terça-feira, 24 de novembro de 2015

Readequação das ruas Javari, Japurá e Tupinambá (mão única)

Atualização: 25/01/2017

Recentemente algumas ruas do Ipiranga e Vila Albertina tiveram o sentido de direção alterados. Ruas como Bahia, Rio Verde e Rio Maroni passaram a ser de mão única na maior parte de sua extensão. A medida ajuda a distribuir o trânsito desta região de forma a causar menos transtornos e riscos de acidentes. As mudanças podem causar uma certa estranheza no início (principalmente para motoristas que sempre passam por estas ruas), mas no médio e longo prazo estes mesmos motoristas a entenderão e poderão se questionar: Por que não fizeram isto antes?


Desconsiderando a já tradicional "choradeira" dos comerciantes, motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres terão mais segurança e agilidade ao passarem por esta região. Mas muitas outras ruas precisam ser convertidas em mão única e ao mesmo tempo não possuem alternativas fáceis para isso. É o caso da polêmica rua Javari.

Principal via arterial dos bairros

Rua Javari na altura do número 4336
Foto via Google Street View
A rua Javari é um dos principais acessos aos bairros Jardim Presidente Dutra, Jardim Jandaia, Geraldo de Carvalho, Manincek entre outros. A rua tem fluxo constante e intenso de veículos ao longo do dia, alem de ter diversas linhas de ônibus que a utilizam. Quem segue a Rio Maroni (centro-bairro) terá a Javari como única alternativa para estes bairros. O mesmo vale para quem mora no Simioni e precisa ir para o Ipiranga. Claro que a Via Norte poderia servir de alternativa, mas a volta que o motorista precisaria fazer é muito grande.

Rua Javarí e alguns bairros próximos
Foto via WikiMapia
Mas então por que a Javari não pode ser mão única? Porque ela é a única via que cruza estes bairros "de fora a fora". As poucas ruas paralelas a ela, não são contínuas (terminam em becos sem saída) ou ficam muito afastadas. Atualmente a Javari possui uma faixa de cada lado da via, alem de ser permitido estacionar sentido bairro-centro.

É um claro caso de falta de planejamento. Considerando que muitos condomínios foram construídos nas imediações da rua, o número de pessoas que a utilizam é alto. Autorizar edificações deste porte sem ao menos fazem estudos de impacto nas vias locais é um erro gravíssimo, e os bairros que dependem desta via estão pagando um preço caro por isso: congestionamentos, tempo de deslocamento maior, falta de segurança para pedestres e ciclistas, poluição excessiva concentrada etc.

Um dos inúmeros acidentes que acontecem na Javari
Foto via: G1.globo.com.br
Por isso a proposta desta semana é controversa, não sei se é possível, mas não consigo ver outra maneira de amenizar os problemas desta região.

Ideia utópica de hoje

A proposta é a seguinte; a rua Javari passaria a ser de sentido único Bairro-Centro. Com isso passaríamos a ter duas faixas de rolamento e dobrando a capacidade da via. Os estacionamentos à direita da rua poderiam ser mantidos, mas como é uma região com elevado fluxo de ciclistas (o Plano de Mobilidade Urbana de Ribeirão alega que a maior parte dos deslocamentos de bicicleta se concentram na zona norte. Consultar página 27), a criação de uma ciclovia bidirecional seria bastante interessante.

Projeção simplificada da rua Javari sentido Bairro-Centro
com ciclovia bidirecional
Foto via Google Street View / Montagem: Photoshop
Mas e qual rua comportaria a trânsito sentido centro-bairro? A saída seria a rua Japurá, a partir da rua Rio Verde. Por que ela seria uma alternativa polêmica? Porque isso envolveria desapropriações ao longo do percurso. Vamos a elas:

Legenda com os locais de mudança.
Clique em Localização nas descrições para
saber os pontos de conflito.
  1. A rua Japurá tem uma largura suficiente para acomodar este novo tráfego. Alem disso, ela passaria a ser totalmente preferencial, o que envolveria um trabalho de conscientização e fiscalização dos agentes da Transerp nas primeiras semanas. Estamos falando de um dos principais acessos a diversos bairros. Localização.
  2. Ao chegar no cruzamento com a Rio Paraguaçú temos o primeiro problema: a Japurá não fica mais paralela com a Javarí. A saída seria a criação de um acesso por este terreno e assim continuaríamos pela rua Tupinambá, que é a paralela mais próxima da Javari. Localização.
  3. Segundo problema: a Tupinambá termina em uma espécie de chácara, mostrando que esta região não foi pensada de forma a privilegiar a mobilidade urbana. Seria a primeira expropriação. Assim a Tupinambá seria aberta até a rua Francisco Buonvicini. Localização.
  4. Terceiro problema: a Tupinambá termina na rua Domingos Russo. Aqui o processo de expropriação seria mais intenso, com a remoção de aproximadamente vinte e cinco residencias. Localização.
  5. A rua Tupinambá se encontraria com a Japurá, no cruzamento com a rua Vicente Della Ricci. Localização.
  6. A partir dai a rua Javari passaria a ser uma avenida com duas faixas cada lado e canteiro central. Isso envolveria na remoção de mais aproximadamente trinta residências, incluindo alguns comércios. Seria a intervenção mais polêmica e custosa financeiramente. Localização.
  7. A avenida Japurá continuaria até a avenida João Emboaba da Costa, onde seriam feitas novas intervenções que variam de um novo cruzamento ou rotatória, até a implantação de um viaduto ligando a Javari até a avenida José de Laurentis. Localização.
Tudo isso envolveria um trabalho de planejamento por parte da prefeitura e grande envolvimento da população que reside nas imediações. O projeto precisa ser apresentado de forma clara e objetiva, não deixando dúvidas quanto a sua execução. Informações erradas podem gerar entendimentos errôneos e a geração de boatos desnecessários.

Abaixo segue uma projeção com as alterações propostas:


Detalhe do novo cruzamento criado
e rua Javari com canteiro central
Vou ressaltar que não sou engenheiro de tráfego, engenheiro ou qualquer área do tipo. São sugestões vistas a nível de um mero cidadão com leve conhecimento no assunto. Não consegui visualizar nenhuma alternativa melhor para resolver o problema. Mas os comentários ficam a disposição de novas ideias.

Mas por favor, respostas como "Isso é impossível!", "Nunca vai dar certo!" ou "Não funciona" simplesmente não serão aceitas; a não ser que venha uma nova ideia em seguida. Temos que parar de sermos apenas meros reclamões e partir direto para a discussão de ideias e cobranças ao poder público responsável. Esta é a proposta do blog. Quer apenas "reclamar da situação da cidade"? Então sugiro procurarem alguma página no Facebook apenas de "resmungadores".

Agora caso sua contribuição seja boa, bem vindo ao blog!

Até a próxima postagem!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Plano Diretor do Município

Estou preparando algumas propostas mais complexas, de demandam tempo e atenção. Para a semana não passar em branco, segue o link para aqueles que não conhecem o Plano Diretor de Ribeirão Preto. Trata-se de um conjunto de normas e regras que explicam como funcionam todas as principais áreas do município. Simplificando, é uma espécie de manual de instruções que explica detalhadamente como funciona uma cidade.



Links para pesquisa:

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Faixas de segurança recuadas

Dica rápida: se você conhece o blog a pouco tempo, verifique as postagens antigas. São propostas que envolvem mobilidade urbana, planejamento viário e sustentabilidade. 

Sempre enfatizamos que o trânsito não é formado apenas de veículos motorizados individuais (em sua grande maioria carros e motocicletas), mas também de não motorizados (bicicletas), transporte público e pedestres, afinal, no fundo todos nós somos pedestres. E a segurança deles será novamente o assunto de mais uma publicação no blog

Motorista ignorando pedestres durante a travessia
Foto via: IG Ultimo Segundo
Saiba mais: Brasil é o quinto país no mundo em mortes por acidentes no trânsito

Quem nos acompanha sabe que já foram apresentadas duas propostas para melhorar a segurança do pedestre durante a travessia. Uma delas foi a faixa de segurança elevada (mais conhecida como lombofaixa) e a outra foi a faixa iluminada para pedestres. Mecanismos que tem se mostrado bastante eficientes em muitas cidades e que ainda não foram instalados aqui em Ribeirão Preto.

Felizmente algumas cidades tem testado uma nova maneira de deixar as faixas para pedestres mais seguras para quem for fazer a travessia, através de uma mudança de layout absolutamente simples. Nada mais é do que recuar as faixas em relação a esquina que elas estiverem.

Faixa de pedestres recuada em Araras-SP
Via: blog repórter Beto Ribeiro

A principio esta ideia pode não fazer muito sentido, mas a iniciativa funciona da seguinte forma: a grande maioria das faixas para pedestres ficam localizadas muito próximas as esquinas dos cruzamentos (uma vez que o argumento utilizado seria que o pedestre não precisaria sair de sua rota para efetuar a travessia), assim quando um veículo precisar parar para o pedestre atravessar, ele interromperá o tráfego da faixa da qual está saindo, provocando os chamados "congestionamentos fantasmas", provocando lentidão e até mesmo riscos de colisões. Alem disso, quando um veículo precisar entrar na via perpendicular, terá que parar sobre a faixa, dificultando a travessia dos pedestres que precisarem usa-la.

Esquema de travessia convencional
Já com as faixas recuadas, o fluxo da via da qual o veículo está saindo ficará livre, dando mais segurança para o motorista que precisar parar para permitir a travessia de pedestres. Isso também facilitaria para os veículos que precisarem entrar na via, já que a faixa ficará atras do carro, dando uma segurança a mais para o pedestre.


Esquema de travessia recuada

Faixa de pedestres recuada em Jaraguá do Sul - SC
Via: Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul

Vale lembrar que o Manual de Sinalização de Trânsito - Volume IV especifica que as faixas para pedestres devem ficar 1 metro do alinhamento da pista transversal, ou seja, 1 metro da esquina do cruzamento. Portanto, este tipo de adaptação não iria contra as normas estabelecidas no manual de sinalização.

Ideia utópica de hoje

Simplificando, a proposta de faixas recuadas poderia ser muito bem implementada em Ribeirão Preto. Os motoristas locais raramente respeitam e dão passagem para os pedestres. Em situações específicas, o veículo que tentar dar esta preferencia, estará sujeito a ser "repreendido" com buzinas vindas do veículo que estiver atras. Infelizmente este tipo de comportamento selvagem é uma realidade em nossa cidade. Alguns exemplos de cruzamentos onde as faixas são praticamente alinhadas as calçadas, não dispondo de nenhum espaço para que um carro aguarde a travessia.

Cruzamento das ruas São José com Florêncio de Abreu - Centro
Foto via Google Street View
Cruzamento da avenida Independência com
rua Eliseu Guilherme - Jd. Sumaré
Foto via Google Street View
Cruzamento da avenida Treze de Maio com
rua Cravinhos - Jd. Paulista
Foto via Google Street View

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Como podem ver, as faixas ficam exatamente alinhadas com as calçadas perpendiculares. Isso dá uma falsa sensação de segurança ao pedestre e nenhuma área de aguardo para o motorista.

Muitas vezes os projetos mais simples se tornam os mais eficientes. Quando foi a última vez que a Transerp trouxe para Ribeirão Preto novos dispositivos para melhorar a malha viária? Eu pelo menos não me lembro de nenhum recentemente. Alias, nunca soube de nenhum motorista que fora multado por não dar preferência ao pedestre. Todos devemos cobrar por isto! 

Obrigado e até a próxima postagem.

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