Atualização: 27/01/2017
Dica rápida: as propostas no blog costumam se dividir em Gerais e Específicas. Gerais são aquelas que podem ser aplicadas em Ribeirão e outras cidades. Exemplo: lombadas eletrônicas, cuidadores de praças, ecopontos etc. Específicas são aquelas criadas especialmente para uma região específica de Ribeirão Preto. Exemplo: readequação do cruzamento da Capitão Salomão / Silveira Martins e Costa e Silva, implantação de mão única na Avenida Dom Pedro I, etc.
Talvez esta proposta tenha saído tarde demais, devido aos acontecimentos que estão ocorrendo em Ribeirão nos últimos dias, mas resolvi lança-la mesmo assim para que aprofundemos o debate. A prefeitura anunciou a construção da Estação Catedral, que começaram nesta terça-feira (05/04/16). A principal função será agilizar o embarque e desembarque e proporcionar maior conforto aos passageiros.
Um breve resumo dos fatos nos últimos anos:
- Inauguração do Terminal Carlos Gomes em 1986.
- Terminal Carlos Gomes foi readequado e reformado para acomodar os trólebus e re-inaugurado em 1988. O terminal possuía integração física para quem usasse as linhas do sistema trólebus;
- Desativação dos terminais Carlos Gomes (atualmente praça Carlos Gomes) e Antônio Achê (atualmente o Centro Popular de Compras) em 1999. A proposta do prefeito na época, Luiz Roberto Jábali (falecido em 2004) era "melhorar o trânsito da região central";
- Deste período até dezembro de 2013 Ribeirão Preto não possuía nenhum terminal urbano para passageiros. Parte das linhas foram remanejadas para a praça das Bandeiras e para as plataformas em frente ao Terminal Rodoviário;
- Em maio de 2012 foi firmado o contrato de concessão dos serviços de transporte público entre a Prefeitura de Ribeirão Preto e o consórcio Pró-Urbano (formado pelas empresas Rápido D'oeste, Transcorp, Turb e Sertran). Nele estavam previstas a compra de novos ônibus e microonibus, terminais, estações de integração nos bairros entre outros itens pré-estabelecidos. O término da construção dos terminais e estações estavam previstos para o ano de 2015;
- Conforme foram passando os anos, apenas o Terminal RibeirãoShopping foi entregue no prazo. Já o Terminal Dra. Evangelina de Carvalho Passig foi entregue com atraso, assim como suas plataformas em anexo entre a rua José Bonifácio e avenida Jerônimo Gonçalves;
- Em Fevereiro de 2016 iniciam-se as obras das estações Bonfim e São José.
- Começam as obras da Estação Catedral.
Terminal Carlos Gomes em 1954 Via: Lembranças Ribeirãopretanas |
Terminal Carlos Gomes - década de 90 Via: Erwin Bus |
Terminal RibeirãoShopping
Foto via: Edden Brito (Ônibus Brasil)
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Terminal Dra. Evangelina de Carvalho Passig Foto via: Galeria da Arquitetura |
Do período no início das operações de ônibus em Ribeirão Preto até o ano de 2012, as empresas prestavam o serviço de transporte de passageiros sem nenhum contrato aparente. Com o edital de 2012, as empresas passaram a ter que seguir tais regras em contrato. E foi ai que os problemas aconteceram. Prazos descumpridos, alegação de prejuízo financeiro, aumentos na tarifa injustificáveis e descumprimentos de contrato. Fatores que já seriam suficientes para o cancelamento do edital. Fato que por motivos "desconhecidos" acabou não acontecendo.
O mais absurdo disso tudo é que as permissionárias estão questionando um contrato que elas mesmo assinaram! Se existia falhas ou a chance delas saírem prejudicadas, poderiam ter pedido ratificação do contrato ou até mesmo não aceitarem. Mas a impressão que se teve é: "vamos aceitar tudo isso e depois vamos nos acertando com a prefeitura". O contrato apesar de ser bem detalhado, de nada vale quando os interessados o cumprem.
A novela da Estação Catedral
Segundo o edital, serão construídas cinco plataformas para embarque e desembarque de passageiros: duas na rua Américo Brasiliense, uma na Visconde de Inhaúma e duas na Florêncio de Abreu. As estações da Visconde e Florêncio seriam fechadas, teriam pagamento antecipado (pré-embarque) e as portas seriam acionadas com a chegada dos ônibus. Já as da Florêncio seriam abrigos abertos sem pré-cobrança. As maquetes ficaram expostas na praça das Bandeiras durante alguns meses para que a população pudesse conhecer o projeto.
Maquete da Estação Catedral Foto via: Ritmo Ribeirão |
Estudo preliminar - Estação Catedral Foto via: Plano de Mobilidade Urbana de Ribeirão Preto |
Projeção da plataforma Visconde de Inhaúma Foto via: G1.globo.com |
Plataforma Visconde de Inhaúma em obras Foto via: arquivo pessoal |
Infelizmente todos os lados tem uma parcela de culpa nesta história. Assim como fiz na postagem Distopia, irei ilustrar os culpados:
- Prefeitura: a postura da ex-chefe do executivo, Darcy Vera, tem se demonstrado de pura teimosia. Defende a construção das estações como um político em campanha eleitoral. Não aceita sugestões e tenta seguir com a decisão na base do grito. Este temperamento forte da prefeita já foi notado durante os pedidos de internacionalização do aeroporto Leite Lopes, a permanência da Agrishow e a criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.
- Paróquia: o padre Francisco Jaber, o padre Chico, tem dado "shows" a parte quando a questão envolve a preservação da Catedral. Chegou a interromper a gravação de uma reportagem da EPTV alegando que os laudos foram roubados por um dos geólogos responsáveis pelos estudos de impacto na rua Florêncio de Abreu. Propostas para a preservação da Catedral? Nunca foram apresentadas. A igreja, ou melhor, o padre Chico apenas não quer isso em seu quintal. No caso o isso representa as plataformas;
- Vereadores da oposição: em meio a discussão, chegaram a aprovar um projeto onde proibia qualquer tipo de construção na praça das Bandeiras. Agiram apenas por pura oposição ao governo e de uma forma a responderem os questionamentos cobrados por manifestantes pró-Catedral. Alegam que reúnem-se com especialistas e entidades mas dificilmente compartilham o resultado destas reuniões;
- Fieis a favor da Catedral: muitos são informados da situação de forma alarmista sobre o futuro da igreja. Não é dificil encontrar pessoas acreditando que será construído um "terminal rodoviário na praça ou até mesmo que a Catedral seja demolida para a construção do terminal. Estas pessoas vão apenas pela emoção e seguem aquilo que é informado pelo padre Chico.
Catedral x Estações? Foto via: Folha.com |
Protestos em defesa da Catedral Foto via: G1.com.br |
Antes de ilustrar as propostas, ficam as seguintes perguntas para todos os grupos citados:
- A Estação Catedral foi apresentada durante o edital criado em 2012. Por que na época a igreja, entidades e vereadores não questionaram a decisão?
- Por que a ex-prefeita Darcy insiste tanto na construção das estações na praça das Bandeiras? Foram estudadas outras propostas?
- Por que a igreja não propõe soluções de preservação do entorno da praça e catedral?
- Em um cenário onde seja embargada a obra e ela não possa ser mais realizada na praça, os abrigos nos pontos continuariam como estão? E a vibração dos carros e ônibus na Florêncio de Abreu não continuariam?
- A praça das Bandeiras sempre esteve abandonada, antes mesmo do projeto das estações existir. Ela continuará abandonada com seu mato algo, bancos quebrados, lixeiras vandalizadas e banheiros interditados?
- Será que muitos fieis são contra as obras justamente por que vão perder sua vaga de estacionamento ao frequentarem a igreja?
Cena bastante comum nos domingos de manhã frente a Catedral Foto via: Arquivo pessoal |
O debate não deve ser político e nem religioso. O debate precisa ser de nível técnico.
Atualização 02/04/2019: com a entrada da nova administração municipal em 2016, o projeto da Estação Catedral - agora renomeada Estação Praça das Bandeiras - foi revisto e novas alterações foram realizadas (aumento na altura das plataformas, troca dos vidros fumês por translúcidos) e enfim a estrutura foi entregue aos usuários em setembro de 2018. As plataformas da rua Florêncio de Abreu foram descartadas, mantendo apenas as duas da Américo Brasiliense e uma na Visconde de Inhaúma.
Plataforma 03 na Estação Praça das Bandeiras Mais fotos e relação das linhas no álbum Estação Praça das Bandeiras - Inauguração |
Ideia utópica de hoje - 1
Hoje apresento duas propostas a serem discutidas: a volta do Terminal Carlos Gomes (na forma de Estação de Integração) e a criação do Calçadão da Catedral.
Proposta apresentada inicialmente no fórum SkyscraperCity de Infraestrutura e Transportes. |
Muitas pessoas até hoje não entendem o porquê o terminal Carlos Gomes foi desativado. Na época o assunto mobilidade urbana nem sequer existia e muitas pessoas viam o ônibus como um mero estorvo no trânsito ribeirãopretano. Hoje todos percebem que eles são peças importantes para a mobilidade de uma cidade. A proposta seria transferir os pontos de ônibus ao redor da praça Carlos Gomes para o novo terminal. Softwares usados: SkecthUp e Photoshop.
Clique nas imagens para ampliar.
A praça nunca se mostrou um ponto forte para frequentação, sendo usada apenas como apoio para a anual Feira do Livro e Feira do Livro Espirita. Alem disso, com a remoção do terminal, o comercio em sua volta também ficou bastante enfraquecido. Com a volta das plataformas, a região se ergueria novamente.
Abaixo um esquema de como seria a distribuição das linhas:
- Plataforma A: Destinada para os ônibus que descem a Barão do Amazonas e seguem até a Francisco Junqueira (em sua maioria linhas perimetrais). Teria uma saída junto ao cruzamento da Barão com Duque. Exemplo de linhas: E/N 437 Castelo Branco - Vila Amélia e F/Q 373 Vila Abranches - Ipiranga.
- Plataforma B: Destinada para os ônibus que sobem a Cerqueira César, é a plataforma mais próxima a calçada. Exemplo de linhas: D 402 - RIBEIRÃO VERDE I D 402 - Ribeirão Verde I e P 607 - Jd. Eugênio Lopes.
- Plataforma C: Destinada para os ônibus que descem a Barão e fazem conversão na Duque de Caxias, seja sentido Jerônimo Gonçalves ou Tibiriçá. Exemplos de linhas: R108 - Jd. Presidente Dutra e R 308 - Marincek.
- Plataforma D: Destinada para os ônibus que seguem pela Florêncio de Abreu e passariam em frente a Catedral. Exemplo de linhas: G 103 - Iguatemi e K 205 - Jd. João Rossi.
Legenda com a localização das plataformas
e disposição das linhas que atendem as imediações.
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- As plataformas seriam no mesmo padrão das construídas no anexo do terminal Dra. Evangelina, com a adição de banheiros, cabines para recarga de cartão e toda a estrutura existente. A ideia seria manter uma estrutura completa, porem mais leve para combinar com o entorno da praça e toda a região;
- As ruas Duque de Caxias, Cerqueira Cesar, Barão do Amazonas e Jerônimo Gonçalves passariam a ser fortes corredores estruturais de transporte. Isso implicaria na utilização de faixas exclusivas para ônibus com horários pré-determinados (faixas preferenciais não resolveriam). Isso poderia implicar na remoção de vagas de estacionamento na Duque e Barão;
- Estas ruas precisariam passar por um novo processo de recapeamento, indo alem da tradicional raspagem, para suportar o tráfego extra;
- Não seria mais necessária a construção do Terminal Centro previsto em contrato, acabando inclusive com um impasse que vem se arrastando a meses entre um estacionamento e prefeitura;
- Três lombofaixas seriam colocadas, uma em cada rua: Barão do Amazonas, Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, dando acesso as plataformas;
- Todo o entorno passaria por um processo de revitalização, com sinalização horizontal e vertical adequada, alem da implantação da Zona 30 no entorno da praça, trazendo maior segurança para pedestres, ciclistas e motoristas;
- As árvores de grande porte que não oferecerem riscos continuariam na praça;
Outras soluções poderiam ser adotadas e discutidas num futuro próximo como a criação de uma linha Circular Centro operada por micro ônibus ou até mesmo a implantação de um VLT (conforme proposta já publicada no blog em 2016), mas no momento a volta do Terminal Catedral seria a solução mais viável.
Ideia utópica do dia - 2
Com a transferência das estações para a Carlos Gomes, a Catedral e a praça das Bandeiras vão precisar de preservação. E é justamente neste ponto que venho tocando em algumas postagens na página Ribeirãotopia no Facebook. Impedir a construção das estações é o primeiro passo. Agora vamos para a preservação do entorno.
Muitas cidade costumam restringir ou até mesmo proibir o trânsito de veículos em regiões no Centro das cidades, transformando as ruas de seu entorno em calçadões. Isso é uma verdadeira demonstração de preservação do patrimônio histórico. A proposta seria exatamente esta: implantar o Calçadão da Catedral, estendendo a praça até as escadarias da igreja.
Calçadão em Aracaju - SE Via: TripAdvisor |
Igreja franciscana em Florença - Itália Foto via: Gosto de Viajar |
A primeira ideia seria a criação de uma Rua Calma nos 100 metros de rua a frente da Catedral, ideia já utilizada em algumas ruas de Curitiba, como forma de reduzir o numero de acidente de trânsito. A velocidade seria limitada a 30 km/h, a rua contaria com pavimento diferenciado e dispositivos de Traffic Calming para evitar excessos da parte dos motoristas e dar mais segurança aos pedestres.
Alias, a prefeitura de Ribeirão Preto poderia utilizar esta ideia aqui na região central. Não é dificil encontrar motoristas e motoqueiros trafegando acima da velocidade permitida no Centro. Aqui no blog vou focar na proposta de proibição total de veículos frente à Catedral.
Alias, a prefeitura de Ribeirão Preto poderia utilizar esta ideia aqui na região central. Não é dificil encontrar motoristas e motoqueiros trafegando acima da velocidade permitida no Centro. Aqui no blog vou focar na proposta de proibição total de veículos frente à Catedral.
Abaixo segue uma projeção de como seria a intervenção:
Projeção amadora do calçadão da Catedral com vista da Visconde de Inhaúma Foto via: Google Street View Modificações: Photoshop |
Projeção amadora do calçadão da Catedral com vista da Tibiriçá Foto via: Google Street View Modificações: Photoshop |
- Barreiras restritivas (conhecidos como Bollards) seriam colocadas nas esquinas da Visconde e Tibiriçá, impedindo a entrada imediata de veículos. Apenas veículos com autorização poderiam adentrar a área do calçadão;
- O pavimento usado seria do tipo permeável, ajudando na drenagem das águas pluviais e reduzindo a chance de formação de poças d'água;
- Com o fechamento da rua, eventos como a tradicional Feira de Arte e Artesanato (Feirinha Hippie) contaria com mais espaço para se instalar. Vale lembrar que em 2009 as barracas foram transferidas da praça para o bolsão de estacionamento em frente a Catedral;
- O trânsito do entorno sofreria mudanças que os comerciantes teriam alguma resistência para aceitar: Quem seguisse pela Florêncio de Abreu em direção a Rodoviária, precisaria converter na Barão e converter novamente na São Sebastião, onde a faixa de estacionamento a esquerda seria removida para a implantação de uma nova faixa de rolamento;
Rotas sugeridas para um possível fechamento da Florêncio em frete a Catedral |
É fato que muitos comerciantes foram contra a remoção de vagas no pequeno trecho de estacionamento na São Sebastião entre a Barão e a Visconde. Falhas na fiscalização da Área Azul e a permanência de veículos de comerciantes e funcionários nas vagas do Centro, tem dificultado a vida para os verdadeiros interessados: os clientes. Por isso, a remoção das vagas é um mal necessário.
Projeção amadora da São Sebastião com duas faixas de rolamento Foto via: Google Street View Modificações: Photoshop |
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Esta foi uma das propostas mais complexas que elaborei aqui no blog. Peço desculpas por possíveis erros e aceito sugestões, ideias e críticas sobre os trabalhos aqui apresentados. O foco no blog é a troca de idéias, coisa que está cada dia mais raro de encontrar nos debates sejam reais ou online. Apenas mostro os fatos, não defendo lado A ou lado B. Devemos pensar em soluções para a mobilidade urbana de Ribeirão Preto sem deixar de lado a preservação do patrimônio histórico.
Vamos tentar divulgar a proposta. Infelizmente ela pode ter chegado tarde demais, mas vamos mostrar que existe sempre outra solução.
Até a próxima postagem!
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