terça-feira, 23 de junho de 2015

Modernização dos pontos de ônibus

Atualização: 20/01/2017

Os pontos de ônibus são peças do mobiliário urbano que muitas vezes passam despercebidos na correria do dia a dia. Entretanto para aqueles que dependem do transporte publico diário, sabem bem a diferença entre esperarem em um abrigo confortável e ficar em pé debaixo do sol quente.


A composição dos elementos de um abrigo para pontos de ônibus podem variar: uns possuem apenas o poste indicando a parada, outros possuem um quadro com as linhas correspondentes, alguns tem o abrigo coberto, com ou sem bancos. Enfim, seja curta ou longa permanência, os pontos de ônibus precisam ter o minimo de conforto e praticidade, afinal, eles foram construídos com o dinheiro da sua passagem (pelo menos a grande maioria).

Novo padrão dos pontos de ônibus de São Paulo
Via: Mobilize
Ponto de ônibus de Guaíra
Fonte: guairanews.com
Ponto de ônibus em Dourados - MS
Foto via: Dourados Agora

Isso nos leva a seguinte dúvida: será que os responsáveis que projetam estas estruturas realmente sabem o que o usuário precisa? O que vemos muitas vezes são abrigos que não protegem as pessoas do sol ou da chuva, não possuem bancos ou informações sobre as linhas existentes ou até mesmo um espaço reservado para usuários de cadeiras de rodas. Muitas vezes os que projetam os pontos serão os que menos os usarão, dai temos um projeto vazio, fraco e nada funcional.

Em 2010 o Jornal da Tarde publicou o que seria o "Ponto de ônibus ideal", e acredito que muitos passageiros concordariam com o projeto. O problema seriam as prefeituras e empresas de ônibus, que veem algo assim como um mero gasto ao invés de investimento.

Ponto de ônibus ideal
Foto via: Arquitetura Sustentável

Pontos de ônibus em Ribeirão Preto

Atualmente os abrigos dos pontos de Ribeirão são de metal, com uma cobertura razoável para proteger os usuários do sol forte e chuvas (mesmo modelo adotado na capital paulista na década passada). Ainda é possível encontrarmos coberturas feitas de concreto pré moldado e telhas de amianto que, apesar de serem mais antigas, proporcionam um bom conforto térmico para quem está a espera o ônibus.

Mas nem toda a cidade é assim; alguns pontos contam apenas com um poste de madeira sinalizando sua função e em casos de maior descaso, uma mera placa de Proibido estacionar, acompanhada dos dizeres "Parada de Ônibus". Sem contar os abrigos instalados nas plataformas em frente a rodoviária, que simplesmente não oferecem nenhuma proteção.

Estruturas atuais e antiga placa informativa
Fonte: G1.globo.com
Poste de madeira azul indicando ponto de parada
Fonte: G1.globo.com
Abrigos que ficam atualmente em frente a rodoviária
Fonte: Google Street View
Com o edital do transporte vencido em 2012, as empresas permissionária se comprometeram (está em contrato) a colocação de 500 abrigos nos pontos de parada, processo que vem sendo feito de forma lenta, pois nos bairros mais afastados, o usuário ainda continua esperando ônibus em pé debaixo do sol. O contrato ainda exige a colocação de placas informativas nos pontos, processo que só começou em julho de 2014.

Placas informativas
Foto via: Transerp / Prefeitura de Ribeirão Preto
Vamos aos detalhes: as placas informam as linhas, mapa resumido, telefone da Ritmo (nome da rede adotada em Ribeirão) e... apenas isso. As informações ficam espalhadas pela placa sem nenhum layout, não possui horários, suas letras são pequenas e sua estrutura tubular foi adaptada de um antigo suporte para lixeiras usado na cidade faz alguns anos. As chapas são presas com pequenos rebites, muito frágeis, o que explica a grande quantidade de placas vandalizadas e furtadas. Uma delas chegou até a ser colocada a venda no site Mercado Livre.

Painel caído e encostado em um ponto de
ônibus na rua Américo Brasiliense
Fonte: arquivo pessoal
Nota RP: Não acho justo o usuário do transporte publico pagar R$ 4,20, e não ter direito nem ao menos a uma estrutura decente para aguardar o ônibus. Mas o que me motivou criar esta proposta, foi uma declaração dada na época pelo analista de transporte da Transerp, Reynaldo Lapate, durante o lançamento de um guia de bolso das linhas do transporte coletivo urbano em 2015:

“Não é possível afixarmos os horários em todos os pontos porque, além da falta de espaço – há locais onde passam 16 linhas –, existe vandalismo nas placas. Nos terminais do RibeirãoShopping e da Jerônimo os horários estão disponíveis”


Projetaram uma estrutura limitada que não pode nem sequer ser atualizada! Pois na postagem de hoje quero apresentar a vocês a proposta de um ponto de ônibus que pode sim, ser implantado em Ribeirão Preto.

Ideia utópica de hoje

A proposta usa um pouco das estruturas já existentes e com novos elementos que tornariam o ponto mais funcional e seguro. Clique nas imagens para ampliar.

Software usado: Google SketchUp. Objetos de cenário (pessoas, veículos e demais estruturas complexas) via Armazém 3D.




Seguem as especificações:


  1. Cobertura em policarbonato, material extremamente resistente, moldável e protege contra os raios UV, nocivos para a saúde;
  2. Laterais protegidas também em policarbonato, garantindo proteção contra ventos e chuvas;
  3. Painel de fundo com informações sobre as linhas, numero do ponto, horários, mapa e espaço publicitário;
  4. Espaço reservado para cadeirantes;
  5. Piso tátil na área destinada ao abrigo;
  6. Placas fotovoltaicas (serão explicadas a seguir;
  7. Placas informativas com horários e numero do ponto;
  8. Lixeira.
Os abrigos teriam 4,5 m de largura (50 cm maior que os atuais), 2 m de profundidade e aproximadamente 3 metros de altura. Produzidos em metal e policarbonato, um material mais resistente diminuindo os riscos de vandalismo ao abrigo e dando visibilidade para os passageiros que aguardam o ônibus. Alem de ter um assento a mais para os passageiros, a estrutura passaria a ter espaço para a acomodação de cadeira de rodas, que, junto ao material de policarbonato, dão uma segurança extra e maior conforto ao usuário.

Novas placas informativas


As novas placas contariam com o numero do ponto, endereço correspondente, nome do sistema atual, telefone, site, e nomes das linhas, separadas por tipo de modal (estrutural, convencional ou alimentadora), tipos de linha (radial, circular, perimetral e diametral) e categoria de linhas (regular, expressa, especial, eventual e noturna), todas por ordem da numeração. A lateral da estrutura teria a cor de acordo com a região da cidade, já apresentada na proposta de Novas Placas de Rua. Informações em braile seriam colocadas na superfície da placa.

Espaço para maiores informações


Atualmente alguns pontos de Ribeirão possuem esta área destinada para publicidade, assunto que até chegou a ser questionado pelo ministério público. Na minha proposta, os espaço para publicidade existira, mas em menor proporção. A maior parte do espaço seria para informar as linhas, mapa de itinerário resumido e horários referentes à este ponto (entende agora senhor Lapate como é possível inserir horários?).

Alias, caso os pontos que tenham maior quantidade de linhas, poderiam adotar painéis eletrônicos simples, que exibem o numero da linha, nome e quanto tempo falta para o ônibus passar. Não precisa ser um monitor de LCD como os que foram usados no recém inaugurado Terminal Urbano da Jerônimo Gonçalves.

Painéis eletrônicos em terminal de Curitiba
Fonte: urbs.curitiba.pr.gov.br
Saiba mais: Painéis nos terminais informam previsão da próxima saída de ônibus

Exemplo de painel informativo

Modelo simples poderia ser implantado nos abrigos
com maior fluxo de linhas
Painéis solares

Como eu expliquei na postagem sobre as Travessias Iluminadas para Pedestres semanas atras, a ideia dos painéis é a seguinte: placas fotovoltaicas seriam instaladas em cima dos abrigos, tornando-os autônomos de energia. Abrigos iluminados aumentam a sensação de segurança ao usuário, geram economia para a prefeitura e são ecologicamente corretos. Esta energia gerada pode vir também a iluminar as placas informativas que ficam junto ao abrigo.

Proposta de painéis solares
Ampliação da calçada

Muitas vezes os ônibus acabam parando no meio da via por conta do pouco espaço para embarque e desembarque. Os motivos podem ser desde carros estacionados de forma irregular, até mesmo por preguiça do motorista de ônibus de realizar a parada para embarque junto ao meio fio. Parar longe da calçada pode ser perigoso para os pedestres, com risco de queda e até mesmo de algum veículo passar entre o coletivo e o meio fio.

Pouco espaço para embarque e desembarque obriga passageiros
a andar no meio da rua.
Esta proposta pode ser usada em ruas estreitas, com estacionamento ou mesmo em calçadas cujo o recuo da edificação seja muito pequeno. Trata-se da ampliação da calçada sentido a via. Alem de servir como um dispositivo de Traffic Calming, deixa o embarque e desembarque mais ágil e seguro, alem de acabar de vez com os problemas de veículos estacionados em frente ao ponto.

Extensão da calçada daria mais área para os usuários
aguardarem o ônibus
Por fim, boa parte destas iniciativas não são implantadas por problemas técnicos, falta de recursos ou falta de conhecimento, mas sim por conta de um mal muito presente em diversos setores, chamado falta de vontade. Enquanto isso existir, todas as boas ideias serão engavetadas e a população continuará sofrendo nas mãos de pessoas despreparadas e sem vontade de trabalhar.

Gostou? Então ajude a divulgar esta ideia! Compartilhe no Facebook, Google+, Twitter. Converse com seus vizinhos e cobre de nossos vereadores, nossa prefeitura e principalmente, cobrem do consorcio Pró-urbano! Afinal quem o mantem são vocês, os usuários do sistema.

Esta publicação fica por aqui. Obrigado e até a próxima postagem!

Um comentário:

  1. Muito bom !

    Mas eu acho que o ponto tem que ser ao contrário do que você propôs, com recuo da guia, justamente pro motorista ter onde enfiar o carro, pros automóveis se tocarem que não devem parar ali e o ônibus atrapalhar menos o trânsito.

    O seu conceito do ponto ficou sensacional !

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