terça-feira, 18 de maio de 2021

Binário - ruas Aliados e Antônio Milena

O sistema viário de uma cidade pode apresentar conceitos de acordo com a região ou empreendimentos a serem estabelecidos, conforme definidos no Plano Diretor. Vias expressas, arteriais, coletoras e locais são algumas das denominações que urbanistas e engenheiros de tráfego costumam utilizar para desta forma definirem como determinado bairro irá crescer e se desenvolver nos próximo anos.

Um destes conceitos que aparentam ser simples, porem bastante eficiente quando bem implantado é o de vias binárias. A melhor definição para este tipo de intervenção foi citado em um estudo apresentado no 7º Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento Urbano, Regional, Integrado e Sustentável realizado em 2016. Segue abaixo entre aspas:

"As vias binárias de trânsito surgem como uma solução operacional que consiste em transformar vias paralelas e próximas, de mão dupla, em vias de sentido único, podendo vir a contribuir no melhor uso do espaço da via e na diminuição de conflitos entre veículos, pedestres e ciclistas."

Rua General Câmara, binário com a rua Tapajós, bairro Ipiranga
Via: Google Street View

Basicamente quando temos duas vias paralelas, sendo ambas mão única e sentido de circulação opostos, forma-se um binário. Trata-se de uma solução mais viável e imediata para resolver o deslocamento de uma quantidade considerável de veículos entre duas regiões de um bairro ou mesmo entre bairros, sem a necessidade de uma avenida ser construída.

Muitas cidades possuem vias neste tipo de configuração viária, em especial a capital Curitiba, que implantou uma variação deste mesmo sistema chamado Sistema Trinário. O objetivo seria priorizar o transporte coletivo por ônibus rápidos (BRT) em uma via central, margeada por duas vias paralelas calmas, acompanhadas de duas vias expressas paralelas.

Sistema trinário em Curitiba - PR
Via: URBS

Saiba mais: Sistema Trinário de Vias

Entre as vantagens de vias binárias são o melhor direcionamento do fluxo de veículos entre as regiões dos bairros, diluição do tráfego motorizado por vias antes subutilizadas, estimular o comércio local e trazer maior segurança para ciclistas e pedestres.

Binários em Ribeirão Preto

Algumas vias de Ribeirão possuem características de binários e que ajudam para uma melhor organização de veículos nos bairros. Seguem alguns exemplos:

  • Ruas São Francisco e Américo Batista - Ipiranga - zona norte;
  • Ruas General Câmara e Tapajós - Ipiranga - zona norte;
  • Ruas Dr. João Guião e Abílio Sampaio - Vila Virgínia - zona oeste;
  • Ruas Florêncio de Abreu e Lafaiete - Centro;
  • Ruas Henrique Dumont e Camilo de Mattos - Jardim Paulista - zona leste
Claro que existem algumas dezenas de vias nesta configuração, contudo as citadas permitem uma ligação direta e preferencial entre dois extremos dos bairros.

Por conta da ausência de avenidas que estejam totalmente integradas ao sistema viário local, o número de binárias na região norte acaba tendo mais destaque e em alguns casos pequenas intervenções poderiam criar binários ainda mais eficientes e úteis. 

Contudo na região norte existes dois grandes obstáculos que acabam dificultando a criação de novos acessos: dois naturais (córrego dos Campos e Retiro Saudoso) e um artificial (linha férrea da antiga Fepasa).


E o objeto de estudo da proposta desta semana possui problemas em ambas as situações. Vejamos mais detalhes.

Acessos aos bairros Ipiranga e Campos Elíseos

Com poucas alternativas entre estas duas importantes regiões da zona norte, muitas vezes o tráfego de veículos e até mesmo o de pedestres acaba ficando limitado a poucas alternativas de travessia. No caso do binário das ruas Américo Batista / Pernambuco e Dom Pedro II / São Francisco, o problema foi citado em uma proposta de 2015 e felizmente adicionada ao futuro pacote de obras via FINISA - Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento. Brevemente a obra terá seu anuncio de licitação liberado.

Projeto na page oficial na época do anuncio das obras via FINISA

Outro acesso que tem apresentado problemas a muitos anos seria o da rua Aliados com a Via Norte. Por ser uma via de pista simples e mão única, os congestionamentos nos horários de pico tornaram-se constantes nas imediações do cruzamento, o que acaba prejudicando centenas de condutores todos os dias. Todo o tráfego acaba sendo direcionado para uma ponte de pista simples e mão dupla; solução esta que já demonstra sinais de esgotamentos bastante nítidas.

Já a distribuição do trânsito no Ipiranga através da Aliados e Via Norte também se mostra bastante problemática por conta da falta de acessos sobre o terreno da antiga linha férrea. Desta forma as ruas Jaboatão e Rio Madeira ficam como sendo as únicas alternativas de transição disponíveis para os motoristas.

Os poucos e complexos acessos disponíveis ajudam
na formação de congestionamentos nos horários de pico.

Trata-se de uma região em franca expansão e que necessita de readequações viárias urgentes para desta forma minimizarmos os transtornos causados.

Ideia utópica de hoje

Antes de começar, o projeto de uma ponte ligando a Via Norte até a rua Antônio Milena já foi citado e acrescentado ao FINISA. Por isso a proposta desta semana seriam sugestões para que este tipo de intervenção se torne ainda mais eficiente e benéfica para todos.

Projeção de todas as mudanças a serem realizadas.

O objetivo desta proposta seria:

  1. Liberar o acesso do binário Rio Maroni e Rio Verde até a Via Norte;
  2. Definir a rua Antônio Milena como paralela da rua Aliados sentido Saudade;
  3. Definir a rua Aliados como mão única sentido Via Norte;
  4. Interligação entre os binários Ipiranga e Campos Elíseos.
O binário entre as ruas Rio Maroni e Rio Verde já existe, porem terminam justamente no encontro com a linha férrea. Com as demais readequações, seria possível um binário entre as ruas Javari e Guido Golfeto, interligando estes dois bairros.


1) Liberar o acesso do binário Rio Maroni e Rio Verde até a Via Norte.

A área da antiga linha férrea atualmente pertence a União, via ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres. Seria necessário acompanhar os detalhes de como andam os processos de repasse da área para a prefeitura de Ribeirão Preto, para desta forma outros projetos também terem andamento como a duplicação das avenidas Lafayete Costa Couto e Rio Pardo.


Projeção de como seria a rua Rio Verde aberta
alem da via férrea.

Tão logo este problema seja resolvido em definitivo, será possível avançar ambas as vias alem da área da via férrea e assim seguirmos para o próximo passo.


2) Definir a rua Antônio Milena como paralela (binária) da rua Aliados sentido Saudade.

A paralela mais próxima à Aliados seria a rua Antônio Milena. Com isso a via passaria ser mão única em toda sua extensão (sentido Guido Golfeto) a partir da Via Norte, terminando exatamente a frente da maternidade Sinhá Junqueira (Vila Tamandare).


3) Definir a rua Aliados como mão única sentido Via Norte.

Nesta nova configuração, a rua Aliados passaria a ser mão única desde a rua Paris até a Via Norte (sentido Via Norte) desta forma concluindo o binário. Alterações viárias seriam necessárias nas proximidades da maternidade Sinhá Junqueira com a readequação da travessa Esmeralda, incluindo uma provável desapropriação nas imediações das ruas Juvenal de Sá e Onze de Agosto. Isso permitiria uma ligação entre a avenida Paris (Jardim Independência) até a Via Norte.


Desta forma, teríamos o seguinte binário ligando as duas regiões

Observação: caso a alteração de mão única das vias até as proximidades da avenida Guido Golfeto não sejam viáveis por questões operacionais, o binário seria mantido até a rua Luiz Barreto, eliminando as readequações na travessa Esmeralda.


Nota RT: O projeto para a construção da Via Expressa Contorno Norte (córrego do Tanquinho) ainda seria necessário, pois enquanto o binário atenderia o fluxo local de veículos, a via expressa atenderia veículos que precisassem de uma ligação direta entre zona norte e leste da cidade. Lembrando que as vias pertencentes ao binário devem ser vias preferenciais de circulação para que possa permitir melhor fluides entre as regiões do bairro.

4) Interligação entre os binários Ipiranga e Campos Elíseos

Com as vias pré-estabelecidas e readequadas, o último passo seria a junção dos binários Campos Elíseos com Ipiranga. A melhor alternativa até o momento seria:
  • Rio Verde com Antônio Milena: ligação por meio de ponte em nível, conforme o projeto a ser disponibilizado via FINISA;
  • Aliados com Rio Maroni: a princípio foi pensado em uma desapropriação em parte da quadra entre a Via Norte e rua Pará para a construção da via, porem a construção de uma nova ponte em angulo permitiria um acesso mais direto entre estas ligações.

Novos retornos seriam definidos para evitar conversões
diretas a esquerda em relação a Via Norte

Nota RT: Um projeto utópico, porem necessário para longo prazo, seria a Via Norte passar por um completo processo transformando-a em uma via expressa de fato, eliminando todas as intercessões em nível com as ruas dos bairros adjacentes. Mas por hora, ter mais ligações por meio de pontes acaba sendo o melhor projeto apresentado até então.

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É gratificante ver que algumas das sugestões já apontadas pelo blog no passado puderam ser acrescentadas a um pacote de obras oficial da prefeitura. Isso mostra que estamos no caminho certo e que todo trabalho de divulgação de ideias é muito importante.

Vamos continuar com nossas sugestões e continuar cobrando o poder público para que estas sejam discutidas e, quem sabe um dia, implementadas. A população ribeirãopretana também é muito importante para que estas ideias possam sair do papel. Sejamos mais ativos nas rotinas de nossa cidade!

Obrigado e até a próxima publicação.


Links para pesquisa

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE VIAS BINÁRIAS COMO SOLUÇÃO OPERACIONAL NO PLANEJAMENTO DO TRANSPORTE PÚBLICO URBANO (em PDF)

Estudo técnico de viabilidade para implantação de binário de trânsito nas Avenidas Regis Pacheco e Centenário - Vitória da Conquista - BA

Saiba a importância e o impacto dos binários no trânsito das cidades

terça-feira, 11 de maio de 2021

Projeto Esquinas Seguras

Quando falamos de segurança viária, a organização e disposição dos veículos em ruas e avenidas é fundamental para evitarmos congestionamentos desnecessários ou mesmo minimizar os riscos de acidentes de trânsito. Uma das situações que demandam maior atenção de todos os condutores é a travessia de cruzamentos.

Eles são inevitáveis no planejamento urbano das cidades. Mesmo que alternativas como rotatórias, alças de acesso e viadutos possam ser viáveis, os cruzamentos em nível fazem parte do sistema viário, seja ele semaforizado ou com sinalização de trânsito padrão correspondente.

Cruzamento em São Paulo - SP
Via: Quatro Rodas

No entanto, uma situação que pode ser bastante incômoda para os condutores seriam o momento antes de cruzarem uma via semaforizada. Uma má organização viária pode acabar gerando irritação e ansiedade aos envolvidos, aumentando as possibilidade de colisões.

Segue uma projeção dos principais tipos de problema que um cruzamento pode apresentar:

  1. Falta de sinalização adequada: a ausência de uma simples faixa divisora de fluxo acaba gerando uma fila de carros em uma área onde seria perfeitamente possível a disposição de dois veículos em paralelo;
  2. Falta de fiscalização: mesmo com placas indicando a proibição de estacionamento, sem o trabalho de agentes de trânsito muitos motoristas acabam sendo atraídos pelo comodismo e impunidade ao estacionarem seus veículos em um trecho com sinalização bastante clara alertando a norma de trânsito vigente;
  3. Falta de espaço para bicicletas e motocicletas: com a falta de definições de estacionamento específicos para estes veículos, muitos condutores acabam deixando-os em locais inadequados como entre carros ou juntos a postes e sinalizações de trânsito;
  4. Pedestres em risco: nos cruzamentos com trânsito intenso, é comum que muitos pedestres acabem preferindo atravessar entre os carros que aguardam para cruzarem a via ao inves de se deslocarem para a faixa de segurança mais próxima.
Olhando para um simples cruzamento muitas pessoas não tem ideia de como ele pode tornar-se perigoso ou complicado para todos. E a proposta desta semana tratará justamente sobre ideias para que os problemas possam ser minimizados ou até mesmo eliminados.

Ideia utópica de hoje

As readequações aqui apresentadas podem ser aplicadas em vias transversais com vias arteriais ou coletoras de caráter comercial no intuito de ajudar na disposição e organização de veículos enquanto aguardam sua preferência de passagem, tendo prioridade em cruzamentos semaforizados a uma distância mínima de 50 metros a partir das esquinas. 

Acompanhe as projeções com exemplos reais:

Projeção virtual de um cruzamento readequado de acordo
com as propostas citadas abaixo.
  1. Divisão clara de faixas de rolamento;
  2. Proibição de estacionamento;
  3. Reforço na sinalização horizontal e vertical;
  4. Bolsão de estacionamento para motocicletas;
  5. Paraciclo para bicicletas;
  6. Gradis de segurança;
  7. Deslocamento de pontos de parada para ônibus
1) Divisão clara de faixas de rolamento

Em vias mais estreitas, a criação de uma faixa de rolamento adicional pode ajudar motoristas a realizarem conversões com segurança, reduz os riscos de colisões em saídas de semáforos e dobra a capacidade de veículos que cruzarem a via.


Faixas de rolamento e ilha de segurança em Curitiba-PR
Via: Prefeitura de Curitiba

2) Proibição de estacionamento

Proibir o estacionamento em um dos lados da via é fundamental pois somente assim seria possível a implantação de uma segunda faixa de rolamento, alem de permitir conversões obrigatórias mais seguras. Esta medida não precisa ser adotada em toda a quadra que antecede o cruzamento, bastando apenas alguns metros conforme as normas pré-estabelecidas no manual de sinalização viária brasileira.


Problemas causados por veículos estacionados próximo de esquinas
Via: Blog do Tarugão

3) Reforço na sinalização horizontal e vertical

Setas indicativas de posicionamento na pista para a execução de movimentos (PEM), placas de proibido parar e estacionar, linhas de bordo e MACs (Marcação de Área de Conflito) são importantes pois alertam os motoristas sobre a importância de manterem um comportamento seguro nas proximidades do cruzamento. 


Sinalização horizontal em rua de Vacaria-RS
Via: Prefeitura de Vararia


4) Bolsão de estacionamento para motocicletas

Os bolsões de estacionamento tem sido utilizados nas regiões centrais para uma melhor organização de motocicletas, evitando que as mesmas acabem estacionando entre os demais veículos ou mesmo em locais proibidos. O espaço de um veículo convencional seria suficiente para acomodar aproximadamente cinco motocicletas.

A princípio parecem poucas vagas, mas se levarmos em consideração que todos os cruzamentos da via arterial terão pequenos bolsões, os benefícios desta implantação poderão ser interessantes.


Bolsão para motos no Centro de Penápolis-SP
Via: Prefeitura de Penápolis


5) Paraciclos para bicicletas

Assim como os motociclistas, os ciclistas também contariam com paraciclos do tipo U invertido para assim poderem deixar suas bicicletas em segurança. Novamente o espaço destinado para um veículo convencional permitiria um paraciclo para até 10 bicicletas.


Paraciclo em Fortaleza-CE
Via: Prefeitura de Fortaleza

Nota RT: Neste processo apenas duas vagas de estacionamento para carros seriam extintas, porem com a abertura do bolsão e paraciclos os clientes que precisassem utilizar a região comercial teriam uma opção segura para estacionarem seus veículos, alem de desestimular o uso do carro nesta região.

6) Gradis de segurança

Os gradis são barreiras físicas de aproximadamente 1,5m de altura que tem o objetivo de direcionar os pedestres para o local correto onde devem realizar a travessia. São colocados em vias com fluxo intenso de veículos e pedestres. No caso destas esquinas, um conjunto de gradis próximos a esquina ajudariam a desestimular o pedestre em atravessar de maneira irregular e ajuda a inibir estacionamentos de veículos junto a guia.


Gradis na avenida Jerônimo Golçalves em Ribeirão Preto-SP
Via: Arquivo pessoal

7) Deslocamento de pontos de parada para ônibus

Em situações onde a via seja itinerário de linhas de ônibus urbanas, uma simples readequação no ponto de parada pode ser algo viável. Mantendo o abrigo antes do cruzamento, o coletivo fará apenas uma parada para embarque ou desembarque independentemente se o semáforo estiver aberto, desta forma, ganhando mais agilidade e evitando paradas excessivas.


Ponto de parada em Campinas-SP
Via: Google Street View

Observações extras:

  • Serviços de infraestrutura básica como recapeamento ou verificação de possíveis pontos de vazamento de água devem ser feitos com antecedência para evitar futuras interdições desnecessárias;
  • Uma campanha de conscientização seria bastante benéfica para alertar e orientar os motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres sobre as mudanças na via;
  • Não optei em inserir faixas recuadas para motocicletas pois acredito que este tipo de sinalização tenha mais efetividade em avenidas ou vias coletoras com maior fluxo de veículos;
  • A quadra em continuidade do cruzamento poderá sofrer outras alterações para assim melhorar em conjunto as readequações aqui já citadas;
  • Este tipo de projeto pode ser adotado como padrão em todas as vias que venham cruzar com corredores estruturais de transporte coletivo.

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Esta é uma daquelas propostas com temática mais simplificada, porem que podem trazer bons resultados em relação a segurança viária e organização do trânsito. Caso tenha achado-a interessante, compartilhe com seus amigos e representantes de entidades relacionadas ao urbanismo e mobilidade. Ajudem para que esta ideia seja ouvida, discutida e implantada pelo poder executivo.

Obrigado a todos e até a próxima postagem.


Links para pesquisa

Capital paulista tem aumento de 66% nas vendas de bicicletas em 2020, diz associação

App ajuda motociclista a estacionar em São Paulo

Bolsão de moto agrada motociclistas

Mobilidade Urbana iniciou cronograma da semana com sinalização na Avenida Medianeira e na José Bonifácio

terça-feira, 4 de maio de 2021

Iluminação pública em LED

Durante o crescimento e desenvolvimento das cidades, a iluminação pública foi um dos fatores que contribuíram bastante para que os cidadãos pudessem continuar parte de suas rotinas também no período noturno. Também foi importante para que a sensação de segurança ao dirigir aumentasse consideravelmente, reduzindo o número de acidentes por conta da falta de iluminação.

No entanto a eletricidade como nós conhecemos ainda não existia. Assim desta forma, os primeiros postes de iluminação tinham lampiões que eram abastecidos com querosene, gás, azeite e até mesmo óleo de baleia (tudo isso em meados do século XVIII). Também era comum a presença de um antigo profissional: os acendedores de lampião, que "ligavam" os postes de forma manual por meio de uma vara comprida com a ponta embebida com platina. Desta forma, eram estes acendedores que garantiam a iluminação das ruas das cidades.

Acendedor de lampião
Via: Brasil, meu Brasil Brasileiro

Com o avanço das tecnologias no setor de energia elétrica, logo os postes de iluminação passaram a ser ligados diretamente em redes próprias sem a necessidade de intermediários. Hoje a iluminação pública é algo bastante padrão e básico como a infraestrutura básica de uma cidade (asfalto e redes de água e esgoto). E esta tecnologia continua em pleno avanço.

Todos os governos (federais, estaduais e municipais) passaram a ser responsáveis em criar regulações para o setor, com a criação de taxas de iluminação pública que garantiriam que não faltasse recursos para manutenções de postes ou expansão do sistema. Atualmente a ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica - é a responsável em regular, fiscalizar e implementar políticas relacionadas ao uso da energia elétrica no Brasil.

Avenida Cardoso de Sá em Petrolina - PE
Via: blog Waldiney Passos

Avenida em Curitiba - PR
Via: Prefeitura de Curitiba

Saiba mais: Serviço Público de Distribuição de Energia Elétrica

No estado de São Paulo, a empresa CPFL é uma das principais distribuidoras e com maior participação de mercado. No mapa da ANEEL é possível conhecer todas as demais que atual no estado.

Distribuidoras da região Sudeste, em destaque CPFL Paulista
Via: ANEEL

A partir de 2010, a ANEEL estabeleceu que as prefeituras passariam a ser as responsáveis pelos serviços de iluminação pública de seus municípios. Tal discussão resultou em muitas ações na justiça tentando reverter a decisão. Em Ribeirão Preto por exemplo, a administração na época consegui vencer tal ação e assim o serviço de iluminação pública voltou a ser de responsabilidade da CPFL.

Porem isso acabou gerando uma queda na qualidade do serviço prestado, resultando em longas filas de prioridade para a troca de postes antigos, manutenção de lâmpadas e transformadores, entre outras reclamações relatadas por cidadãos.

Saiba mais: Prefeituras são responsáveis pela manutenção da iluminação pública

Isso acabou prejudicando inclusive a modernização do sistema em relação a sistemas de fiação subterrânea e troca dos modelos de lâmpadas por outras de tecnologia mais econômicas e eficientes.

Foram criadas alternativas para tentar diminuir os custos deste serviço para as prefeituras, como a abertura de linhas de crédito para cidades ou Parcerias Público-privadas focadas na iluminação pública.

E isso nos traz até o tema desta proposta.


Iluminação pública em LED

Atualmente a grande maioria das lâmpadas nos postes das vias ribeirãopretanas são do tipo vapor de sódio (luz amarelada) e vapor metálico (brancas) proporcionando uma iluminação de tom amarelada bastante característica em vias locais e uma iluminação mais branca em algumas das principais avenidas. Por isso muitas cidades tem realizado a troca destas lâmpadas pelas de LED de cor branca. Estas por sua vez possuem muitas vantagens perante as tradicionais de sódio como:

  1. Luz mais forte: as lâmpadas de LED possuem um faixo de luz mais amplo, iluminando uma maior área e reduzindo o número de postes ao longo da via;
  2. Melhor identificação de objetos: por terem um tom mais claro, fica mais fácil a visualização de pessoas, veículos, mobiliário urbano e demais objetos ao longo da via;
  3. Ampliação da sensação de segurança: vias com iluminação deficitária acabam sendo locais onde criminosos acabam praticando crimes como furtos, roubos e assaltos, com a vantagem de não serem identificados facilmente. Com a iluminação em LED, os pontos de sombra são eliminados e ajudam desestimular ações de bandidos mantendo todo o ambiente com visualização bastante clara e limpa;
  4. Maior tempo de vida útil: com menos manutenção e facilidade na instalação, estas lampadas costumam ter uma durabilidade maior em relação as lâmpadas de sódio, reduzindo o número de manutenções dos postes de iluminação. Estas lâmpadas não costumam esquentar, o que garantem maior durabilidade no equipamento, consequentemente reduzindo o número de trocas.
  5. Custo menor de energia: a tecnologia LED permite que seja gerada mais iluminação com menor custo na produção de energia, gerando uma grande economia aos cofre públicos. 
  6. Menos danos ao meio ambiente: os materiais que as lampadas LED são fabricados não emitem radiação, o que evita que caso sejam descartadas em locais inadequados, não poluam o meio ambiente;
  7. Maior conforto visual: o tom mais claro proporcionado pelas lampadas LED permitem que a visão fique mais confortável ao visualizar os objetos no ambiente.
Iluminação em LED em ciclovia na cidade de Sinop - MS
Via: Só Notícias

Antes e depois da troca de iluminação em avenida
de Caxias do Sul - RS
Via: Prefeitura de Caxias do Sul

Avenida em Boa Vista - RR
Via: pagina Romero Jucá
Faixa de pedestres iluminada em Manaus-AM
Via: Blog do Hiel Levy

As vantagens da iluminação em LED são bastante evidentes e podem ser ainda mais potencializadas com outras melhorias como a fiação subterrânea ou geração de energia por fontes sustentáveis como placas fotovoltaicas (energia solar).

Os locais onde estas lampadas podem ser instaladas é bastante variado. Seguem alguns exemplos:

  1. Vias diversas;
  2. Faixas de pedestres adaptadas;
  3. Abrigos para pontos de ônibus;
  4. Áreas externas de prédios públicos;
  5. Praças e parque públicos;
  6. Pontes e viadutos;
  7. Pistas de caminhada e ciclovias;
Exemplos reais

A cidade de Gentil no Rio Grande do Sul foi a primeira do Brasil a ter sua iluminação pública substituída por LED em 100% das vias. Outras cidades como Santa Terezinha - SC, Feira de Santana - BA, diversas cidades na Paraíba e até grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo já começaram a implantar as novas lampadas através de PPPs.

Também temos casos de cidades que neste momento tem iniciado a renovação de sua iluminação pública. Uberlândia por exemplo, tem focado a instalação de lampadas LED em suas principais avenidas.

Santa Terezinha - SC
Via: O Presente

Largo em cidade na Paraíba
Via: Blog do Marcelo José

Avenida em São Paulo  - SP
Via: Pedra pequena

Na região de Ribeirão Preto, São Carlos iniciou em fevereiro de 2021 a troca das tradicionais lâmpadas de sódio pela tecnologia LED que, segundo a própria prefeitura, não irá gerar gastos para a administração pública. Aos poucos todas as principais vias da cidade passarão a ter sua iluminação renovada.

Poste em avenida de São Carlos recebendo lampadas de LED
Via: Prefeitura de São Carlos

Sabia mais: São Calor recebe nova iluminação pública com luzes de LED


Ideia utópica de hoje

Com tantos exemplos e argumentos positivos, este seria o momento para Ribeirão Preto passar por uma atualização e modernização no sistema de iluminação pública trocando as atuais lâmpadas de vapor de sódio pelas eficientes lâmpadas em LED.

Atualmente apenas a área da USP de Ribeirão Preto e os calçadões do Centro contam com este tipo de iluminação. Recentemente o parque Maurílio Biagi também passou a ser iluminado com lampadas LED.

Região da zona oeste durante a noite. A diferença na iluminação
branca na região da USP e HC Campus se faz bastante nítida.
Via: acervo pessoal

Calçadão da rua General Osório, Centro de Ribeirão
Via: Tripadvisor

Parque Maurílio Biagi com nova iluminação interna em LED.
Via: Prefeitura de Ribeirão Preto

Em nível de cidade, apesar da decisão da ANEEL em obrigar as distribuidoras a passarem a responsabilidade na manutenção de iluminação pública para Ribeirão, em 2015 por uma apelação apresentada pela prefeitura, foi decidido que a CPFL Paulista continuasse como responsável pela manutenção do sistema.

Para que possa acontecer a troca das lâmpadas de LED, seria preciso uma modernização na rede de iluminação atual da cidade. Contudo a CPFL não manifestou sinais que isso possa ser feito nos próximos anos. A melhor forma de insistir para que a rede de Ribeirão seja atualizada seria a prefeitura apresentar projetos e orçamentos, alem de citar exemplos de cidades que conseguiram iluminação em LED por meio de PPPs, mesmo sendo a CPFL a concessionária responsável.

Rua em Ribeirão Preto com iluminação amarelada
Via: ACidade ON

Região da avenida João Fiúsa em Ribeirão com
iluminação com lampadas de sódio
Via: Clacri
Avenida Fernando Ferreira Leite em Ribeirão. Inaugurada
em 2020 porem com iluminação convencional.
Via: Multiplan

No curto prazo, o projeto poderia privilegiar as principais avenidas, praças e parques públicos da cidade, como uma espécie de "piloto" para assim podermos planejar novas ações para que toda Ribeirão Preto tenha sua iluminação trocada por LED.

Em um momento que a administração atual prega o slogan "Global e Acolhedora", este tipo de intervenção poderia trazer bons frutos no futuro para a cidade. Alem disso a troca da iluminação pública por LED foi citada na última campanha eleitoral de 2020 pelo atual prefeito reeleito Antônio Duarte Nogueira, ou seja, este seria o momento ideal para trazer esta promessa a tona e torna-la realidade.

Menos custos com energia, aumento na sensação de segurança e valorização da paisagem urbana para investidores e turistas. São vantagens que valeriam a pena para todos nós.

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Gostou da proposta? Ajude a compartilha-la com seus amigos e vizinhos. Cobre de seu vereador e deputado estadual eleito uma posição sobre este assunto; seja na forma de verbas quanto em alternativas de negociação com a concessionária de energia.

Não podemos perder mais este bonde da evolução. O momento para cobrarmos por melhorias é agora.

Obrigado a todos que seguiram a publicação até aqui e nos vemos na próxima!


Links para pesquisar:

Como funciona a iluminação pública?

Acendedor de lampiões

As origens da iluminação pública no Brasil

Iluminação pública: de quem é a responsabilidade?