Atualização: 31/01/2017
A proposta de Ecopontos apresentada em junho de 2015 teve uma boa repercussão. Nela eu expliquei as vantagens de Ribeirão Preto ter espaços destinados para a coleta de galhos, restos da construção civil, lixo eletrônico, entre outros materiais inservíveis. Passado um ano, Ribeirão continua sem ecopontos, mas ganhou uma estrutura parecida e que está em caráter de testes: o projeto Caçamba Social.
A proposta de Ecopontos apresentada em junho de 2015 teve uma boa repercussão. Nela eu expliquei as vantagens de Ribeirão Preto ter espaços destinados para a coleta de galhos, restos da construção civil, lixo eletrônico, entre outros materiais inservíveis. Passado um ano, Ribeirão continua sem ecopontos, mas ganhou uma estrutura parecida e que está em caráter de testes: o projeto Caçamba Social.
Basicamente, são três caçambas localizadas em um ponto específico da cidade (preferencialmente locais com alto índice de descarte irregular de entulho) onde são depositados os materiais inservíveis pela própria população. A primeira unidade fica localizada na rotatória da avenida Patriarca com a avenida Pereira de Freitas, no Jardim Branca Sales. O projeto inclusive foi aprovado pela Câmara Municipal de Ribeirão. Alem deste projeto, está em estudo a implantação de um outro projeto chamado Eco Praça, parecido com o Caçamba Social, mas neste caso as caçambas serial posicionadas em praças com alto índice de descarte irregular.
Caçambas do projeto Caçamba Social Foto via: A Cidade |
Apesar de todos os esforços da Coordenadora de Limpeza Urbana e de seu responsável na época, Marcelo Reis, o projeto apresenta falhas e ainda não seria o melhor para Ribeirão Preto. O Caçamba Social seria uma versão bastante simplificada de um Ecoponto e sem as garantias do mesmo. Entre as falhas estão:
- Posicionamento das caçambas em relação ao solo: muitas pessoas trazem os materiais em veículos com caçamba ou mesmo em carrinhos. Nos ecopontos as caçambas ficam em um nível mais baixo (por isso que o local onde os veículos param é acima do solo) facilitando o descarte dos materiais. As caçambas do projeto ficam muito altas e dificultam o descarte, o que acaba incentivando que pessoas deixem o lixo ao lado das caçambas;
- Demora na remoção dos materiais: em duas vezes que precisei ir até o local para descartar algum objeto, as caçambas estavam totalmente lotadas de resíduos, até transbordando e caindo no chão.
- Local afastado: as caçambas ficam localizadas no extremo da região oeste da cidade, o que torna o deslocamento de pessoas de outras regiões praticamente inviável. Das vezes que precisei ir as caçambas, apenas o fiz pois estava levando também materiais recicláveis para a cooperativa Mãos Dadas (que fica ao lado do Caçamba Social);
- Falta de divulgação: muitos moradores não sabem a existência das caçambas, o que acaba causando descartes irregulares até mesmo próximo a região da rotatória. A falta de educação da população é um fato, mas os esforços da prefeitura para orientar são bastante fracos.
E novamente a prefeitura de Ribeirão resolve atribuir culpados para a situação. Desta vez, culpou o preço do aluguel das caçambas praticado na cidade o motivo dos descartes irregulares na cidade.
Ponto de descarte próximo à Via Norte Foto via: A Cidade |
A reportagem da EPTV chegou a chamar o local de ecoponto, o que de fato este projeto não é. Colocar caçambas em praças públicas não irá resolver o problema! Sem o menor controle, no local serão descartados quaisquer tipos de materiais, entre eles lixo hospitalar, tóxico, orgânico e até mesmo animais mortos. Um ecoponto é uma estrutura devidamente fechada e planejada, que destina o material arrecadado para os devidos fins. No máximo estas caçambas infelizmente se tornarão uma lata de lixo de grandes proporções. Novamente afirmo que respeito o trabalho prestado pela CLU, mas existem fatos e atitudes que são impossíveis de se aceitar, sabendo que existem soluções mais eficientes para a cidade. Não podemos aceitar mais gambiarras.
Reciclagem e Cata-Trecos
Alem do projeto Caçamba Social, a prefeitura desempenha outros dois trabalhos voltados ao descarte de materiais. A coleta seletiva atende vários bairros da cidade em dias pré determinados e este material é levado para a cooperativa Mãos Dadas. Infelizmente a coleta seletiva não atende todos os bairros. Já o projeto chamado Cata-Trecos, seria um serviço onde o usuário liga para um número da prefeitura e agenda a remoção de algum item inservível com um móvel velho por exemplo. Neste caso, a pessoa vai precisar aguardar dias para então um caminhão da prefeitura passar pela rua marcada e levar o objeto. Cidades como Campinas e Sorocaba também utilizam o serviço.
Caminhão do Cata Trecos em Sorocaba - SP Foto via: G1 |
Todas as iniciativas são boas, mas estamos falando de uma cidade com mais de 600 mil habitantes. A infraestrutura e organização para dar destino a estes materiais é pequena e não deve focar apenas em moradores de baixa renda (como dito na reportagem da EPTV parágrafos acima). Toda a cidade precisa ser atendida com eficiência. Quando a cidade possui um eficiente serviço de coleta seletiva, os benefícios são:
- Reduzem a quantidade de descartes irregulares em praças e terrenos;
- Equipes de limpeza podem ser deslocadas para áreas mais importantes e urgentes da cidade;
- Facilitam o trabalho de catadores e cooperativas de reciclagem;
- Diminui a quantidade de lixo domiciliar enviado ao aterro de Guatapará, economizando inclusive gastos com combustível e mão de obra;
- Materiais como entulho podem ser transformados em outros materiais, gerando renda e economia para a prefeitura.
Ideia utópica de hoje
Ecopontos, cooperativas e recolhimento de inservíveis. Com base nestas demandas, desenvolvi um pré projeto chamado Sistema de Coleta Seletiva Integrada, ou abreviando, SCSI.
O SCSI é um conjunto de ações e estruturas integrados com o objetivo de agilizar o descarte e destinação de qualquer material classificado como inservível, reciclável ou resíduo da construção civil. Este sistema operaria de forma independente do sistema de coleta domiciliar convencional.
O sistema é composto de quatro partes fundamentais que serão explicadas na forma de tópicos:
- Ecopontos
- Cooperativas de reciclagem
- Ecocentros
- Campanha massiva de divulgação
1- Ecopontos
Proposta apresentada em junho de 2015. Um ecoponto seria um terreno adaptado para recolher podas e galhos de árvores, móveis velhos, resíduos de construção (no máximo 1 m³ por morador), lixo eletrônico, materiais recicláveis, pilhas, baterias, óleo usado de cozinha e remédios vencidos. A proposta inclui a construção de 27 ecopontos espalhados em cinco regiões da cidade.
Mapa com a possível localização dos Ecopontos. Mais detalhes no link completo. |
2- Cooperativas de reciclagem
As cooperativas de reciclagem são locais onde todo o material que pode ser reciclado (papeis, latas, vidros e metais) é devidamente separado em esteiras por cooperados e vendidos novamente a indústria em geral, sendo reaproveitado como matéria prima.
Atualmente apenas a Mãos Dadas opera na cidade, processando os materiais recicláveis recolhidos pela equipe da coleta seletiva municipal e por meio de um caminhão próprio da cooperativa. Mesmo passando por várias dificuldades vindas até da própria prefeitura, os cooperados continuam executando o trabalho na cidade.
Saiba mais: A Importância das Cooperativas de Catadores
Cooperativa Mãos Dadas em Ribeirão Preto Foto via: A Cidade |
A ideia seria a implantação de outras quatro cooperativas na cidade (Norte, Leste, Sul e Central), que em conjunto com os ecopontos, aumentariam a quantidade de material a ser reaproveitado e reciclado e agilizaria o trabalho do serviço de coleta seletiva e caminhões encarregados de limparem os ecopontos.
Mapa com as regiões definidas e atendidas pelas cooperativas de reciclagem |
3- Ecocentros
Os ecocentros são grandes locais aptos para receber e processar o material entregue nos ecopontos. Seria uma forma de centralizar serviços que já existem na cidade como a Usina de Reciclagem de Resíduos Sólidos, que fica na Via Norte na entrada do bairro Simioni.
Os ecocentros poderiam receber materiais inclusive de caçambeiros, evitando assim o descarte irregular deste tipo de resíduo. Outros processos podem ser executados nos ecopontos como o processamento de galhos e podas (transformando-os em abudo e reutiliza-lo em praças e canteiros), descarte correto de móveis e utensílios domésticos (doando-os ou destruindo-os de maneira correta) e qualquer outro material que precise de um destino adequado.
Por questão de logística, os ecocentros ficariam localizados próximos ao anel viário norte e sul, agilizando o deslocamento dos caminhões e ficando fora da área urbana.
Mapa com a localização aproximada dos Ecocentros |
4- Campanha massiva de divulgação
Nenhuma destas ações e alternativas surtirá efeito caso a prefeitura, por intermédio da secretaria de meio ambiente, não realize uma campanha de grandes proporções divulgando os novos locais para descarte destes materiais. É comum ouvirmos pessoas jogarem lixo em locais públicos alegando que não conhecem outra forma de descarta-lo. Claro que isso não seria uma justificativa (manter a cidade limpa é dever de todos), mas quando a prefeitura mesmo não dá a devida atenção ao problema, sobram aborrecimentos.
Uma campanha massiva em escolas, condomínios, associações de bairros, comércio e industria apresentado todos os passos apresentados acima e dar total apoio na questão de dúvidas e sugestões que possam melhorar o sistema. Campanha através de sites, TV aberta e outdoors também ajudam aos moradores conhecerem o novo sistema. É um processo lento e demorado, mas que se bem executado, trará resultados bastante positivos e transformar Ribeirão em referência em relação a coleta seletiva de lixo.
Finalizando: PPP
Todos estes projetos presentes no SCSI poderiam ser facilmente inseridos na Parceria Público Privada do lixo em Ribeirão Preto e aprova-la de forma definitiva. Mas devido a tantas irregularidades e promessas um tanto improváveis em um real momento, até a presente dada nada foi resolvido ou finalizado. Infelizmente muitos planos acabam saindo da esfera técnica e caem na esfera política, onde tudo acontece na base de acordos e "parcerias".
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Se você gostou da proposta, compartilhe! Junte o pessoal do bairro, da empresa, da escola, faculdade. Cobre de seu vereador. Ajude a divulgar o SCSI. É inadmissível que em pelo século XI ainda tenhamos dúvidas de como devemos tratar o nosso lixo.
Até a próxima postagem!
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