terça-feira, 13 de junho de 2017

Revitalização da Avenida Nove de Julho

Normalmente toda as cidades possuem uma avenida que seja mais lembrada que as demais, seja por rota viária mais conveniente, forte comércio local ou importância histórica. Várias avenidas foram mencionadas em publicações posteriores no blog, e hoje gostaria de falar sobre uma das mais tradicionais avenidas de Ribeirão Preto; estamos falando da Nove de Julho.

Inaugurada em 1922, esta avenida faz divisão do Centro (quadrilátero central) com a zona sul e leste da cidade. Inicialmente chamada de avenida Independência, o nome Nove de Julho foi oficializado em 1939 em homenagem a data de início da Revolução Constitucionalista de 1932.

Avenida Nove de Julho, década de 50
Via: grupo Lembranças Ribeirãopretanas

Saiba mais: Avenida Nove de Julho - Dados históricos

Atualmente a avenida fica entre as ruas Amador Bueno e o viaduto Ayrton Senna que passa sobre a avenida Francisco Junqueira / Maurílio Biagi, tendo aproximadamente 2,4 km de extensão, onde 1,07 km são pavimentados com paralelepípedos. Maiores detalhes adiante.

Cruzando outras duas importantes avenidas de Ribeirão - Independência e Presidente Vargas - a Nove de Julho era muito conhecida por seus grande casarões construídos no auge da época do café na cidade. Aos poucos os mesmos foram dando lugar para novos imóveis tomando a configuração abaixo:

- Nove de Julho; entre Amador Bueno e Presidente Vargas: comércio diversificado, prédios públicos, vasta rede bancária e farmacêutica, alem do clube da Recra - Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto existente desde 1906.

Avenida Node de Julho próximo a Sete de Setembro
Foto via: Patrimônio Ribeirão
- Nove de Julho; entre Presidente Vargas e Portugal / Viaduto Ayrton Senna: predominância em imóveis destinados a clinicas e consultórios particulares e restaurantes tipo fast food, alem de um supermercado da rede Savegnago inaugurado recentemente.

Avenida Nove de Julho próximo a Vicente de Carvalho
Foto via: Arquivo Pessoal

Raio X sobre a Nove de Julho

A avenida possui 8 metros de largura sendo duas faixas de rolamento sendo uma para estacionamento junto ao canteiro central e calçadas de 9 metros de largura; levando em conta que o recuo frontal dos lotes tem 4,5 metros (lembrando que tratam-se de medidas aproximadas).


Outro detalhe é que apesar de ser proibido o estacionamento paralelo a canteiros centrais (artigo 181, capítulo XV - VIIII), existe a regulamentação permitindo por meio da placa R-6b - Estacionamento regulamentado.

Ainda sobre o canteiro central, o mesmo possui 6,5 metros de largura, tendo seu piso pavimentado com antigos ladrilhos portugueses e o plantio de dezenas de Sibipirunas em toda sua extensão, formando um corredor verde bastante denso nesta região da cidade.

Avenida Nove de Julho
Foto via: Folha
Obelisco no centro do cruzamento das avenidas
Independência e Nove de Julho
Foto via: Tripadvisor
Corredor verde na Nove de Julho
Foto via: Folha
Portanto a avenida Nove de Julho possui uma importância histórica muito importante para a cidade, alem de ser um forte corredor de serviços, tanto que foi tombada pelo Condephaat em 2008 como patrimônio histórico do município. Mas mesmo com este título, a via tem recebido pouca atenção do poder público nos últimos anos.


Os "problemáticos" paralelepípedos

Uma das maiores reclamações de motoristas e pedestres são os paralelepípedos. Este tipo de pavimento é presente entre as ruas Tibiriçá e avenida Independência e começaram a ser calçados por volta de 1949. O maior problema não seriam os paralelepípedos em si (já que na proposta de Revitalização do Quadrilátero Central foram citadas suas vantagens) mas sim a sua falta de manutenção.

Blocos mal posicionados trazem perigo para motoristas e motociclistas
Foto via: Folha
Carro passando em grande poça d'água na Nove de Julho
Foto via: ACidade ON
Saiba mais: Falta de manutenção em avenida histórica irrita motoristas em Ribeirão

Como a via não recebe reparos significativos desde seu calçamento, o trânsito de veículos ao longo dos anos tem feito com que buracos e desníveis fossem surgindo no pavimento. Em 2013 a prefeitura chegou a anunciar um projeto de recuperação do piso da Nove de Julho. Quatro anos se passaram e nada foi feito até o momento.

Os desníveis em alguns pontos da avenida tem se tornado bastante perigosos para motoristas, motociclistas e até mesmo para pedestres (seja por risco de queda na travessia ou de serem atingidos por água e lama por conta dos buracos na via). Outro fator que ajudou a deterioração da avenida é a falta de manutenção adequada e até mesmo falta de funcionários adequados para o serviço. Sendo assim tão logo um reparo na rede de água fosse realizado, os paralelepípedos são colocados de maneira incorreta, gerando desníveis e a formação de pontas causadas pelo mal posicionamento do bloco na via.

Detalhe para paralelepípedo solto na Nove de Julho
Foto via: ACidade ON
O canteiro central também possui problemas, que vão desde a queda de arvores que não foram devidamente vistoriadas, até mesmo ao calçamento do canteiro que pode provocar quedas de pedestres e dificuldades para idosos e cadeirantes.

Obs: mesmo com poucos recursos, o então secretário da Coordenadoria de Limpeza Urbana Marcelo Reis conseguiu realizar um trabalho de revitalização no calçamento do canteiro central da Nove de Julho.


Outro problema apontado são os carros estacionados junto ao canteiro central. Mesmo sendo permitidos, a total ausência de faixas tracejadas dividindo as pistas impede a formação de duas faixas de rolamento. Entre os problemas de segurança, a avenida costuma ser ocupada por guardadores de carros, ou como são mais chamados os flanelinhas, gerando insegurança e revolta dos motoristas, pois estão sendo cobrados de maneira ilegal por estacionarem em uma área devidamente autorizada pelo poder público.

A situação viária da avenida é complicada pois enquanto o PAC da Mobilidade anunciado em 2012 prevê a implantação do corredor estrutural Leste / Oeste 1, a mesma prefeitura inicia estudos para a implantação de Área Azul na Nove de Julho.

Dificilmente dois carros conseguem se posicionar de forma paralela na via.
A direita da foto, veículos estacionados junto ao canteiro
Foto via: ACidade ON
Nota-se que esta avenida histórica vem sendo tratada com bastante descaso pelas ultimas administrações e nada foi anunciado de novo pela atual. Costumamos nos maravilhar com prédios e ruas históricas de outras cidades da região e de outros estados, mas quando temos algo semelhante em nossa própria cidade, costumamos ser críticos e insensíveis, muitas vezes até desejando que a avenida seja destombada "em nome do progresso".
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Falta de manutenção da Av. Nove de Julho é alvo de reclamações

É possível mantermos um patrimônio histórico como este preservado. Mas é preciso responsabilidade e disciplina.

Ideia utópica de hoje

A proposta de hoje, em especial ao aniversário de 161 anos de Ribeirão Preto, foca na revitalização da avenida Nove de Julho, de maneira permanente a título de torna-la melhor transitável para todos, sem perder a ligação com o passado.

Abaixo as ideias foram divididas em sete tópicos:

1) Recuperação do pavimento;
2) Implantação de Zona 30;
3) Fiação subterrânea;
4) Acessibilidade (rampas e reparo de calçadas);
5) Proibição de conversões a esquerda;
6) Restrição de veículos pesados;
7) Remoção das vagas de estacionamento.

Lembrando que outras podem ser incluídas por sugestões nos comentários do blog ou Facebook.

1) Recuperação do pavimento

A ideia é remover temporariamente os paralelepípedos de maneira gradual (quadra a quadra) e realizar a devida manutenção, incluindo checagem do sistema de água e esgoto da via e refazer a compactação do solo. As bocas de lobo seriam refeitas e seu entorno tratada com concreto para maior resistência ao trânsito da via. Tão logo o aterro seja finalizado, os blocos seriam novamente colocados na via.

Rua recebendo calçamento de paralelepípedos em Sertânia - PE
Foto via: Blog do Finfa
2) Implantação da Zona 30

As Zonas 30 são vias onde a velocidade dos veículos é limitada a 30 km/h e implantadas em regiões com grande concentração de pedestres. Esta medida a princípio pode soar como polêmica, pois trata-se de um importante corredor viário de Ribeirão Preto. Mas sabendo que os paralelepípedos em si já estimulam a redução da velocidade da via, oficializar uma velocidade máxima passa a ser necessário. Isso diminuiria o número de acidentes causados por excesso de velocidade.

Zona 30 em avenida no bairro Santa Cruz - RJ
Foto via: Educação Para Trânsito
Desviar o trânsito para as vias paralelas neste caso não seria eficiente, já que estas ruas possuem diversas interrupções, impedindo que sejam utilizadas como rotas alternativas.

3) Fiação subterrânea

Trata-se de aterrar os fios de energia, telefone e internet sob a calçada, reduzindo a poluição visual e reduzindo custos de manutenção. Esta proposta já foi publicada em março de 2017. Clique e conheça maiores detalhes.

Projeção do cruzamento da Nove de Julho com
Independência com fiação subterrânea

4) Acessibilidade (rampas e reparo de calçadas)

Grande parte das esquinas da Nove de Julho possuem rampas para acesso de cadeirantes. O problema neste caso é o angulo entre a rampa e o pavimento, que costuma ser bastante acentuado e irregular, exigindo um grande esforço por parte do cadeirante, até maior do que se não tivessem tais rampas. A ideia da rampa é trazer agilidade ao usuário de cadeira de rodas para atravessar a via.

Rampa de acessibilidade adequada em Bonito - MS
Foto via: Site da Prefeitura de Bonito

5) Proibição de conversões a esquerda

Medida que deveria ter sido implantada a muito tempo. As conversões a esquerda muitas vezes acabam congestionando a via por conta do pouco espaço disponível para manobras. As conversões podem ser aplicadas nas vias paralelas e tachões de concreto deverão ser implantados, assim como já é realizado na avenida Independência.

Avenida em Curitiba onde a conversão e retorno a esquerda são proibidos
Foto via: Bem Paraná

6) Restrição de veículos pesados

Esta ideia precisa ser vista com cautela. A princípio apenas caminhões teriam restrição parcial de horário ou restrição total para tráfego de utilizarem a avenida. As vias paralelas (ruas João Penteado e Quintino Bocaiuva) poderiam não terem espaço suficiente para a passagem de veículos de grandes dimensões. Com a implantação da Zona 30, esta restrição poderia ser evitada. 

Quanto aos ônibus, são 4 linhas que utilizam a via e desvia-las também poderia trazer prejuízos aumentando o tempo de viagem.

Caminhão realizando descarga fora do horário
permitido em rua do Rio de Janeiro - RJ
Foto via: O Globo
7) Remoção das vagas de estacionamento

Implantar a Área Azul na Nove de Julho (assim como na Dom Pedro I) é uma medida completamente equivocada, entretanto manter os veículos estacionados também é algo controverso. Seria preciso estudo para verificar se as ruas próximas conseguiriam absorver as vagas suprimidas da avenida. Uma alternativa radical seria a construção de pequenos edifícios garagem em pontos estratégicos da avenida (proposta já publicada em 2015 no blog).

O espaço também poderia ser utilizado aos finais de semana pelos moradores para atividades de lazer e cultura, tão qual era a proposta do Ruas Abertas Nove de Julho, atualmente desativado pela administração municipal.

Trecho da Nove de Julho em um final de semana. Espaço extra
permitiria melhor fluxo de veículos e possível implantação de ciclovia
Via: Mapio.net

Programa Ruas Abertas Nove de Julho
durante o período que funcionava na cidade.
Via: Revide

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Infelizmente por conta da incompetência de governos anteriores, muitos moradores acabam se mostrando contrários ao tombamento da avenida. Esta solução também não irá resolver os problemas. Vimos que existem discussões sobre o problema desde 2013 e na prática nenhuma solução definitiva foi tomada.

Claro que existem outras avenidas de Ribeirão que merecem atenção tanto quanto esta. Mas neste caso estamos lidando com um patrimônio da cidade, e por mais que muitos sejam contrários, a história deste nosso cartão postal precisa ser preservada e readaptada para a atual realidade. 


Obrigado e até uma próxima postagem.


Links para pesquisa
O pavimento de paralelepípedo
Asfalto x Paralelepípedo

terça-feira, 6 de junho de 2017

Sistema Trinário e revitalização - Av. Dom Pedro I

Durante o mês de junho serão publicadas propostas especiais em comemoração ao aniversário de Ribeirão Preto - que completará 161 anos no dia 19 - que poderiam ser encarados como verdadeiros "presentes" para os ribeirãopretanos. Acompanhem.

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Novamente o blog volta a citar a avenida Dom Pedro I, principal via de acesso para diversos bairros da zona norte de Ribeirão Preto. A primeira vez foi para lançar a proposta onde foi sugerida a conversão da avenida em mão única sentido Bairro-Centro, enquanto a rua paralela André Rebouças receberia o tráfego no sentido Centro-Bairro. Foi uma proposta polêmica e que teve a opinião de alguns frequentadores do blog e página no Facebook.

Avenida Dom Pedro I em Ribeirão Preto
Foto via: Folha

Saiba mais: Conversão da Av. Dom Pedro I em mão única

Apesar da proposta ser publicada em 2015, em abril de 2017 o Jornal da Clube fez uma reportagem conversando com moradores que também sugeriram que a avenida fosse convertida para mão única. Novamente as opiniões foram diversas entre aqueles que apoiam tal medida e aqueles que se manifestam contrários.


A princípio são dois motivos para a avenida ser tão discutida. Um deles é pelo trânsito intenso na via presente em quase todos os horários do dia. Grande parte dos motoristas utilizam a Dom Pedro I como rota de passagem, ou seja, para irem de seus bairros até o lado oposto da cidade ou mesmo até o centro. Acrescente a isso os motoristas que utilizam a avenida como destino fim (utilizar o comércio e serviços existentes, alem de trabalhadores destes mesmos comércios e serviços).

Outro fator bastante significativo seriam as mais de 17 linhas de ônibus que utilizam parcialmente ou totalmente a avenida Dom Pedro I, muitas delas linhas binárias (par de linhas onde uma faz a rota de ida e a outra faz a rota de volta). São linhas radiais, circulares, perimetrais e diametrais dividindo um espaço entre centenas de carros de passeio ao longo do dia.

Ônibus radial linha S 580 - Alexandre Balbo parado em ponto de embarque
Foto via: Google Street View
Obs: desconsidere na busca as linhas O 107 - SumarezinhoV 187 - Heitor Rigon-HC, onde a primeira apenas aparece como sugestão próxima a avenida e a segunda apenas cruza a avenida.

Não podemos deixar de mencionar os pedestres, uma vez que estamos falando de uma avenida com grande concentração de comércios. Uma forma de minimizar as dificuldades na travessia, foi a implantação de semáforos para pedestre em todos os cruzamentos da via. Mesmo sendo uma boa alternativa, não é dificil visualizarmos motoristas e motoqueiros desrespeitando este semáforo, resultando em atropelamentos graves.

Já o outro motivo seriam os constantes acidentes que acontecem na via, onde quase todos acontecem de maneira bastante violenta e por motivos de pura imprudência dos condutores.


Acidente entre ônibus e caminhão guindaste na Av. Dom Pedro I
Foto/imagem via: Jornal da Clube
Obs: No momento que estou preparando esta proposta, infelizmente mais um acidente fatal veio acontecer na avenida Dom Pedro I na noite do dia 04 de junho (domingo).


A polêmica Área Azul

Mesmo com tamanhos problemas apontados acima e que serão melhor detalhados a seguir, a prefeitura de Ribeirão Preto por intermédio da Transerp está iniciando estudos para a implantação da Área Azul na avenida Dom Pedro I, visando trazer rotatividade as vagas existentes.



É uma medida que vai completamente contra ao projeto de modernizar e agilizar o trânsito da avenida Dom Pedro I. Muitas quadras sequer possuem vagas pelo fato destas já terem guia rebaixada e recuo frontal. Espero sinceramente que a prefeitura reconsidere esta medida, pois no momento o mais indicado seria a remoção total destas vagas de estacionamento ao longo da via. Sacrificar uma possível melhoria em nome de 180 vagas de Área Azul é no mínimo insanidade e pura mesquinharia.


Muitas pessoas se mostraram contra a criação da Área Azul na avenida Dom Pedro, sendo que muitos querem é a eliminação destas vagas em uma tentativa de trazer mais agilidade ao trânsito com a adição de uma terceira faixa a via.


Isso foi levado em conta depois que a Transerp anunciou a criação da terceira faixa de rolamento em parte da avenida Presidente Vargas, zona sul de Ribeirão Preto. Apesar da proibição ser de maneira parcial (entre as 7:00 e 20:00, tendo o estacionamento liberado fora deste horário), a medida promete trazer mais agilidade ao trânsito principalmente nos horários de pico.

Avenida Presidente Vargas com a terceira faixa implantada
Foto/imagem via: EPTV


Análise e principais problemas

Conforme já foi publicado em proposta anterior, a avenida possui duas faixas de rolamento em cada sentido e faixa de estacionamento em ambos os lados. Considerando que a avenida tenha 15 metros de largura, isso resultaria em faixas de rolamento com largura aproximada de 2,7 metros e faixas de estacionamento com 2,1 metros.

Projeção - Av. Dom Pedro I atualmente
Via: Steetmix
Projeção 3D - Av. Dom Pedro I atualmente
Os principais problemas existentes na avenida são:

- Faixas de rolamento estreitas: se a via recebesse apenas veículos de passeio, a largura das vias seria satisfatória. Mas estamos falando de um importante corredor viário para a zona norte com presença maciça de ônibus e caminhões, alem de veículos de menor porte que possuem maior largura. Junto a isso temos a faixa de estacionamento que muitas vezes também é constante a parada de caminhões, obrigando o motorista a mudar de faixa.

Veículos de maior porte estacionados dificultam a passagem
dos demais veículos na via.
Apesar da largura mínima recomendada nestes casos ser de 2,50 m (via coletora de pista simples), se formos considerar o grande número de veículos que utilizam a avenida - inclusive de transporte coletivo - até mesmo a largura aproximada de 2,70 se mostra inadequada.

- Excesso de velocidade: não é dificil vermos veículos chegando até 70 km/h na Dom Pedro, principalmente motoqueiros. Mesmo a velocidade máxima de 60 km/h é alta para os padrões atuais da avenida. Não existe nenhuma placa indicando a velocidade máxima e tão pouco radares de velocidade ou para avanço de sinal, o que estimula ainda mais a impunidade de motoristas infratores.

- Principal via de acesso: se o trânsito da avenida se mostra bastante pesado, um dos principais fatores seria a falta de alternativa para os bairros da região norte como José Sampaio, Dom Miele e Parque das Andorinhas. A Dom Pedro é o único acesso rápido que o motorista tem disponível, sendo os demais pouco atrativos e confusos devido a falta de sinalização indicativa.

Acessos para zona norte de Ribeirão Preto
Moradores do Ipiranga e Vila Albertina possuem apenas a rua General Câmara como alternativa para a Dom Pedro I, enquanto os moradores do Alto do Ipiranga e Sumarezinho podem seguir até a avenida Rio Pardo, em acessos bastante precários.

- Faixa de estacionamento: assim como foi citado na proposta de 2015, muitas vezes as faixas de estacionamento da avenida são utilizadas por funcionários e comerciantes da Dom Pedro I, e muitas vezes usadas também como "mostruário" para seus produtos, como é o caso das revendas de carros usados presentes na avenida.

Carro estacionado a venda em revenda na Dom Pedro I
Foto via: Google Street View.
Obs: a imagem é de 2012, mas é possível ver que na atualização
do site em 2015 também é possível ver outro carro parado para venda.
- Falta de paisagismo adequado: nos últimos meses a Dom Pedro I vem sendo escolhida por empresários para a instalação de comércios de ramo alimentício como sorveterias, casas de salgados e pontos de venda de açaí; alem do comércio tradicional e vasta rede bancária. Mesmo assim o paisagismo da avenida é bastante precário, com a total falta de lixeiras, bancos, placas de orientação, calçadas inadequadas e em alguns casos ocupadas por produtos de lojas ou mesmo carros de clientes.

Uma situação que vem se arrastando a pelo menos um ano, é a total falta de iluminação da praça Pedro Biagi, em frente a escola municipal Alfeu Luiz Gasparini. O local fica completamente escuro a noite, trazendo insegurança aos moradores e frequentadores dos comércios que abrem a noite naquela região.

Ponto de ônibus na praça Pedro Biagi no bairro Ipiranga
ao lado da avenida Dom Pedro I
Foto/imagem via: EPTV

Os problemas são vários, e implantar vagas de Área Azul na região não irá alivia-los.


Alternativas sugeridas

Algo que todos são unânimes em dizer é que as vagas para estacionamento devem ser removidas da avenida. Caberia agora saber como seria a nova configuração da via.

Uma ideia defendida por alguns usuários do fórum SkyscraperCity Infraestrutura e Transporte seria aumentar a largura das faixas de rolamento, mantendo duas para cada lado da avenida. Com isso cada faixa teria 3 metros de largura, ainda sobrando um espaço de 1,5 metro de largura para duas ciclovias unidirecionais em ambos os lados da avenida.

Esta poderia ser uma alternativa de curto prazo para resolver parte dos problemas da Dom Pedro I.

Projeção - Avenida Dom Pedro I com vagas removidas
Via: Streetmix
Outra alternativa enviada via página no Facebook seria transformar a faixa de estacionamento em faixa para ônibus, mantendo as duas faixas de rolamento em ambos sentidos da via. Infelizmente esta alternativa é fisicamente impossível por um motivo: segundo o Manual de Sinalização Urbana - Circulação Prioritária de Ônibus (pág. 16), a largura mínima recomendada para um faixa exclusiva para ônibus deve ser de 3,5 metros com o uso de tachões.

Corredor de ônibus em São Paulo
Foto via: Gazeta Virtual
O máximo que poderia ser implantado seria a faixa exclusiva para ônibus e uma faixa de rolamento em cada sentido da via. O espaço de 1 metro que restaria para cada lado da avenida poderia ser transformado em ciclovia unidirecional ou mesmo a calçada ser ampliada.

Por fim, uma alternativa de maiores dimensões seria a abertura da avenida Rio Pardo, desde que a mesma tenha a devida ligação com a Via Norte e Dom Pedro I. Lembrando que esta proposta já foi publicada no blog em janeiro deste ano.



Ideia utópica de hoje

Parte de todas as ideias sugeridas serão aproveitadas, alem de outros adendos que serão acrescentados via sugestões recebidas pelo fórum Skyscrapercity. A proposta desta semana visa implantar um Sistema Trinário de Vias, alem de uma recuperação em todo o paisagismo da avenida Dom Pedro I.

O sistema trinário foi implantado em Curitiba na década de 70 como alternativa para organizar o sistema de transporte da cidade por meio de corredores estruturais, alem de definir novos parâmetros de zoneamento dos imóveis comerciais e residenciais em seu entorno.

Ilustração do sistema trinário de Curitiba - PR
Foto via: URBS
Diagrama ilustrando o sistema trinário de Curitiba - PR
Foto via: IPPUC
Visão dos corredores estruturais e vias calmas em Curitiba - PR
O projeto na época consistia em três vias com funções diferentes: no centro uma via exclusiva para transporte público e duas vias lentas para os demais veículos que precisassem acessar os comércios, serviços e residências.

Paralelamente duas vias rápidas em direções contrárias que vão em direção ao Centro e bairros. Alem disso foi incentivada a construção de edifícios de alta densidade, para que assim mais pessoas tenham acesso direto ao transporte público.

A ideia seria implantar o sistema trinário na região da avenida Dom Pedro I, usando também as paralelas André Rebouças e Maranhão. Para as projeções, foram usados o quadrilátero formado pelas ruas Espírito Santo e Bahia.





Os tópicos abaixo trazem maiores detalhes sobre a proposta:

1) Via central, avenida Dom Pedro I;
2) Vias paralelas, ruas André Rebouças e Maranhão;
3) Renovação de paisagismo;
4) Acessos para as vias paralelas;
5) Regras para novas construções.

Assim como toda nova ideia, esta poderá causar certa desconfiança, tendo em vista que não existem exemplos nas cidades da nossa região, sendo Curitiba uma das pouquíssimas que se arriscaram com este sistema e tem apresentado bons resultados em mobilidade urbana.

1) Via central, avenida Dom Pedro I

As mudanças na Dom Pedro I visam dar prioridade para os veículos que precisarem acessar os serviços disponíveis na avenida, seja por estacionamentos conveniados ou recuos defronte aos estabelecimentos comerciais. As vagas de estacionamento junto a calçada seriam removidas e no lugar seriam implantadas as faixas exclusivas para transporte público com 3,5 metros de largura conforme manual de sinalização urbana.

A segunda faixa seria dos demais veículos, sejam de passeio ou carga, alem de motocicletas e ciclistas. A faixa teria 4 metros de largura para melhor se adequar ao tráfego da região. Por ser uma região com grande presença de pedestres, a velocidade da via seria reduzida transformando-a em uma Rua Calma (sugestão entre 40 a 50 km/h) e radares de velocidade seriam instalados na via para evitar excessos.

Visão geral Av. Dom Pedro I. Via seria utilizada por veículos
que fossem utilizar os serviços disponibilizados em comércios
e prestadores de serviços.

Cruzamento Dom Pedro com Espirito Santo

Abrigo em ponto de ônibus devidamente sinalizado

Os corredores seriam de pavimento rígido (concreto), o que traria
maior durabilidade ao material, menor custo de manutenção e
menos danos ao piso em caso de frenagens bruscas. 

Visão próxima da nova Av. Dom Pedro
Obs: apesar da faixa exclusiva para ônibus, os veículos terão que adentra-la para acessar os lotes. Neste caso a Transerp poderia adaptar a sinalização alertando que os motoristas poderiam ter acesso a faixa desde que seja apenas para manobras rápidas.


2) Vias paralelas, ruas André Rebouças e Maranhão

Todos os demais veículos que utilizam a avenida apenas como passagem, agora cruzariam o bairro pelas vias paralelas devidamente adaptadas e sinalizadas. A princípio seriam implantadas duas faixas de rolamento e mantido o estacionamento do lado esquerdo da via, o que pode ser revisto caso a demanda de veículos aumente consideravelmente, assim implantando uma terceira faixa. As duas ruas receberam trabalho de recapeamento em 2016, o que reduzirá os custos de manutenção, cabendo a Transerp em fazer a sinalização de solo como faixas seccionadas, linhas de bordo e demarcadores de área de conflito.

Todos os cruzamentos com as demais ruas locais e coletoras passariam a ser semaforizados e sincronizados com a via principal, permitindo uma melhor organização nos deslocamentos de veículos que desejarem acessar a Dom Pedro I. O tempo semafórico para pedestres também se estenderia para estes novos semáforos.

Cruzamento da Maranhão com Espirito Santo

Via semi-expressa seria utilizada para veículos que estão sentido
bairro-centro (ou vice-versa) apenas para passagem

Rua André Rebouças cruzamento com Bahia

André Rebouças com Espirito Santo. A via traria maior agilidade
para veículos de emergência.
Outra vantagem seria o rápido deslocamento de veículos de emergência como ambulâncias, corpo de bombeiros e polícia, por se tratar de uma via com três faixas e sentido único, o que traria agilidade aos veículos.

Obs: as ruas André Rebouças e Maranhão possuem em sua grande maioria lotes residenciais, o que poderá gerar críticas por parte dos moradores. Será preciso um eficiente trabalho de divulgação sobre as novas mudanças viárias.


3) Renovação de paisagismo

A ideia é atrair novamente os clientes para a avenida e fomentar o comércio local. Ações como promoções pontuais, cartões fidelidade, comércios voltados para a alimentação e divulgação e decorações especiais em datas festivas, como o natal por exemplo, trazem valorização a uma região que pouco investiu nos últimos anos.

As calçadas seria adaptadas para trazer total acessibilidade aos pedestres, assim como a instalação de mobiliário urbano adequado. Bancos, lixeiras, placas de orientação e plantio de árvores de pequeno porte trazem uma atmosfera mais agravável a avenida. Também seria analisada a possibilidade de um projeto de fiação subterrânea, trazendo melhor visibilidade as fachadas das lojas e demais imóveis.

Arvores de porte médio seriam plantadas ao longo da avenida

Lixeiras e placas de localização para pedestres.
Saiba mais: Ruas completas


4) Acessos para as vias paralelas

Trechos como as entradas para a Dom Pedro precisariam de obras para readaptação, a título de incentivar que os motoristas só acessem a avenida caso forem realmente utiliza-las. Segue abaixo:

4a) Acesso centro-bairro: o motorista que vier pela avenida Capitão Salomão fará conversão a direita na rua Rio Grande do Sul e subiriam a André Rebouças até a antiga linha férrea desativada, fazendo conversão a esquerda e seguindo até chegar novamente a Dom Pedro I.


4b) Acesso bairro-centro: este seria o mais complicado pois envolveria desapropriações. O motorista que vier da Luiz Galvão Cesar tão logo cruzasse a passagem de nível desativada, converteria a direita até chegar na rua Maranhão. Desceria normalmente a via até chegar no cruzamento com a Rio Grande do Sul, onde seria preciso um novo acesso para o motorista seguir pela Capitão Salomão. Lembrando que no local existe uma via de retorno para os motoristas que desejaram sair da Via Norte.



5) Regras para novas construções

Esta ideia é muito mais profunda e precisaria ser proposta da discussão do novo Plano Diretor, que será votado ainda este ano. Uma das novas regras seriam sobre os tipos de construções que seriam aprovados nas quadras que fizessem parte do sistema trinário, incentivando a construção de prédios residenciais de maior densidade ou novos empreendimentos comerciais já adaptados com recuo frontal.

Um exemplo prático é a própria rua Maranhão que já possui dois conjuntos residenciais bastante próximos e a construção de uma torre residencial em fase final de obras. Também é comum encontrarmos grandes galpões em diversos pontos da André Rebouças.

Condomínio Parque Requinte. Bastante próximo da rua Maranhão
Foto via: Google Street View
Condomínio na esquina das ruas Piauí e Maranhão
Foto via: Google Street View
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Alguns tipos de intervenções viárias podem parecer exageradas ou mesmo sem sentido quando as olhamos de maneira limitada. Já quando as analisamos de forma mais profunda, conseguimos entender o seu real propósito. A avenida Dom Pedro I está chegando ao seu limite e em pouquíssimo tempo os problemas existentes apenas serão multiplicados.

E o crescimento da cidade não para. Em breve teremos mais de 7000 novas residências no loteamento anunciado a alguns meses, o Vida Nova Ribeirão. São milhares de novas pessoas que precisarão chegar a outras regiões da cidade e que obrigatoriamente irão passar pela avenida Dom Pedro I.

Ribeirão Preto estará preparada? Infelizmente não. Por isso o momento de agirmos é este! Ajude a compartilhar a proposta, comente, opine, faça-a chegar até nossos representantes e cobre respostas.

Menos discussão de problemas; mais busca por soluções.


Obrigado e nos vemos na próxima postagem.



Links para pesquisa
MANUAL DE SINALIZAÇÃO URBANA - Circulação Prioritária de Ônibus
Sistema viário organizou a cidade e induziu o desenvolvimento de Curitiba
Sistema Trinário de Vias