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Sistema de Recuperação Asfáltica

Atualização: 01/02/2017

Proposta sugerida por Cantídio Maganini

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O asfalto é visto como "simbolo de modernidade" em muitas cidades brasileiras, uma vez que ele é associado ao progresso e desenvolvimento. Mas o que poucos sabem sobre este tipo de concreto é que sua história é bem antiga.

Existem vestígios que as primeiras vias pavimentadas com asfalto surgiram na Babilônia entre os anos de 625 e 604 A.C, com asfalto retirado de lagoas de piche. A partir de 1909, o asfalto passou a ter petróleo em sua composição ao invés do extraído em lagoas naturais. No Brasil, o trecho entre as cidades de Cordeirópolis e São Carlos em 1952 foi uma das primeiras vias asfaltadas do país.

Saiba mais: A origem do asfalto


Asfalto -  Definição e tipos

Segundo o site EcivilAsfalto é um material betuminoso, escuro, de estrutura sólida, sendo resíduo da destilação a vácuo do petróleo bruto.

Pedra de asfalto bruto
Foto via: Ecivil
Existem variações dos tipos de asfaltos existentes. Fazendo uma comparação, o pavimento de uma rodovia é bem diferente ao de uma via com tráfego local. Este é um dos fatores que vai determinar o tipo de material utilizado, sua durabilidade (tempo de vida útil), custo de implantação e manutenção. Um exemplo prático: temos uma via local que sempre teve um tráfego considerado baixo (formado em sua maioria por veículos de moradores que residam nas proximidade), e por uma decisão da prefeitura, esta via começasse a receber um grande número de linhas de transporte coletivo. Com o tempo, este asfalto passaria a sofre grandes danos causados pelo excesso de uso e peso excessivo dos ônibus que por ali agora passam.

O processo de pavimentação de uma via é extremamente técnico, por isso é fundamental que apenas empresas com alto grau de qualidade e profissionalismo executem este tipo de trabalho. Dentre os tipo de asfalto existentes, os mais conhecidos são:
  • Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBQU): é o mais utilizado no Brasil. São indicados para vias de tráfego intenso e pesado.
  • Emulsões Asfálticas para Pavimentação (EAP): são misturas usinadas a frio. Mais baratos e indicados para vias com baixo volume de tráfego e pequenos reparos.
O procedimento para a pavimentação segue em quatro etapas básicas como: Preparo da Base (1), Compactação da Base (2), Lançamento da Mistura Asfáltica (3) e Compactação do Asfalto (4).

Esquema de capeamento asfáltico

Saiba mais: Pavimentação asfáltica - tipos de revestimento, maquinários e cuidados na contratação de serviços.

Rua sendo asfaltada em Santarém-PA
Via: Blog da cidade de Santarém
É importante citar que novos processos de pavimentação vão surgindo conforme novas tecnologias são criadas, com o objetivo de gerarem economia na produção de matéria-prima e causa menos impactos ao meio ambiente. Um destes procedimentos é a Reciclagem do Asfalto, onde o material removido do antigo asfalto é reaproveitado para o preparo de asfalto novo e 100% reciclável.

Máquina recicladora de asfalto utilizada em Curitiba - PR

Caso todos os procedimentos sejam realizados a risca e dentro nas normas técnicas, o asfalto médio duraria por volta de 15 anos. A partir deste tempo, o mesmo começaria a apresentar avarias como trincas, rachaduras e até mesmo buracos. Processo de deterioração que ficaria ainda mais rápido caso a manutenção preventiva não fosse realizada.


Os processos de manutenção vão desde reparos superficiais na via (popularmente chamados de Tapa-Buracos) até um processo de recapeamento completo, onde é realizada uma raspagem sobre o asfalto antigo e em seguida aplicada a nova camada de asfalto.

Rua sendo recapeada em Marília - SP
Via: Prefeitura de Marília
Por isso, quando o serviço de pavimentação é executado de forma correta, as chance de aparecerem problemas a curto prazo são bastante reduzidas. Em contrapartida, uma total negligência deste serviço de infraestrutura pode comprometer gravemente a qualidade das ruas de uma cidade.


Asfalto em Ribeirão Preto

Assim como muitas cidades do país, em Ribeirão a situação sobre os buracos não seria diferente. O problema não são os buracos em si, mas a quantidade excessiva deles ao longo da via, comprometendo a segurança de motoristas e motociclistas. São quilômetros de vias em péssimo estado de conservação e que não recebem a devida atenção que lhe é destinada. Algumas ruas da cidade estão a quarenta anos sem nenhum tipo de manutenção. Os buracos são bastante "democráticos" em Ribeirão, pois eles estão presentes em todas as regiões da cidade: da periferia ao Centro; dos bairros humildes até bairros mais abastados; das ruas locais até as grandes avenidas. Todos os moradores de Ribeirão sofrem do mesmo mal.

Buracos próximos ao Complexo Viário Dr. Leão
Foto via: G1.com

Buraco em avenida de Ribeirão Preto
Foto via: Folha

Carro preso em rua na Vila Virgínia
Foto via: Folha
Os excessivos buracos já causaram acidentes, muitos com vítimas e algumas até fatais, viraram motivos de protestos, geraram ações na justiça, trouxeram prejuízos para o transporte público, viraram pauta para piadas e até se tornaram temas para um concurso bem humorado. São tantos assuntos e notícias sobre o assunto que a grande maioria estão nesta busca do Google.


Enquanto motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres se veem obrigados a participar de um verdadeiro Rally para chegarem aos seus destino, a administração atual não consegue resolver os problemas referentes as já bastante desgastadas ruas de Ribeirão. O ápice da falta de capacidade chegou quando a ex-prefeita chegou a dizer que "a prefeitura não tem dinheiro para fazer reparo nos buracos".

Recapeamento eu rua nos Campos Elíseos
Foto via: CBN Ribeirão
Entre as tentativas de recuperação do asfalto de Ribeirão, estão o projeto Recape Desenvolve São Paulo, uma parceria feita com o governo estadual para o recapeamento de mais de 122 km de ruas, favorecendo bairros como Campos Elísios, Ipiranga, Planalto Verde entre outros. Mas o serviço não durou muito tempo, pois a prefeitura acabou rescindindo o contrato com a empresa contratada, e assim a operação recape foi interrompida com apenas 19% do contrato executado. Em 2016, foi relançado um novo edital para a recuperação de 51 km de ruas e até o momento da publicação desta postagem, vem sendo executado dentro do cronograma, apesar da falta de divulgação da mesma.

Já para as vias que não serão contempladas com o recapeamento, a prefeitura pretende realizar um novo edital para a compra de material que será utilizado na operação Tapa Buracos.


Não dá para entender como funciona o processo de recapeamento nas ruas de Ribeirão Preto. Avenidas como Francisco Junqueira e Caramuru receberam o serviço de forma rápida, ágil e até onde se tem notícia, não apresentaram nenhum problema em seu pavimento; provocando danos aos veículos, acidentes e mortes. Já as demais ruas e avenidas se encontram em estado de tão alto desgaste que em alguns trechos é possível ver as camadas de terra sob o asfalto. Depois de tentativas de arrecadar dinheiro de comerciantes e até de vereadores e prefeitura serem contra uma lei que obrigaria as empresas de pavimentação a darem garantia em seus serviços, acreditar em qualquer coisa prometida pela atual administração seria pura ingenuidade.


Ideia utópica do dia

A princípio a resposta para esta proposta seria algo como "recapear todas as ruas de Ribeirão" e problema resolvido. Mas infelizmente isso não seria suficiente. Existem casos de ruas que passaram por processo de recapeamento recente e em poucas semanas (e alguns casos até poucos dias), apresentaram problemas de rompimento de canos da rede de água, e pois isso o asfalto precisou ser novamente aberto para que os reparos fossem realizados. Ao final, a via fica novamente com um buraco de terra que será tapado dias depois ou nos piores casos, com remendos mal feitos, comprometendo toda a qualidade do serviço anterior.

Em situações ainda mais surreais, a falta de integração entre Daerp e departamento de Infraestrutura são tão grandes que a autarquia chegou a abrir uma rua nos Campos Elísios do lado oposto da via que precisava de reparo. Com isso, foram desperdiçados recursos financeiros e mão de obra da prefeitura.

Tendo em vista estes problemas futuros, a AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto), por intermédio do engenheiro responsável Cantídio Maganini, apresentaram em julho o projeto chamado SGV - Sistema de Gerenciamento de Pavimentos. Acompanhem a reportagem feita pelo Jornal da Clube em junho de 2016 sobre o assunto:


O SGV foi desenvolvido pela USP de São Carlos e trata-se de um software que realiza o mapeamento de todo o pavimento da cidade, através de um sistema de gerenciamento de pavimentos (SGP), aliado a um sistema de informações geográficas (SIG) e a um banco de dados que suporte operações geográficas, alem da inserção de dados dos profissionais com acesso ao software.

Print do SIG - Sistema de Gerenciamento de Pavimentos
Através do software é possível realizar um monitoramento preciso de toda a situação do asfalto de Ribeirão Preto, separando a cidade por quadrantes, programando futuras manutenções e sabendo exatamente quanto de material será utilizado e todo o custo envolvido no processo. Programar estas manutenções é bastante importante pois isso permite que a prefeitura, Daerp e secretaria de infraestrutura possam trabalhar juntos, se planejarem e evitar problemas como buracos abertos por conta de vazamentos na rede de água e que passam dias sem que seja realizado o reparo devido.

Funciona da seguinte maneira: o pavimento de uma via tem um tempo X de vida útil. O programa identifica quando é a época certa para que o reparo na via seja realizado (seja tapa buraco ou recapeamento), mas caso a prefeitura passe deste prazo, o custo de manutenção irá aumentar ano após ano e o software também realiza este calculo do "desperdício". Portanto atrasar no prazo de manutenção resulta eu aumento de custo imediato da obra para a prefeitura.

Gráfico indicando que quanto maior o atraso conforme
o tempo pré-definido, maior o custo anual dos reparos.
Foto via: material de divulgação
Para o sistema tornar-se mais eficiente, é preciso que outras informações importantes sejam inseridas no programa. Alem da base de dados do pavimento é preciso também as bases de dados da rede de água, esgoto domiciliar, telefonia e energia elétrica (em casos de fiação subterrânea). Mais uma vez com o correto monitoramento destas redes, podemos prever reparos futuros e evitando atrasos desnecessários na manutenção da via.

Infelizmente nem mesmo o Daerp possui dados sobre o monitoramento de toda a rede de água e esgoto de Ribeirão Preto, o que por si só já é considerado bastante grave, pois uma empresa que não conhece detalhes de sua estrutura, jamais conseguirá realizar planejamentos a curto, médio e longo prazo. O próprio órgão que chegou a divulgar a redução no desperdício de água da rede no começo do ano, foi desmentido por um ex-diretor técnico do Daerp, alegando que os dados eram manipulados. Portanto, para que o SGV possa realizar um trabalho mais detalhado sobre a rede, este tipo de ocorrência jamais deveria acontecer, pois comprometeria todos os dados já colhidos anteriormente.

SIG e sua integração com os demais sistemas
Foto via: material de divulgação
Com a inserção dos dados, o software gera mapas indicando quais as regiões que necessitam de reparos levando em conta idade do pavimento (alem de sua rede de água, esgoto e energia existente), volume de tráfego de veículos, avaliação do pavimento e fotos do local analisado. Abaixo mais alguns prints do software Sistema de Gerenciamento de Pavimentos:




Estes dados podem ser compartilhados com os demais órgãos relacionados a infraestrutura da cidade, evitando desencontro de informações e trazendo agilidade na resolução de possíveis problemas.

Resumindo, a adoção do sistema SGV possui como vantagens:
  • Monitoramento completo de toda a situação do pavimento de Ribeirão Preto;
  • Possibilidade de programar futuros reparos na via, incluindo redes de água e esgoto;
  • Aumento da vida útil do pavimento, evitando constantes manutenções desnecessárias na via;
  • Redução nos custos de reparos de buracos e pavimentação, uma vez que o software realiza cálculos precisos da quantidade de material a ser utilizado;
  • Menos tempo de reparo desde o surgimento da ocorrência, causando menos transtornos para motoristas que passarem pela via;
  • Redução drástica na quantidade de buracos e vias irregulares na cidade.
Conforme foi falado na matéria do Jornal da Clube, o projeto foi apresentado para a administração atual e a mesma o ignorou completamente. O resultado é este que estamos vendo atualmente: ruas abandonadas e serviços de manutenção precários. O programa também foi apresentado para os candidatos a prefeito desta última eleição e agora cabe ao novo prefeito eleito a adoção desta importante ferramenta de monitoramento para a cidade.

É muito importante que todos ajudem a compartilhar a proposta. Consertar um buraco na rua é fácil; evitar que este mesmo buraco volte a causar transtornos já é uma tarefa mais complexa. Se existe um título que Ribeirão precisa perder urgentemente é o de "capital nacional dos buracos".

Obrigado e até a próxima postagem!


Links para pesquisa

Comentários

  1. A tecnologia assusta algumas pessoas, pena que parte deles está no comando.

    Muito bacana o post!

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