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Projeto Esquinas Seguras

Quando falamos de segurança viária, a organização e disposição dos veículos em ruas e avenidas é fundamental para evitarmos congestionamentos desnecessários ou mesmo minimizar os riscos de acidentes de trânsito. Uma das situações que demandam maior atenção de todos os condutores é a travessia de cruzamentos.

Eles são inevitáveis no planejamento urbano das cidades. Mesmo que alternativas como rotatórias, alças de acesso e viadutos possam ser viáveis, os cruzamentos em nível fazem parte do sistema viário, seja ele semaforizado ou com sinalização de trânsito padrão correspondente.

Cruzamento em São Paulo - SP
Via: Quatro Rodas

No entanto, uma situação que pode ser bastante incômoda para os condutores seriam o momento antes de cruzarem uma via semaforizada. Uma má organização viária pode acabar gerando irritação e ansiedade aos envolvidos, aumentando as possibilidade de colisões.

Segue uma projeção dos principais tipos de problema que um cruzamento pode apresentar:

  1. Falta de sinalização adequada: a ausência de uma simples faixa divisora de fluxo acaba gerando uma fila de carros em uma área onde seria perfeitamente possível a disposição de dois veículos em paralelo;
  2. Falta de fiscalização: mesmo com placas indicando a proibição de estacionamento, sem o trabalho de agentes de trânsito muitos motoristas acabam sendo atraídos pelo comodismo e impunidade ao estacionarem seus veículos em um trecho com sinalização bastante clara alertando a norma de trânsito vigente;
  3. Falta de espaço para bicicletas e motocicletas: com a falta de definições de estacionamento específicos para estes veículos, muitos condutores acabam deixando-os em locais inadequados como entre carros ou juntos a postes e sinalizações de trânsito;
  4. Pedestres em risco: nos cruzamentos com trânsito intenso, é comum que muitos pedestres acabem preferindo atravessar entre os carros que aguardam para cruzarem a via ao inves de se deslocarem para a faixa de segurança mais próxima.
Olhando para um simples cruzamento muitas pessoas não tem ideia de como ele pode tornar-se perigoso ou complicado para todos. E a proposta desta semana tratará justamente sobre ideias para que os problemas possam ser minimizados ou até mesmo eliminados.

Ideia utópica de hoje

As readequações aqui apresentadas podem ser aplicadas em vias transversais com vias arteriais ou coletoras de caráter comercial no intuito de ajudar na disposição e organização de veículos enquanto aguardam sua preferência de passagem, tendo prioridade em cruzamentos semaforizados a uma distância mínima de 50 metros a partir das esquinas. 

Acompanhe as projeções com exemplos reais:

Projeção virtual de um cruzamento readequado de acordo
com as propostas citadas abaixo.
  1. Divisão clara de faixas de rolamento;
  2. Proibição de estacionamento;
  3. Reforço na sinalização horizontal e vertical;
  4. Bolsão de estacionamento para motocicletas;
  5. Paraciclo para bicicletas;
  6. Gradis de segurança;
  7. Deslocamento de pontos de parada para ônibus
1) Divisão clara de faixas de rolamento

Em vias mais estreitas, a criação de uma faixa de rolamento adicional pode ajudar motoristas a realizarem conversões com segurança, reduz os riscos de colisões em saídas de semáforos e dobra a capacidade de veículos que cruzarem a via.


Faixas de rolamento e ilha de segurança em Curitiba-PR
Via: Prefeitura de Curitiba

2) Proibição de estacionamento

Proibir o estacionamento em um dos lados da via é fundamental pois somente assim seria possível a implantação de uma segunda faixa de rolamento, alem de permitir conversões obrigatórias mais seguras. Esta medida não precisa ser adotada em toda a quadra que antecede o cruzamento, bastando apenas alguns metros conforme as normas pré-estabelecidas no manual de sinalização viária brasileira.


Problemas causados por veículos estacionados próximo de esquinas
Via: Blog do Tarugão

3) Reforço na sinalização horizontal e vertical

Setas indicativas de posicionamento na pista para a execução de movimentos (PEM), placas de proibido parar e estacionar, linhas de bordo e MACs (Marcação de Área de Conflito) são importantes pois alertam os motoristas sobre a importância de manterem um comportamento seguro nas proximidades do cruzamento. 


Sinalização horizontal em rua de Vacaria-RS
Via: Prefeitura de Vararia


4) Bolsão de estacionamento para motocicletas

Os bolsões de estacionamento tem sido utilizados nas regiões centrais para uma melhor organização de motocicletas, evitando que as mesmas acabem estacionando entre os demais veículos ou mesmo em locais proibidos. O espaço de um veículo convencional seria suficiente para acomodar aproximadamente cinco motocicletas.

A princípio parecem poucas vagas, mas se levarmos em consideração que todos os cruzamentos da via arterial terão pequenos bolsões, os benefícios desta implantação poderão ser interessantes.


Bolsão para motos no Centro de Penápolis-SP
Via: Prefeitura de Penápolis


5) Paraciclos para bicicletas

Assim como os motociclistas, os ciclistas também contariam com paraciclos do tipo U invertido para assim poderem deixar suas bicicletas em segurança. Novamente o espaço destinado para um veículo convencional permitiria um paraciclo para até 10 bicicletas.


Paraciclo em Fortaleza-CE
Via: Prefeitura de Fortaleza

Nota RT: Neste processo apenas duas vagas de estacionamento para carros seriam extintas, porem com a abertura do bolsão e paraciclos os clientes que precisassem utilizar a região comercial teriam uma opção segura para estacionarem seus veículos, alem de desestimular o uso do carro nesta região.

6) Gradis de segurança

Os gradis são barreiras físicas de aproximadamente 1,5m de altura que tem o objetivo de direcionar os pedestres para o local correto onde devem realizar a travessia. São colocados em vias com fluxo intenso de veículos e pedestres. No caso destas esquinas, um conjunto de gradis próximos a esquina ajudariam a desestimular o pedestre em atravessar de maneira irregular e ajuda a inibir estacionamentos de veículos junto a guia.


Gradis na avenida Jerônimo Golçalves em Ribeirão Preto-SP
Via: Arquivo pessoal

7) Deslocamento de pontos de parada para ônibus

Em situações onde a via seja itinerário de linhas de ônibus urbanas, uma simples readequação no ponto de parada pode ser algo viável. Mantendo o abrigo antes do cruzamento, o coletivo fará apenas uma parada para embarque ou desembarque independentemente se o semáforo estiver aberto, desta forma, ganhando mais agilidade e evitando paradas excessivas.


Ponto de parada em Campinas-SP
Via: Google Street View

Observações extras:

  • Serviços de infraestrutura básica como recapeamento ou verificação de possíveis pontos de vazamento de água devem ser feitos com antecedência para evitar futuras interdições desnecessárias;
  • Uma campanha de conscientização seria bastante benéfica para alertar e orientar os motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres sobre as mudanças na via;
  • Não optei em inserir faixas recuadas para motocicletas pois acredito que este tipo de sinalização tenha mais efetividade em avenidas ou vias coletoras com maior fluxo de veículos;
  • A quadra em continuidade do cruzamento poderá sofrer outras alterações para assim melhorar em conjunto as readequações aqui já citadas;
  • Este tipo de projeto pode ser adotado como padrão em todas as vias que venham cruzar com corredores estruturais de transporte coletivo.

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Esta é uma daquelas propostas com temática mais simplificada, porem que podem trazer bons resultados em relação a segurança viária e organização do trânsito. Caso tenha achado-a interessante, compartilhe com seus amigos e representantes de entidades relacionadas ao urbanismo e mobilidade. Ajudem para que esta ideia seja ouvida, discutida e implantada pelo poder executivo.

Obrigado a todos e até a próxima postagem.


Links para pesquisa

Capital paulista tem aumento de 66% nas vendas de bicicletas em 2020, diz associação

App ajuda motociclista a estacionar em São Paulo

Bolsão de moto agrada motociclistas

Mobilidade Urbana iniciou cronograma da semana com sinalização na Avenida Medianeira e na José Bonifácio

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