluções.

Ideia utópica de hoje

A ideia é a criação de uma padronização e modernização das praças existentes em Ribeirão Preto. Todas seguiriam um padrão semelhante, facilitando seus trabalhos de manutenção e atraindo novamente os seus moradores. Isso se aplicaria para praças pequenas e grandes, tudo de acordo com sua proporção e demanda de frequentadores. As características de uma praça modernizada seriam as dez a seguir:
  1. Bancos ergonômicos;
  2. Lixeiras funcionais;
  3. Postes de energia autônomos;
  4. Parquinhos e academias ao ar livre;
  5. Bebedouros;
  6. Antenas com sinal WiFi;
  7. Cuidadores de praças;
  8. Paraciclos e estacionamentos;
  9. Espelhos d'água;
  10. Placas de localização.

1 - Bancos ergonômicos

Os bancos das praças de bairros costumam ser de concreto, um material mais prático, de baixa manutenção e resistente a intempéries e vandalismos. Já os bancos de madeira são mais comuns em praças do Centro e praças centenárias devido a sua importância histórica. Mas muitos deles não são vistos do ponto de vista ergonômico.

O principal objetivo da ergonomia é desenvolver e aplicar técnicas de adaptação do homem ao seu trabalho e formas eficientes e seguras de o desempenhar visando a otimização do bem-estar e, consequentemente, aumento da produtividade. Fonte: Significados.com

Um banco com boa ergonomia deixa o frequentador mais confortável e evita que o mesmo apresente problemas nas costas devido a má postura. Isso pode ser aplicado tanto nos bancos de concreto quanto de madeira.

Bancos ergonômicos em uma praça de Passo Fundo - RS
Foto via: Rádio Uirapuru

2 - Lixeiras funcionais

As lixeiras seguiriam um único padrão e com espaço adequado para a condicionar um saco de lixo. Não precisa ser um projeto extravagante, basta ele ser bonito e funcional. Pode parecer exagero destacar algo assim, mas muitas lixeiras de praças ribeirãopretanas nem sequer possuem um saco de lixo. O material é jogado diretamente na lixeira, dando mais trabalho para os coletores realizarem o recolhimento dos materiais.

Uma alternativa inteligente para evitar lixeiras transbordando seria a implantação de lixeiras subterrâneas: estas possuem um reservatório maior no subsolo e removido com o auxílio de caminhões de coleta seletiva. Alternativa muito válida nas praças da região do Centro.
Lixeiras com publicidade em Delmiro Gouveia - AL
Via: Guia Mais Notícias

Lixeira com 2 cestos para descarte em praça de Alegrete - RS
Via: site oficial prefeitura de Alegrete

Lixeiras subterrâneas em Campinas - SP
Foto via: Prefeitura de Campinas

3 - Postes de energia autônomos.

Esta ideia já foi apresentada nas propostas de readequação do parque Maurilio Biagi e na criação da Praça do Lanche na avenida Treze de Maio. Um poste autônomo funciona 100% com energia solar, economizando energia e reduzindo custos de manutenção. Alem disso, em caso de falta de energia no bairro, uma praça com iluminação traria maior sensação de segurança de seus frequentadores e moradores próximos. A adição de um timer aos postes, o que traria ainda mais autonomia ao equipamento.

Postes solares no parque Barigui em Curitiba - PR
Foto via: Gazeta do Povo

4 - Parquinhos e academias ao ar livre.

A administração anterior tem instalado várias academias ao ar livre em diversas praças de Ribeirão. Neste ponto, em partes, a prefeitura tem demonstrado um esforço considerável. Mas o que muitas praças não possuem são os tradicionais parquinhos (também conhecidos como playground), muito comuns no passado. Praças localizadas em bairros com grande presença de crianças carecem e muito deste tipo de estrutura. Os playgrounds são fundamentais para a diversão das crianças e ajudam em seu desenvolvimento pessoal, alem de ajudarem na urbanização do bairro.

Saiba mais: População aprova as Academias ao Ar Livre em Ribeirão Preto

Playground instalado em praça de Vinhedo-SP
Via: site oficial prefeitura de Vinhedo

5- Bebedouros

Ribeirão Preto é uma cidade extremamente quente. Nada mais frustrante do que chegar a um lugar que não possua nem sequer uma torneira para matar a sede. Quando não possuem bebedouro, os mesmos se encontram quebrados ou com defeito. Os frequentadores dos parques Curupira, Maurílio Biagi e Luiz Carlos Raia conhecem bem esta rotina. E se isso acontece em parques tão frequentados, nas praças a situação é ainda pior.

Bebedouros do tipo "aperta fácil" são bastante comuns e seriam a solução perfeita para as praças de Ribeirão. Os equipamentos ficariam em locais de fácil acesso, devidamente protegidos do sol e dotados de hidrômetro para controlar a demanda de uso e possíveis problema de vazamento.  Esta ideia também foi citada na proposta de readequação do parque Maurilio Biagi.

Bebedouro com água gelada em parque de Sorocaba - SP
Foto via: Jornal Cruzeiro do Sul

6 - Antenas com sinal WiFi

Hoje muitas pessoas precisam e dependem do acesso a internet para acessar serviços ou para assuntos relacionados a trabalho ou pessoais. Locais que possuam sinal WiFi são verdadeiros oásis no deserto. Cidades como São Paulo, Bento Gonçalves e Caxias do Sul já oferecem o serviço gratuito para a população. Em Ribeirão Preto existe o serviço chamado Ribeirão Digital, que na teoria, oferece serviço de conexão gratuita em locais com grande fluxo de pessoas como o Mercadão Municipal, parques Maurílio Biagi e Curupira, Cava do Bosque, Terminal Rodoviário entre outros. Digo na teoria pois o serviço tem como pontos problemáticos a dificuldade em realizar o cadastro, sinal bastante fraco e em muitos casos, a ausência de conexão.

Antigo totem indicando a existência de sinal WiFi
no parque Luiz Carlos Raia.
Via: Tripadvisor
Saiba mais: Wi-fi público já era ruim. E (acreditem!) ficou pior

Muitas praças possuem totens indicando que ali deveria ter sinal WiFi disponível, mas que na verdade indicam um serviço que muitas vezes não existe. A Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) funciona como um "departamento de TI" da cidade, criando soluções e desenvolvendo sistemas de informação para os órgãos. Mas assim como muitos setores da administração anterior, ela também é responsável por gerir e administrar prédios como o Parque Permanente de Exposições e cemitério Bom Pastor; algo que não faria o menor sentido para um órgão criado e voltado para o setor de tecnologia. Pelo visto até mesmo a área de TI é tratada de forma amadora e com descaso em Ribeirão Preto.

A Coderp deve ter total autonomia e cuidar apenas da área de sistemas de informação da cidade, melhorando sistemas como o Ribeirão Digital e fazendo-os funcionar de forma eficiente. A instalação e manutenção de antenas WiFi nas principais praças da cidade também ajuda a transforma-las em locais de convivência.

Atualização 09/11/2021: Até o presente momento o projeto Ribeirão Digital foi descontinuado pela prefeitura e a Coderp não está mais na gestão dos cemitérios e parque permanente de exposições.


7 - Cuidadores de praças

Proposta apresentada em Março de 2016. Nela eu explico as vantagens na contratação de pessoas responsáveis pela preservação básica das praças, agilizando o trabalho prestado pela Coordenadoria de Limpeza. Confiram a proposta completa aqui.

Praça bem cuidada em Jussara - GO
Foto via: Notícias de Jussara
8 - Paraciclos e estacionamentos

Nada mais frustrante para um ciclista do que chegar em um local que não possua nenhuma estrutura para prender sua bicicleta. Com exceção dos parques Curupira, Maurilio Biagi e Luiz Carlos Raia, nenhuma praça possui ao menos um paraciclo. Este tipo de equipamento trás mais conforto e segurança ao ciclista, sabendo que poderá trancar sua bike e executar suas atividades na praça como caminhada, corrida ou mesmo um passeio.

Paraciclo instalado na Praça do Ferreira em Fortaleza - CE
Foto via: G1.globo.com
Vale lembrar que já citei a importância de paraciclos e bicicletários em uma proposta de Agosto/2015. Não são estruturas complexas e sua instalação é simples, bastando seguir os conceitos básicos de acordo com normas técnicas.

Alem dos paraciclos, estacionamentos com vagas a 45 graus podem ser bastante úteis em praças com maior fluxo de pessoas. Entre as vantagens estão o número maior de vagas disponíveis e a facilidade na manobra para estacionar, dando mais segurança ao motorista. A intervenção poderia ser feita diretamente na rua ou (no caso de novas praças) diretamente no terreno da praça. Parques Maurílio Biagi e Raia já possuem vagas deste porte. 
Vagas em 45º no entorno do parque Maurílio Biagi.
Via: Google Street View
Saiba mais: Quando é melhor demarcar vagas de estacionamento na transversal?


9 - Espelhos d'água

Em uma cidade quente e com baixa quantidade de árvores em Ribeirão Preto, dispositivos como fontes e espelhos d'água ajudariam a deixar a umidade do ar mais elevada nas praças, reduzindo a sensação de calor de seus frequentadores. Mas infelizmente existem as desvantagens como a criação de focos de dengue em fontes sem manutenção e até o uso delas por moradores de rua como "local para tomar banho". Enquanto fontes como a da Praça XV no Centro estão em constante funcionamento, outras como a da praça Francisco Schmidt (praça ao lado da antiga fábrica da Antárctica e do UBDS Central) estão completamente desativadas.

Vale lembrar que por serem estruturas mais complexas (tanto para instalação quanto para manutenção), precisam de acompanhando dos cuidadores de praças e da Coordenadoria de Limpeza Urbana. Praças com maior arborização teriam prioridade na instalação das fontes, pois as árvores ajudariam a manter o ar menos seco, deixando o ambiente com uma temperatura bastante agradável.

Espelho d'água em uma praça de Amazonas
Foto via: Amazonas é mais
Saiba mais: Espelhos d'água no paisagismo e decoração


10 - Placas de localização

Finalizando, muitas praças de Ribeirão Preto não possuem sequer uma placa indicando seu nome. Placas de identificação e localização podem se tornar pontos de referência para os moradores que vierem de outros bairros.

Funcionários instalando placa de identificação
em praça de Campinas - SP
Foto via: Prefeitura de Campinas
A placa de identificação serve para mostrar o nome da praça, enquanto uma de localização ilustra algum bairro próximo ou ponto de interesse público como um posto de saúde ou escola. Isso ajuda as pessoas a se deslocarem melhor pela cidade.


Os cinco pilares

Todas as ideias aqui apresentadas não terão efeito se forem criadas sozinhas e de maneira isolada. É preciso um planejamento e parcerias de todos os envolvidos no processo. Entre eles são:

  1. Serviço de manutenção programada: Coordenadoria de Limpeza deve montar um cronograma de obras de forma antecipada e programada. Isso é importante para que uma praça não fique com sua manutenção comprometida por atrasos no cronograma (exemplo: uma praça que esteja com seu mato alto por muitos meses seguidos);
  2. Serviço dividido por regiões: Não adianta pegar todos os funcionários do setor e leva-los para uma região deixando as demais aguardando um lugar na agenda de programação. Dividir Ribeirão Preto por cinco regiões de serviço (Norte, Sul, Leste, Oeste e Central) ajuda a dimensionar a equipe e otimizar seus trabalhos. Quanto a otimização, seria feito um levantamento sobre quantas praças e áreas verdes cada região possui e enviar somente o necessário de funcionários e equipamentos para manutenção;
  3. Parceria com empresas: assim como já acontece com os canteiros centrais das avenidas, a prefeitura poderia fechar parcerias com empresas próximas as praças, ficando encarregadas dos custos de manutenção básico. Em troca, a empresa teria direito a uma placa de publicidade na praça em questão. (a lei Cidade Limpa possui regras quanto a este tipo de publicidade, mas que podem ser discutidas entre poder público e empresários, para que ambos cheguem num acordo);
  4. Participação intensiva da GCM: a Guarda Civil Municipal tem a função de preservar o patrimônio público municipal, evitando atos de vandalismo, furtos e assaltos. O patrulhamento preventivo, feito por GCMs a pé, de bicicleta, motocicleta ou viatura, aumenta a sensação de segurança do bairro onde a praça está localizada; 
  5. Participação da população: são os maiores interessados. Devem ajudar na preservação com atitudes como não jogar lixo na via pública, cuidar do patrimônio e sempre alertar as autoridades em casos de atitude suspeita ou descarte irregular de lixo.


Não é uma tarefa fácil no início, mas é algo viável a médio e longo prazo. Basta manter disciplina e planejamento para que esta proposta funcione de forma perfeita. Uma vez em funcionamento, as praças sempre terão sua manutenção em dia, trazendo satisfação para os moradores do bairro e aumentando a qualidade de vida dos mesmos.

Ajude a compartilha-la! Podem existir outras melhores ou esta precise de ajustes. O importante é a troca de ideias e cobrar de nossos administradores públicos (prefeita, vereadores e secretários) melhorias para que deixemos Ribeirão Preto uma cidade mais bonita e eficiente.

Até a próxima postagem!


Links para pesquisa
Teoria das janelas quebradas
Paulínia é a primeira cidade com lixeiras subterrâneas
Parquinho na praça: quais as vantagens desse item para as famílias?

terça-feira, 12 de abril de 2016

Volta do Terminal Carlos Gomes + Calçadão da Catedral

Atualização: 27/01/2017

Dica rápida: as propostas no blog costumam se dividir em Gerais e Específicas. Gerais são aquelas que podem ser aplicadas em Ribeirão e outras cidades. Exemplo: lombadas eletrônicas, cuidadores de praças, ecopontos etc. Específicas são aquelas criadas especialmente para uma região específica de Ribeirão Preto. Exemplo: readequação do cruzamento da Capitão Salomão / Silveira Martins e Costa e Silva, implantação de mão única na Avenida Dom Pedro I, etc.

Talvez esta proposta tenha saído tarde demais, devido aos acontecimentos que estão ocorrendo em Ribeirão nos últimos dias, mas resolvi lança-la mesmo assim para que aprofundemos o debate. A prefeitura anunciou a construção da Estação Catedral, que começaram nesta terça-feira (05/04/16). A principal função será agilizar o embarque e desembarque e proporcionar maior conforto aos passageiros.

Um breve resumo dos fatos nos últimos anos:
  • Inauguração do Terminal Carlos Gomes em 1986.
  • Terminal Carlos Gomes foi readequado e reformado para acomodar os trólebus e re-inaugurado em 1988. O terminal possuía integração física para quem usasse as linhas do sistema trólebus;
  • Desativação dos terminais Carlos Gomes (atualmente praça Carlos Gomes) e Antônio Achê (atualmente o Centro Popular de Compras) em 1999. A proposta do prefeito na época, Luiz Roberto Jábali (falecido em 2004) era "melhorar o trânsito da região central";
  • Deste período até dezembro de 2013 Ribeirão Preto não possuía nenhum terminal urbano para passageiros. Parte das linhas foram remanejadas para a praça das Bandeiras e para as plataformas em frente ao Terminal Rodoviário;
  • Em maio de 2012 foi firmado o contrato de concessão dos serviços de transporte público entre a Prefeitura de Ribeirão Preto e o consórcio Pró-Urbano (formado pelas empresas Rápido D'oeste, Transcorp, Turb e Sertran). Nele estavam previstas a compra de novos ônibus e microonibus, terminais, estações de integração nos bairros entre outros itens pré-estabelecidos. O término da construção dos terminais e estações estavam previstos para o ano de 2015;
  • Conforme foram passando os anos, apenas o Terminal RibeirãoShopping foi entregue no prazo. Já o Terminal Dra. Evangelina de Carvalho Passig foi entregue com atraso, assim como suas plataformas em anexo entre a rua José Bonifácio e avenida Jerônimo Gonçalves;
  • Em Fevereiro de 2016 iniciam-se as obras das estações Bonfim e São José.
  • Começam as obras da Estação Catedral.
Terminal Carlos Gomes em 1954
Via: Lembranças Ribeirãopretanas

Terminal Carlos Gomes - década de 90
Via: Erwin Bus
Terminal RibeirãoShopping

Terminal Dra. Evangelina de Carvalho Passig
Foto via: Galeria da Arquitetura
Do período no início das operações de ônibus em Ribeirão Preto até o ano de 2012, as empresas prestavam o serviço de transporte de passageiros sem nenhum contrato aparente. Com o edital de 2012, as empresas passaram a ter que seguir tais regras em contrato. E foi ai que os problemas aconteceram. Prazos descumpridos, alegação de prejuízo financeiro, aumentos na tarifa injustificáveis e descumprimentos de contrato. Fatores que já seriam suficientes para o cancelamento do edital. Fato que por motivos "desconhecidos" acabou não acontecendo.

O mais absurdo disso tudo é que as permissionárias estão questionando um contrato que elas mesmo assinaram! Se existia falhas ou a chance delas saírem prejudicadas, poderiam ter pedido ratificação do contrato ou até mesmo não aceitarem. Mas a impressão que se teve é: "vamos aceitar tudo isso e depois vamos nos acertando com a prefeitura". O contrato apesar de ser bem detalhado, de nada vale quando os interessados o cumprem.

A novela da Estação Catedral

Segundo o edital, serão construídas cinco plataformas para embarque e desembarque de passageiros: duas na rua Américo Brasiliense, uma na Visconde de Inhaúma e duas na Florêncio de Abreu. As estações da Visconde e Florêncio seriam fechadas, teriam pagamento antecipado (pré-embarque) e as portas seriam acionadas com a chegada dos ônibus. Já as da Florêncio seriam abrigos abertos sem pré-cobrança. As maquetes ficaram expostas na praça das Bandeiras durante alguns meses para que a população pudesse conhecer o projeto.

Maquete da Estação Catedral
Foto via: Ritmo Ribeirão
Estudo preliminar - Estação Catedral
Foto via: Plano de Mobilidade Urbana de Ribeirão Preto
Projeção da plataforma Visconde de Inhaúma
Foto via: G1.globo.com
Plataforma Visconde de Inhaúma em obras
Foto via: arquivo pessoal
A situação da Estação Catedral pode ser comparada a uma típica novela mexicana: cheia de reviravoltas, tramas e muito dramalhão envolvido. A discussão envolve prefeitura, paróquia, Condephaat, vereadores da oposição e entidades. Não existe troca de ideias, existe apenas acusações movidas pela emoção. Até bate-boca em rádio já aconteceu.

Infelizmente todos os lados tem uma parcela de culpa nesta história. Assim como fiz na postagem Distopia, irei ilustrar os culpados:
  1. Prefeitura: a postura da ex-chefe do executivo, Darcy Vera, tem se demonstrado de pura teimosia. Defende a construção das estações como um político em campanha eleitoral. Não aceita sugestões e tenta seguir com a decisão na base do grito. Este temperamento forte da prefeita já foi notado durante os pedidos de internacionalização do aeroporto Leite Lopes, a permanência da Agrishow e a criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.
  2. Paróquia: o padre Francisco Jaber, o padre Chico, tem dado "shows" a parte quando a questão envolve a preservação da Catedral. Chegou a interromper a gravação de uma reportagem da EPTV alegando que os laudos foram roubados por um dos geólogos responsáveis pelos estudos de impacto na rua Florêncio de Abreu. Propostas para a preservação da Catedral? Nunca foram apresentadas. A igreja, ou melhor, o padre Chico apenas não quer isso em seu quintal. No caso o isso representa as plataformas;
  3. Vereadores da oposição: em meio a discussão, chegaram a aprovar um projeto onde proibia qualquer tipo de construção na praça das Bandeiras. Agiram apenas por pura oposição ao governo e de uma forma a responderem os questionamentos cobrados por manifestantes pró-Catedral. Alegam que reúnem-se com especialistas e entidades mas dificilmente compartilham o resultado destas reuniões;
  4. Fieis a favor da Catedral: muitos são informados da situação de forma alarmista sobre o futuro da igreja. Não é dificil encontrar pessoas acreditando que será construído um "terminal rodoviário na praça ou até mesmo que a Catedral seja demolida para a construção do terminal. Estas pessoas vão apenas pela emoção e seguem aquilo que é informado pelo padre Chico.
Catedral x Estações?
Foto via: Folha.com
Protestos em defesa da Catedral
Foto via: G1.com.br
Antes de ilustrar as propostas, ficam as seguintes perguntas para todos os grupos citados:
  1. A Estação Catedral foi apresentada durante o edital criado em 2012. Por que na época a igreja, entidades e vereadores não questionaram a decisão?
  2. Por que a ex-prefeita Darcy insiste tanto na construção das estações na praça das Bandeiras? Foram estudadas outras propostas?
  3. Por que a igreja não propõe soluções de preservação do entorno da praça e catedral?
  4. Em um cenário onde seja embargada a obra e ela não possa ser mais realizada na praça, os abrigos nos pontos continuariam como estão? E a vibração dos carros e ônibus na Florêncio de Abreu não continuariam?
  5. A praça das Bandeiras sempre esteve abandonada, antes mesmo do projeto das estações existir. Ela continuará abandonada com seu mato algo, bancos quebrados, lixeiras vandalizadas e banheiros interditados
  6. Será que muitos fieis são contra as obras justamente por que vão perder sua vaga de estacionamento ao frequentarem a igreja?
Cena bastante comum nos domingos de manhã frente a Catedral
Foto via: Arquivo pessoal
O debate não deve ser político e nem religioso. O debate precisa ser de nível técnico.

Atualização 02/04/2019: com a entrada da nova administração municipal em 2016, o projeto da Estação Catedral - agora renomeada Estação Praça das Bandeiras - foi revisto e novas alterações foram realizadas (aumento na altura das plataformas, troca dos vidros fumês por translúcidos) e enfim a estrutura foi entregue aos usuários em setembro de 2018. As plataformas da rua Florêncio de Abreu foram descartadas, mantendo apenas as duas da Américo Brasiliense e uma na Visconde de Inhaúma.


Plataforma 03 na Estação Praça das Bandeiras
Mais fotos e relação das linhas no álbum
Estação Praça das Bandeiras - Inauguração


Ideia utópica de hoje - 1

Hoje apresento duas propostas a serem discutidas: a volta do Terminal Carlos Gomes (na forma de Estação de Integração) e a criação do Calçadão da Catedral.

Proposta apresentada inicialmente no fórum SkyscraperCity
de Infraestrutura e Transportes.
Muitas pessoas até hoje não entendem o porquê o terminal Carlos Gomes foi desativado. Na época o assunto mobilidade urbana nem sequer existia e muitas pessoas viam o ônibus como um mero estorvo no trânsito ribeirãopretano. Hoje todos percebem que eles são peças importantes para a mobilidade de uma cidade. A proposta seria transferir os pontos de ônibus ao redor da praça Carlos Gomes para o novo terminal. Softwares usados: SkecthUp e Photoshop.


Clique nas imagens para ampliar.






A praça nunca se mostrou um ponto forte para frequentação, sendo usada apenas como apoio para a anual Feira do Livro e Feira do Livro Espirita. Alem disso, com a remoção do terminal, o comercio em sua volta também ficou bastante enfraquecido. Com a volta das plataformas, a região se ergueria novamente.

Abaixo um esquema de como seria a distribuição das linhas:
  • Plataforma A: Destinada para os ônibus que descem a Barão do Amazonas e seguem até a Francisco Junqueira (em sua maioria linhas perimetrais). Teria uma saída junto ao cruzamento da Barão com Duque. Exemplo de linhas: E/N 437 Castelo Branco - Vila Amélia e F/Q 373 Vila Abranches - Ipiranga.
  • Plataforma B: Destinada para os ônibus que sobem a Cerqueira César, é a plataforma mais próxima a calçada. Exemplo de linhas: D 402 - RIBEIRÃO VERDE I D 402 - Ribeirão Verde I e P 607 - Jd. Eugênio Lopes.
  • Plataforma C: Destinada para os ônibus que descem a Barão e fazem conversão na Duque de Caxias, seja sentido Jerônimo Gonçalves ou Tibiriçá. Exemplos de linhas: R108 - Jd. Presidente Dutra e R 308 - Marincek.
  • Plataforma D: Destinada para os ônibus que seguem pela Florêncio de Abreu e passariam em frente a Catedral. Exemplo de linhas: G 103 - Iguatemi e K 205 - Jd. João Rossi.
Legenda com a localização das plataformas
e disposição das linhas que atendem as imediações.

Alguns fatos a considerar:
  • As plataformas seriam no mesmo padrão das construídas no anexo do terminal Dra. Evangelina, com a adição de banheiros, cabines para recarga de cartão e toda a estrutura existente. A ideia seria manter uma estrutura completa, porem mais leve para combinar com o entorno da praça e toda a região;
  • As ruas Duque de Caxias, Cerqueira Cesar, Barão do Amazonas e Jerônimo Gonçalves passariam a ser fortes corredores estruturais de transporte. Isso implicaria na utilização de faixas exclusivas para ônibus com horários pré-determinados (faixas preferenciais não resolveriam). Isso poderia implicar na remoção de vagas de estacionamento na Duque e Barão;
  • Estas ruas precisariam passar por um novo processo de recapeamento, indo alem da tradicional raspagem, para suportar o tráfego extra;
  • Não seria mais necessária a construção do Terminal Centro previsto em contrato, acabando inclusive com um impasse que vem se arrastando a meses entre um estacionamento e prefeitura;
  • Três lombofaixas seriam colocadas, uma em cada rua: Barão do Amazonas, Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, dando acesso as plataformas;
  • Todo o entorno passaria por um processo de revitalização, com sinalização horizontal e vertical adequada, alem da implantação da Zona 30 no entorno da praça, trazendo maior segurança para pedestres, ciclistas e motoristas;
  • As árvores de grande porte que não oferecerem riscos continuariam na praça;














Outras soluções poderiam ser adotadas e discutidas num futuro próximo como a criação de uma linha Circular Centro operada por micro ônibus ou até mesmo a implantação de um VLT (conforme proposta já publicada no blog em 2016), mas no momento a volta do Terminal Catedral seria a solução mais viável.

Ideia utópica do dia - 2

Com a transferência das estações para a Carlos Gomes, a Catedral e a praça das Bandeiras vão precisar de preservação. E é justamente neste ponto que venho tocando em algumas postagens na página Ribeirãotopia no Facebook. Impedir a construção das estações é o primeiro passo. Agora vamos para a preservação do entorno.


Muitas cidade costumam restringir ou até mesmo proibir o trânsito de veículos em regiões no Centro das cidades, transformando as ruas de seu entorno em calçadões. Isso é uma verdadeira demonstração de preservação do patrimônio histórico. A proposta seria exatamente esta: implantar o Calçadão da Catedral, estendendo a praça até as escadarias da igreja.

Calçadão em Aracaju - SE
Via: TripAdvisor
Igreja franciscana em Florença - Itália
Foto via: Gosto de Viajar
A primeira ideia seria a criação de uma Rua Calma nos 100 metros de rua a frente da Catedral, ideia já utilizada em algumas ruas de Curitiba, como forma de reduzir o numero de acidente de trânsito. A velocidade seria limitada a 30 km/h, a rua contaria com pavimento diferenciado e dispositivos de Traffic Calming para evitar excessos da parte dos motoristas e dar mais segurança aos pedestres.

Alias, a prefeitura de Ribeirão Preto poderia utilizar esta ideia aqui na região central. Não é dificil encontrar motoristas e motoqueiros trafegando acima da velocidade permitida no Centro. Aqui no blog vou focar na proposta de proibição total de veículos frente à Catedral.

Abaixo segue uma projeção de como seria a intervenção:

Projeção amadora do calçadão da Catedral
com vista da Visconde de Inhaúma
Foto via: Google Street View
Modificações: Photoshop
Projeção amadora do calçadão da Catedral
com vista da Tibiriçá
Foto via: Google Street View
Modificações: Photoshop
  • Barreiras restritivas (conhecidos como Bollards) seriam colocadas nas esquinas da Visconde e Tibiriçá, impedindo a entrada imediata de veículos. Apenas veículos com autorização poderiam adentrar a área do calçadão;
  • O pavimento usado seria do tipo permeável, ajudando na drenagem das águas pluviais e reduzindo a chance de formação de poças d'água;
  • Com o fechamento da rua, eventos como a tradicional Feira de Arte e Artesanato (Feirinha Hippie) contaria com mais espaço para se instalar. Vale lembrar que em 2009 as barracas foram transferidas da praça para o bolsão de estacionamento em frente a Catedral;
  • O trânsito do entorno sofreria mudanças que os comerciantes teriam alguma resistência para aceitar: Quem seguisse pela Florêncio de Abreu em direção a Rodoviária, precisaria converter na Barão e converter novamente na São Sebastião, onde a faixa de estacionamento a esquerda seria removida para a implantação de uma nova faixa de rolamento;
Rotas sugeridas para um possível fechamento
da Florêncio em frete a Catedral
É fato que muitos comerciantes foram contra a remoção de vagas no pequeno trecho de estacionamento na São Sebastião entre a Barão e a Visconde. Falhas na fiscalização da Área Azul e a permanência de veículos de comerciantes e funcionários nas vagas do Centro, tem dificultado a vida para os verdadeiros interessados: os clientes. Por isso, a remoção das vagas é um mal necessário.

Projeção amadora da São Sebastião
com duas 
faixas de rolamento
Foto via: Google Street View
Modificações: Photoshop
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Esta foi uma das propostas mais complexas que elaborei aqui no blog. Peço desculpas por possíveis erros e aceito sugestões, ideias e críticas sobre os trabalhos aqui apresentados. O foco no blog é a troca de idéias, coisa que está cada dia mais raro de encontrar nos debates sejam reais ou online. Apenas mostro os fatos, não defendo lado A ou lado B. Devemos pensar em soluções para a mobilidade urbana de Ribeirão Preto sem deixar de lado a preservação do patrimônio histórico.

Vamos tentar divulgar a proposta. Infelizmente ela pode ter chegado tarde demais, mas vamos mostrar que existe sempre outra solução.

Até a próxima postagem!