Atualização: 22/02/2024
A história dos trólebus é bastante antiga. Existem registros dos primeiros carros em meados de 1911 e desde então seu princípio de funcionamento continua o mesmo: duas hastes presas sobre a carroceria e ligadas a uma rede elétrica específica e separada da rede elétrica convencional. Foram claramente inspirados nos antigos bondes e tinham a vantagem de não dependerem de trilhos para seguir seu itinerário, o que lhes permitia ultrapassarem outros veículos ao longo da via e pararem junto as guias para o embarque e desembarque de passageiros.
A história dos trólebus é bastante antiga. Existem registros dos primeiros carros em meados de 1911 e desde então seu princípio de funcionamento continua o mesmo: duas hastes presas sobre a carroceria e ligadas a uma rede elétrica específica e separada da rede elétrica convencional. Foram claramente inspirados nos antigos bondes e tinham a vantagem de não dependerem de trilhos para seguir seu itinerário, o que lhes permitia ultrapassarem outros veículos ao longo da via e pararem junto as guias para o embarque e desembarque de passageiros.
Trólebus articulado no Corredor ABD Via: Diário do Transporte |
Muitas cidades do mundo como Londres, Nova York, e Bueno Aires adotaram este tipo de modal no passado. No Brasil, os primeiros trólebus chegaram por volta de 1949 em diversas cidades conforme seguem na lista abaixo:
- Araraquara
- Belo Horizonte
- Campos dos Goytacazes
- Corredor Metropolitano ABD (em operação)*
- Fortaleza
- Niterói
- Porto Alegre
- Recife
- Ribeirão Preto
- Rio Claro
- Rio de Janeiro
- Salvador
- Santos (em operação)
- São Paulo (em operação)
* Corredor liga as cidades de São Paulo, Santo André, Mauá, Diadema e São Bernardo do Campo.
Desta lista, apenas a capital paulista, Santos e as atendidas pelo Corredor Metropolitano ABD ainda mantem os trólebus em funcionamento, inclusive com ônibus do tipo articulados. A concessionária que administra o corredor não só os mantem como ainda investe na compra de novos carros, em destaque para os de marcha autônoma, que possuem baterias internas, permitindo rápidas manobras em garagens e trechos de ruas que estejam sem energia.
Saiba mais: A história do Trólebus em São Paulo
Primeiro trólebus na cidade de Berlin Via netleland |
Trolebus da CMTC em São Paulo década de 80 Via netleland |
Trólebus articulado da CMTC Foto via: Via Trólebus |
Trólebus de marcha autônoma em SP Via: Electra Bus |
Entre as vantagens dos trólebus podemos citar o consumo zero de diesel, zero poluição, maior conforto para os passageiros (baixo ruido por conta do motor elétrico e com sistema de transmissão automática, eliminando os "trancos" na troca de marchas), maior potencia nas subidas e menos custo de manutenção dos motores. Como desvantagens tinham destaque o impacto visual causado pelos fios expostos da rede e a impossibilidade de ultrapassarem outros trólebus por conta dos cabos de energia.
Em abril de 2019, o sistema trólebus completou 70 anos desde a implantação de sua primeira linha no Brasil e ainda possui força para continuar em operação em cidades como São Paulo.
Saiba mais: Trólebus 70 anos: Um meio de transporte que é viável para os dias de hoje e para o futuro
Em abril de 2019, o sistema trólebus completou 70 anos desde a implantação de sua primeira linha no Brasil e ainda possui força para continuar em operação em cidades como São Paulo.
Saiba mais: Trólebus 70 anos: Um meio de transporte que é viável para os dias de hoje e para o futuro
Trólebus na região
A cidade de Araraquara foi a primeira do interior paulista a receber trólebus em sua frota, controlada na época pela CTA (Companhia Trólebus de Araraquara), iniciando suas operações em 4 de dezembro de 1958 com a aquisição de 50 trólebus. O sistema seguiu em funcionamento até ser desativado ao final de 1999. Foi a única cidade do país que teve sua frota composta por 100% de trólebus. Atualmente a CTA opera apenas com ônibus a diesel e suas linhas foram repassadas para o consorcio Araraquara de Transportes.
Trólebus de Araraquara
Foto via: Rangel Rovanon (Ônibus Brasil)
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Trólebus em Ribeirão Preto
Em 1982 foi criada a empresa Transerp para gerenciar o sistema de transporte público da cidade. Os 22 trólebus comprados por ela operavam nas sete linhas radiais criadas na época numa total de 76 km de extensão ligando as principais regiões da cidade:
- 207 - Jardim Presidente Dutra (primeira linha criada)
- 202 - Jardim Independência
- 205 - Vila Virgínia
- 206 - Hospital das Clinicas
- 203 - Iguatemi
- 103 - Fórum
- 107 - Sumarezinho
Diagrama da rede de trólebus em Ribeirão Preto Via: Lembranças Ribeirãopretanas |
As linhas 605 - Delboux e 103 - Fórum, foram criadas posteriormente, mas operavam apenas com ônibus movidos a diesel.
O sistema trólebus era bastante elogiado pelo conforto e agilidade me manobras com os veículos, alem do baixo preço da passagem e o curto intervalo entre um carro e outro (alta demanda). Na época era possível fazer integração entre os trólebus no antigo terminal Carlos Gomes no Centro de Ribeirão. Por exemplo, o usuário embarcava na linha Presidente Dutra, desembarcava no terminal e embarcava em outro trólebus de linha diferente. A integração era física e não tinha limite de tempo para o reembarque no próximo ônibus.
Abaixo algumas fotos extraídas do vídeo Trólebus Ribeirão Preto. Clique nelas para ampliar:
Abaixo algumas fotos extraídas do vídeo Trólebus Ribeirão Preto. Clique nelas para ampliar:
Linha 207 - Jd. Presidente Dutra Via: MOBILIDADE ELÉTRICA - Jorge Françozo de Moraes |
Em 1992, foram adquiridos mais 22 carros movidos a diesel, mas segundos estudos da época, já não era mais vantajoso a utilização dos trólebus por conta do aumento no custo da energia e depois de uma votação ocorrida na Câmara em 1999 (com tentativa de relançarem os trólebus em Ribeirão) o sistema foi desativado em julho de 1999. Todas as linhas foram entregues para as permissionárias na época (Andorinha, Transcorp e Rapido D'oeste) e os carros foram vendidos para a cidade de Recife por um custo muito menor do que valiam realmente e ficaram em operação até 2001.
Toda a rede foi desmontada e desativada, os terminais Antônio Achê (onde é atualmente o Centro Popular de Compras) e Carlos Gomes (atualmente praça Carlos Gomes) foram desativados e demolidos, e a garagem da Transerp foi transformada em pátio para veículos apreendidos do município, alem de servir de base operacional da própria Transerp. Fotos via Mauro Alessandro Villas Boas (Ônibus Brasil).
Link original |
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A forma que o sistema trólebus foi tratado pela administração na época foi revoltante. A incompetência era tão grande, que um sistema que era bastante elogiado pelos usuários foi desativado e vendido a preço de sucata. Hoje ainda é possível encontrar pessoas que elogiam o sistema e que também não entendem porque ele acabou. Claro que o fator custo de energia elétrica falta de planejamento em algumas linhas também contribuíram para o declínio do sistema Trólebus.
Para saber mais detalhes da história, segue o vídeo abaixo:
Para saber mais detalhes da história, segue o vídeo abaixo:
E provando novamente o quanto a prefeitura não valoriza o seu passado, os poucos carros que restaram estão apodrecendo em alguma garagem de uma das empresas. A história vai se desfazendo e a geração mais nova jamais saberá como Ribeirão teve um sistema de transporte tão eficiente e importante... até agora.
Ideia utópica de hoje
A proposta foi inspirada em algo que Araraquara fez e que deu muito certo: a criação de um museu do trólebus. A prefeitura em parceria com a CTA restaurou o carro de nº 1 na cidade e o colocou numa praça devidamente protegida. Não sei informar se é necessário agendamento para conhecer o museu, mas pelo menos visitas monitoradas de escolas são permitidas.
Trólebus de numero 1 em Araraquara
Foto via: Gilvan Tamanini (Ônibus Brasil)
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Links originais (YouTube):
Matéria Museu do Troleibus CTA - Parte 1
Matéria Museu do Troleibus CTA - Parte 2
Saiba mais: Araraquara 306º - Museu do Trólebus
Araraquara soube preservar seu passado. Então por que Ribeirão não pode fazer o mesmo? Por isso desenvolvi a ideia da criação do Museu do Trólebus Ribeirãopretano. Maquete eletrônica criada com o software SketchUp, objetos de cenário Armazem 3D e modificações Adobe Photoshop. Clique nas imagens para ampliar.
O tereno teria uma área aproximada de 900 m², sendo de 420 m² de área térrea construída. Conta com pátio cimentado e local reservado para a acomodação de um trólebus devidamente restaurado. Preferencialmente o museu ocuparia um terreno de esquina em um dos bairros onde o sistema Trólebus operou, onde caberia a prefeitura escolher o bairro que mais seria adequada a construção (Jardim Presidente Dutra, Jardim Independência, Hospital da Clínicas, Vila Virgínia ou Iguatemi).
Todo o entorno teria total acessibilidade para cadeirantes, excluindo a possibilidade de escadas. Junto a entrada teríamos um paraciclo com capacidade para até 10 bicicletas. A face voltada para uma das esquinas teria um jardim com arbustos e paisagismo adequado.
No interior, junto a entrada principal seriam instaladas duas catracas para controle de acesso. O ambiente seria dividido da seguinte forma: no lado direito estariam murais com fotos e documentos dos trólebus, terminais, garagem entre outros. Ao lado esquerdo, teríamos equipamentos e peças antigas usadas nos veículos, alem de mapas e esquemas técnicos dos veículos que circularem por Ribeirão até 1999. Para título de demonstração, uma miniatura em escala 1:10 de um dos trólebus do sistema estaria disponível para exposição, o que com certeza atrairia a atenção das crianças.
No pátio estaria a grande estrela deste museu: um trólebus devidamente restaurado e cercado por uma cerca do tipo alambrado com mourões de concreto de 2 metros de altura. Seria reproduzido um ponto de parada do veículo, incluindo os postes com rede própria para energia. Placas e painéis ajudariam os visitantes a conhecerem mais detalhes do veículos exposto. Sobre a pintura do veículo, os responsáveis pelo resgate das informações definiriam se ela seria a primeira inspirada na antiga CMTC de São Paulo (amarela com faixas marrons) ou a mais recente padrão Transerp (branca com faixas azuis).
O museu contaria com estrutura completa para receber seus frequentadores, como sanitários adaptados, lanchonete e escritório onde seriam arquivados documentos e fotos que necessitem de mais cuidados.
Alguns detalhes a acrescentar:
- Não optei por acrescentar um estacionamento por se tratar de um local com uma estimativa média de frequentação;
- O museu funcionaria preferencialmente nos finais de semana e poderia ter visitas agendadas de escolas durante a semana;
- O lucro da venda dos itens da lanchonete poderia ser revertido para alguma entidade (como tão acontece com os parques Curupira e Maurilio Biagi) ou utilizada para a manutenção do próprio museu, deixando assim parcialmente autossuficiente;
- Em uma proposta ainda mais utópica, a prefeitura poderia implantar um passeio turístico utilizando um trólebus restaurado. Mas conforme o funcionário da CTA explicou no vídeo postado algumas linhas acima, o custo para tal seria inviável;
- Um guia seria de grande ajuda para os visitantes, de preferência algum ex-funcionário da Transerp como um motorista, ajudante ou mecânico.
Mais algumas fotos do Museu do Trólebus Ribeirãopretano:
Como podem ver, uma cidade precisa ter visão de futuro. Mas não deve jamais ignorar seu passado, pois é através dele que conseguimos prevenir e evitar futuros erros. Um destes erros foi a administração da época ter desativado o sistema Trólebus, deixando milhares de usuários a mercê de um sistema ineficiente que ainda perdura até hoje (ou que pelo menos tivessem privatizado o sistema, permitindo sua operação em outras regiões da cidade). O museu seria uma forma de respeito com um modal tão importante para Ribeirão Preto e para seus ex-funcionários que ajudaram para que este sistema funcionasse por quase 20 anos.
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Abraços e até a próxima postagem!
Links para pesquisa:
Memória 76 - Ônibus elétrico no Brasil
Trólebus Brasileiros
Trólebus na Wikipédia
62 anos de trólebus: Brasil e Trólebus
História do Trólebus
A história da Cobrasma como fabricante de ônibus
Uma ideia louvável!, EXCELENTE! os trólebus de Ribeirão Preto, realmente fizeram história!
ResponderExcluirEu aprooooooooooooooooovo aprooooooooooooooooovo e aproooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooovo!!
ResponderExcluirOlá amigos. Alguém sabe me dizer se os trólebus da Tanserp guardados em uma garagem de uma operadora de transporte, ainda existem em 2021????
ResponderExcluirObrigado. Abraço.
Gostaria de saber se ainda existem os trólebus e os trólebus e os Mafersa?
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